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terça-feira, 24 de março de 2020

Resenha #125 - Trilogia REQU13M (Lídia Zuin)



A trilogia REQU13EM é o conjunto de três noveletas que expandem as aventuras da hacker Lynks, sendo a primeira "Deus sonha o homem", narrando eventos antes do conto Dies Irae, enquanto as outras duas partes, "O homem sonha a máquina" e "A máquina sonha deus" dão continuidade ao conto original. Apesar de serem três novelas separadas, elas são mais coesas juntas que como partes separadas, principalmente as duas últimas. Espero que todo esse material seja lançado como um dia como um romance, pois é a forma que acho que me agradaria e seria mais justa de ver publicado. 

Em "Deus sonha o homem" Lynx aceita um trabalho no melhor estilo cyberpunk, para manter seu estilo de vida hedonistamisterioso e perigoso o suficiente para ser uma cilada. A narrativa mantem a linguagem seca mostrando não apenas a podridão dessa sociedade mas como afeta a percepção do real por conta do uso de Realidade Virtual que não se diferencia muito do uso das drogas, pois ambas são formas de alucinação sendo a do ciberespaço, consensual. Outro aspecto que chama a atenção é a constante de artificialidade que cerca a protagonista, desde que Lynx sai(?) do ciberespaço até o consumo dos alimentos análogos aos originais. A história aumenta a velocidade até ser quase tão frenética quanto o conto original levando a uma boa revelação no final.

Na segunda parte, "O homem sonha a máquina", se passa logo após os eventos do conto Dies Irae. A história logo abandona o ritmo frenético de fuga do conto e passa ao investigativo. Lynx encontra o mesmo homem misterioso da primeira parte, que pede ajuda para investigar uma série de assassinatos cometidos contra um grupo de tecnognósticos. Na terceira e última parte "A máquina sonha deus", Lynx retorna a investigar os assassinatos, mas o verdadeiro enigma tem mais a ver com o destino do homem misterioso e das irmãs que a mantém segura. A conclusão da saga de Lynks leva para caminhos que exploram o aspecto teológico da visão gibsoniana do ciberespaço como alucinação coletiva, mas ao invés da cosmologia do vodum caribenho temos a budista.

A leitura é bem recomendada para quem gosta do cyberpunk, principalmente quando os elementos teológicos estão envolvidos. A escrita é carregada da aspereza e ambienta de forma intensa o mundo cyberpunk que pode ser em qualquer grande centro urbano.
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terça-feira, 17 de março de 2020

Resenha #124 - Dies Irae (Lídia Zuin)


"Dies Irae" é um conto de Lídia Zuin, uma das poucas escritoras que além de escrever, também pensa o cyberpunk no Brasil, através de textos e seu trabalho acadêmico, tornando-se assim uma das referências no assunto. Publicado pela primeira vez na revista Imaginários da Editora Draco em 2010, e depois em e-book em 2012, o conto é uma corrida frenética da hacker Lynx que foge de uma gangue perigosa após ter divulgado arquivos secretos cheios de filmes snuff colocando sua cabeça a prêmio.

O ponto forte do conto é a qualidade da narração que é seca, visceral e pinta muito bem a severidade desse mundo e faz questão de andar pelas suas partes mais sujas. A influência de William Gibson é bastante evidente, tanto que o conto poderia muito bem se passar no Sprawl. O conto não se preocupa em desenvolver uma história completa, ficando como uma pincelada desse mundo. Este cenário mudou no ano seguinte com a publicação de três noveletas que abrangem essa paisagem cyberpunk contando momentos antes de "Dies Irae", na primeira história e momentos após nas outras duas, formando a trilogia REQU13M.

Para saber mais sobre esse conto, recomendo além da leitura do proprio, a resenha do blogue Cyber Cultura!
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