segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Resenha #145 - Eu, Robô (Isaac Asimov)


"Eu, robô" é um clássico de Isaac Asimov, ao lado de "Fundação" e "O Homem Bicentenário", são obras que se recomenda tranquilamente para quem nunca leu Ficção Científica. Lançada nos anos 50, é aqui que Asimov define e exemplifica ao longo das histórias o que são as três leis da robótica, para que foram criadas e como podem ser burladas. Tudo entorno deste livro é bastante conhecido mas a ideia aqui é ajudar o possível leitor que nunca leu esse livro, sem spoilers. Vamos começar pelas três leis da robótica, pois é através delas que todos os dilemas de cada conto são embasados:
  1. um robô não pode ferir um humano ou permitir que um humano sofra algum mal.
  2. os robôs devem obedecer às ordens dos humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a primeira lei.
  3. um robô deve proteger sua própria existência, desde que não entre em conflito com as leis anteriores.
No futuro imaginado por Asimov essas leis protegeriam a humanidade do que ele chama de "Complexo de Frankenstein", ou seja, uma pré disposição das máquinas a se revoltarem ou dos medo dos seres humanos de uma revolta. Sendo assim, essas leis são um dispositivo que permitiria que os robôs fossem sempre aliados dos humanos. Para explorar essas leis, os nove contos nos mostram como essas leis se comportam na lógica dos robôs. Os contos são histórias que podem ser lidas separadamente, mas aqui são permeadas pela visão da Dr. Susan Calvin que concede entrevista para um jornalista. Como nem tudo são flores, a construção da personagem é bastante pobre, como em geral são os personagens humanos do livro, pois servem apenas como vozes e peças do quebra-cabeças lógicos entorno dos robôs. O que encontra uma saída válida com a dupla de detetives, Greg Powell e Mike Donavan, que são um alívio cômico, mas para Susan é uma visão pobre da mulher cientista como destituída de qualquer feminilidade, como se as duas coisas não pudessem andar juntas e/ou como se a inteligência não possa ser uma forma de tornar a mulher atraente por si. É uma contradição interessante colocar alguma profundidade em robôs e fazer humanos robotizados e rasos.

A primeira história é "Robbie" que conta de uma amizade entre um robô, dos primeiros a serem vendidos para servir de companhia, e a pequena Glória. A amizade dos dois é ameaçada pela desconfiança da mãe com a tecnologia dos robôs. É uma história com mais apelo emocional que uma exploração das 3 Leis e quem já viu filmes de amizade na Sessão da Tarde não vai ver muita diferença. Depois temos três histórias com a dupla de agentes da US Robôs, Greg Powell e Mike Donavan. "Brincando de Pique" se passa em Mercúrio onde eles estão presos em uma instalação de mineração, enquanto Speedy está em um nó lógico sem conseguir voltar para a base. Os agentes, munidos do seu conhecimento das 3 Leis e criatividade, tem que tirar Speedy dali antes que torrem no sol escaldante do planeta. "Razão" se passa em uma estação de conversão de energia quando o robô-administrador Cutie se recusa a aceitar a autoridade deles alegando que não existe nada fora da estação orbital. Em "Pegue o Coelho" eles estão em um asteroide minerado pelo robô Dave e seus ajudantes, mas vem sofrendo apagões sem motivo aparente e mesmo Dave sendo colaborativo com a dupla.

"Mentiroso!" é uma história do inicio da carreira de Calvin e conta sobre Herbie, um robô que lê mentes e desafia as capacidades de Susan e os principais diretores da US Robôs, empresa pioneira na fabricação e desenvolvimento da robótica. Em "Pequeno robô perdido", Susan Calvin volta a encarar um problema com robôs, aqui ela tem que encontrar um robô da série Nelson 10 que fugiu de uma base espacial e pode se tornar uma grande ameaça pois suas Leis fundamentais foram alteradas para fins militares. "Fuga!" começa com Susan Calvin sendo chamada para lidar com um cérebro robô de uma concorrente, que se destruiu por entrar em conflito ao receber a missão de construir uma nave com capacidade de dobra. Quando Susan consegue convencer o robô a planejar e construir a nava, cabe aos agentes da US Robôs, Greg Powell e Mike Donavan, serem os pilotos de teste mas a nave tem comportamentos que fogem a compreensão de Susan e dos outros especialistas. Em "Evidência", O dr. Lanning e Susan Calvin são pressionados pelo político Francis Quinn a investigar seu concorrente Stephen Byerley, alegando que este seja um robô. Contudo, mesmo com a cooperação de Byerley, os fatores políticos prometem complicar tudo. Encerrando o livro, o conto "Conflito Evitável" se passa anos depois quando Calvin e convidada por Stephen Byerley a resolver um problema com robôs administradores que aparentemente apenas Byerley está enxergando.

