segunda-feira, 7 de março de 2022

Resenha #225 - Parthenon Místico (Eneias Tavares)


"Parthenon Místico" de Eneias Tavares é a sequência que tanto aguardava para "Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison" do já longínquo ano de 2014. O mundo de Brasiliana Steampunk tem tudo que um bom livro Steampunk precisa: uma estética apurada, cheia de charme, tecnologia a vapor, ação e personagens cativantes. A sequência, que na verdade é uma prequela, acompanha o grupo chamado Parthenon Místico, quinze anos antes dos eventos narrados em "Lição". Grande parte dos personagens criados e adaptados ao mundo a vapor estão lá. Dr. Antonie Louison e Beatriz de Almeida e Souza, entre os criados por Eneias e os retirados de obras clássicas, Solfieri (do Noite na Taverna de Alvares de Azevedo), Bento Alves, Sérgio Pompeu (d'O Ateneu de Raul Pompéia), Dr. Benignus (do livro homônimo de Emílio Augusto Zaluar), Vitória Acauã (dos Contos Amazônicos de Inglês de Souza) estarão ao lado de Giovani (personagem de Apeles Porto Alegre), Aristarco (também d'O Ateneu) e até de uma misteriosa aparição d'O Aleph de Jorge Luis Borges.

Na história, acompanhamos os primeiros momentos da criação do Parthenon Místico, grupo de insatisfeitos anarquistas que se veem obrigados a enfrentar a Ordem Positivista com planos de dominação que os colocam em choque com nossos heróis. Como no livro anterior, a narrativa é construída através de relatos dos diários, digo dos noitários, dos personagens, também de relatórios, transcrição de áudios e notícias. Porém quem assume um protagonismo desta vez é Sérgio Pompeu, que traz o primeiro relato de quando recebeu uma carta de um antigo colega do Ateneu, Bento Alves para vir a Porto Alegre. Sérgio que se sentia sem lugar no mundo aceita o convite e entra para o Parthenon Místico, e já tem de encarar suas primeiras aventuras com o grupo.

Minhas expectativas com relação a continuação eram as mais altas possíveis e elas foram totalmente atendidas. Obviamente meu apego ao mundo criado pelo autor facilitou que eu gostasse do livro, mas ele definitivamente não é apenas uma aventura boba e estética vazia. O livro está embebido de rebeldia, sabendo combinar o lado aventuresco e folhetinesco sem tornar seu aspecto rebelde em algo caricato. 

P.S. - Como se não bastasse tudo isso, o livro tem suportes gratuitos para ampliar o mundo abordado nas duas obras. Acessando o QRCode no fim do livro ou aqui o leitor tem acesso a audidramas e histórias em HQ virtuais, e informações sobre outras mídias que compartilham o universo criado pelo autor.

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