segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Resenha #159 - Feiticeiro de Aluguel: Bruxo Tutelar + O Chamado de Cleiton (Jean Gabriel Álamo)




Hoje vamos falar de dois contos da série "Feiticeiro de Aluguel", lançados depois do conto de estreia do personagem "Noite em Neon" e do romance "A Serviço de Exu". Os contos são: "Bruxo Tutelar" e "O Chamado de Cleiton".

"Feiticeiro de Aluguel: Bruxo Tutelar" é a terceira aventura do Bruxo Iago Lima. Retornando a forma mais curta de conto neste episódio se passa após "A serviço de Exu" e neste conto ele tem de enfrentar uma entidade invocada de maneira errada por uma menina desesperada pela violência sexual que sofre de sua família tradicional evangélica. Quando Iago é contratado para averiguar as coisas elas já estão fora de controle e ele tem de enfrentar um inimigo poderoso. Os temas abordados de forma crua mantem a mesma pegada da aventura anterior e deixa o leitor que já gostou das primeiras histórias de ler muito mais sobre o bruxo - bruxo, não feiticeiro, porra!

"Feiticeiro de Aluguel: O Chamado de Cleiton" é a quarta aventura do Bruxo Iago Lima. Aqui Iago é contratado para um trabalho em Piúma, uma cidade praiana no Estado do Espírito Santo, por um pai que desconfia de atividades ocultistas do filho que traduz escritos de H. P. Lovercraft. Iago rapidamente descobre o perigo de evocar monstros reais da mente de um racista. O autor trabalha muito bem o aspecto problemático da obra de Lovercraft sem simplesmente "cancela-lo". O conto mantem a forma de evocar imagens fortes e tratá-las com muita naturalidade e maturidade e entregar uma obra fluída, divertida de ler com um personagem cativante! Sobre as histórias de Iago Lima, apenas digo mais uma coisa: manda mais que está pouco!
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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Resenha #158 - A Bicicleta (Roberto Fideli)


"A Bicicleta" é um conto das minhas leituras do Kindle, escrito por Roberto Fideli, que já tem a literatura correndo no sangue mas procura trilhar um caminho próprio. Nesse conto ele segue Bruno, um menino de 12 anos que sofre um acidente de bicicleta e enquanto é levado as pressas ao hospital, começa a ter visões de existências futuras. Uma delas é de Daniel, um piloto de caça estelar que é abatido e resgatado por forças inimigas. O conto consegue aliar o drama da morte e tatear os mistérios do que vem depois, pela reencarnação, com a imaginação que me atraiu tanto na Ficção Científica. O conto é uma pepita de ouro no meio do catálogo de contos do Kindle Unlimited!
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segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Resenha #157 - O Centésimo Sol (Pablo Zorzi)


"O Centésimo Sol" é outra das minhas leituras do Kindle, ainda lendo livros brasileiros de Ficção Científica, buscando nomes pouco conhecidos mas com enredos provocativos e atraentes. Acabei encontrando essa capa em estilo pulp maravilhosa e uma aventura com final surpreendente e parti para a leitura.

Acompanhamos a história de um velho e um garoto que lutam para sobreviver numa terra arrasada pelo calor e pelo esgotamento dos recursos naturais, que obrigam os governantes do planeta a preparar um plano de fuga para uma estrela estável. A noveleta tem 64 páginas, divididas em seis capítulos. Os três primeiros estabelecem o dilema do conto enquanto os outros vão trazer revelações, principalmente o último que quebra várias barreiras e chega a surpreender, ainda que seja um final muito mirabolante (e preso numa moral autopunitiva) mas diverte como numa boa história pulp. Recomendo!
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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Resenha #156 - Feiticeiro de Aluguel: A serviço de Exu (Jean Gabriel Álamo)


"Feiticeiro de Aluguel: A serviço de Exu" é a segunda história do bruxo Iago Lima. Já falamos dele na resenha do primeiro conto da série e agora ele retorna em uma obra de mais fôlego (112 páginas), um livro curto mas muito denso nos temas polêmicos e na violência. O autor aborda de forma desconcertantemente crua e direta passando por cima de qualquer pudor que o leitor possa ter com a suavidade de uma manada de búfalos correndo. A obra pode ser lida em separado dos contos, mas recomendo ler "Noite em Neon" antes e "Bruxo Tutelar" depois, pois é a ordem cronológica.

A história começa quando Iago vai tirar um "encosto ruim" de sua irmã, Cíntia e se vê em meio de uma trama que envolve uma tulpa, um pastor evangélico, um traficante e um terreiro de umbanda. A trama em si, não é complexa mas as relações são contadas ao leitor de forma inteligente, o que deixa tudo instigante. O sistema de magia é esmiuçado pelo autor que escolheu bem onde consegue inserir as explicações. Os personagens são o ponto forte da obra: complexos, profundos, marginalizados e essas características se ligam de modo profundo com a história e os temas pesados que aborda, e vemos isso principalmente no pastor Everaldo.

A intolerância religiosa é abordada na figura do pastor Everaldo e de Dona Geralda, mãe de Iago que não aceita a bixessualidade do nosso herói o que gera um conflito de gerações e crenças extremamente comuns por aqui. Além deste conflito familiar, conhecemos sobre os poderes de Iago dando a complexidade necessária ao protagonista. A maior qualidade na obra é que nenhuma das cenas fortes é gratuita, logo, todas tem alguma função na história e trazer reflexão. Concluindo, essa obra confirma que Feiticeiro de Aluguel é a série que mais me agradou do que pude ler do autor até agora. Recomendadíssimo!
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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Resenha #155 - Os Filhos do Pôr-do-sol (Anna Fagundes Martino)

Uma vez que conseguimos entender o universo criado por Anna Fagundes Martino, as histórias ficam mais sutis. A terceira novela da autora chega até 1947, quando Éamonn Dalaney passa a cuidar da casa da família de Stella, onde cria seus filhos Stíofan e Seaghán, híbridos como a mãe deles. A casa passa a se tornar um hospital psiquiátrico onde ex soldados passam por tratamento, mas agora que a guerra terminou o governo está revendo a necessidade de manter o financiamento que lhes permite cuidar dos soldados. Enquanto isso os filhos de Éamonn, tentam manter o segredo de sua origem do mundo feérico de uma freira que chega para ajudar a cuidar dos soldados.

A escrita continua sendo o ponto forte e a sutileza com que a história é escrita, sem procurar caminho mirabolantes, optando pelo mais reflexivo sobre a natureza fantástica do aspecto híbrido dos seres fantásticos que vivem na casa. A forma como a autora trama a existência do fantástico com o mundo real é muito viva e deixa um leve sorriso nos leitores quando concluímos a leitura. Recomendo! 
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