As histórias podem ser lidas individualmente, mas são organizadas e entremeadas por trechos que conectam todas as histórias e as organiza de forma cronológica de forma que vale a pena ler do início ao fim. Se você gosta de histórias cheias de engenhosidade e tramas instigantes, o livro é mais que recomendado.    
 
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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Resenha #144 - Glória Sobria (Roberto de Sousa Causo)


"Glória Sombria", foi lançado em 2013 pela Devir, é o primeiro livro do universo de Space Opera de Roberto de Sousa Causo chamado Galáxis onde se passam várias histórias do autor, inclusive o autor mantém um site sobre o universo Galáxis http://universogalaxis.com.br/. Este não foi o meu primeiro contato com esse universo, pois o autor tem uma noveleta, "Trunfo de Campanha", na coletânea Assembléia Estelar que reuniu contos que abordassem a política. 

Em Glória Sombria acompanhamos o mesmo protagonista, Jonas Peregrino, um combatente de elite do século XXV que luta pelas forças de uma região equivalente a América Latina (ELAE) que junto com outras três regiões, representam a humanidade em franca expansão espacial. Peregrino é convocado pelo Almirante Túlio Ferreira para liderar um novo grupamento para enfrentar os Tadais, alienígenas hostis que vem travando uma guerra contra as forças humanas e seus aliados na galáxia. Peregrino é incumbido de formar uma força de elite que consiga achar uma forma de vencer os aparentemente invencíveis Tadais. Além do inimigo em combate, peregrino vai encontrar desafios políticos por todos os lados pois ao contrário das muitas histórias de Space Ópera, não há nenhuma Federação, como em Star Trek, que aglutine os interesses humanos num governo mas muita politicagem e jogo de interesse. Esperava encontrar ação frenética por ser um livro curto e que não haveria espaço para muita coisa além disso, mas o livro diverte pela construção do cenário e as engrenagens políticas que dão uma boa profundidade ao universo. Quando comentei sobre a noveleta, Trunfo de Campanha, mencionei que ela me desagradou pois o autor não suavizou o cenário ou o colocasse em uma obra maior, e Glória Sombria é essa obra maior e conseguiu deixar tudo mais interessante. Contudo, o livro é como um episódio piloto de algo mais longo mas bom o suficiente para me fazer procurar mais pelo universo. Por sinal já tenho o outro livro para continuar acompanhando, "Shiroma: a matadora ciborgue".
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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Resenha #143 - Nas Nuvens: Um conto para tempos sombrios (Fábio Fernandes)

"Nas Nuvens: Um conto para tempos sombrios", é um conto publicado em 2014 no quinto livro da série "Sagas: Revolução" e em formato digital pela Amazon em fevereiro deste ano. E o conto faz jus aos tempos sombrios que menciona no subtítulo, agora parecendo quase premonitória, por mais que a piada de mal gosto que se tornou o Brasil, já fosse um tipo de tragédia anunciada. 

Acompanhamos o protagonista que é chamado apenas de subversivo enquanto é torturado por agentes do Estado da novíssima República Teocrática do Brasil. A angústia da tortura é alternada por momentos da vida do subversivo que o levaram até ali. A tensão da iminência da tortura é tão angustiante quando o ato em si, tomando toda a narrativa pela tensão. O final ainda nos reserva uma boa revelação. Vale a leitura!

Foi o primeiro conto da minha Corrida Kindle 2020!

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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Resenha - Revista Peryc, o Mercenário n°3


A terceira edição de Peryc, mostra como a revista evoluiu. É bacana ler as continuações de novas histórias e ver o personagem desbravar várias regiões do mundo. Na primeira história, "O Aventureiro" a saga de Peryc na áfrica continua com a aliança do mercenário com a princesa que luta para assumir o trono de um usurpador. Em seguida mais um texto que continua o levantamento de todas as publicações de Conan no Brasil. "A Besta" é uma história de uma única página envolta de duas páginas de ilustrações que mostram várias versões de Peryc. "Sob o sol dos Abutres" é a história que mais gostei do personagem. A começar pelo traço de Sandro Andrade, e pelo texto que carrega uma violência que combina com a ação que ele desenvolve na história. A história é apenas o encontro de Peryc com três soldados violentos que depejam ódio racial pela origem indígena de Peryc que não deixa por menos quando os derrota. Segue mais um texto sobre Conan, agora falando sobre sua presença em ouras mídias. "O Preço da liberdade" é a terceira parte da saga iniciada em Rumo a Pedras Negras, onde Peryc foi pego em uma armadilha pelos mercadores e agora tem que se livrar de seus captores. A história faz um debate bom sobre a liberdade. Encerrando o número, "Fogo e paixão" mostra Peryc e Splinter sobrevivendo ao frio dos pampas. A única coisa que posso acrescentar ao que já disse sobre a revista é que espero ansiosamente pelo próximo número!
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