segunda-feira, 9 de junho de 2025

Resenha #365 O Torneio das Sombras (Fábio Fernandes)

 


"O Torneio das Sombras" é um romance publicado pela AVEC Editora, em 2024. Livro que estava ansioso para ler e quando li foi em poucos dias. Comprei minha edição na Odisseia de Literatura Fantástica em 2024 e já estava louco para passar esse livro na frente dos outros. E foi o que acabei fazendo e não me arrependi.

O livro não é apenas uma tradução da versão em inglês, como é uma ampliação, de uma noveleta publicada originalmente em inglês, chamada Under Pressure. Como eu adoro Steampunk, tinha ficado triste pela Under Pressure não ter saído em português, mas a AVEC não apenas trouxe o livro para o Brasil como também pediu para o autor ampliá-lo. O resultado é uma aventura steampunk que extrapola a característica que mais gosto do subgênero: referências a personagens literários e reais da época Vitoriana.

Acompanhamos January Purcell, uma geóloga que é contratada para uma expedição pelo Dr. Jones. O que está por trás desta viagem? Nada de mais. Apenas a existência de uma rede de espionagem que usa sonhos para influenciar a história, ou melhor dizendo, as histórias. January é uma oneironauta, uma pessoa capaz de viajar pelos sonhos, acessando outros universos e versões de si mesmo. A jornada de aprendizagem da protagonista nos conduz pela ideia do universo que o Fábio criou e não tem como não se empolgar, se você gostar da proposta, nesse ponto talvez eu não seja a melhor pessoa para tecer uma crítica para esse livro por já ter gostado tanto antes de ler e mais ainda após ler. Poxa vida, tem David Bowie na história, uma linda homenagem e um baita uso dele na trama. Não é só um fan service.

O mundo que o Fábio criou, a ideia do oneironauta, já tinha trabalhado nisso em outra obra sua, mas de forma mais cômica e absurda em Oneironautas (com Nelson de Oliveira) e antes disso no conto Charlotte Sometimes. Contudo, a brincadeira com o livro como um universo alternativo a ser explorado pelos oneironautas é criativa e poética em si, afinal a imaginação e os sonhos bebem da mesma fonte e uma base muito fértil para várias histórias. Uma forma muito bonita de ver a arte do escritor e somando isso a homenagem a arte do cantor David Bowie, transformam esse livro em uma carta de amor a arte. Sem deixar de ser uma aventura divertida de ler. 



Leia Mais ››

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Resenha #364 Babel-17 (Samuel R. Delany)

 


"Babel-17" é um romance que veio publicado junto com Estrela Imperial pela Editora Morro Branco naquelas edições que você vira a contra-capa e encontra a capa do outro livro. Como são obras do mesmo autor, mas não são complementares vou publicar uma resenha de cada vez. Já publiquei a resenha da outra parte aqui

Babel-17 ocupa 274 páginas da edição. Nela acompanhamos Rydra Wong, uma linguista experiente que foi convocada pelas Forças Armadas para traduzir uma língua falada pelos membros dos Invasores, uma liga de raças inimigas da Aliança. Rydra tem dons praticamente telepáticos que a ajuda a decifrar idiomas complexos mas para esta missão ela precisa explorar o espaço para contextualizar a Babel-17. Então, Rydra junta uma tripulação de desajustados e parte espaço a fora. Contudo, as Forças Armadas tem pressa pois entender pois vários atentados aconteceram e a unica pista foram mensagens nessa língua estranha.

O tratamento que o autor dá a linguagem como forma de entender um povo, me remeteu diretamente a Os Despossuídos de Úrsula Le Guin. Há cenas muito bacanas dela explicando a complexidade de Babel-17 primeiramente pela falta de similaridade com as línguas humanas e mais para frente pela proximidade com linguagens artificiais. A capacidade da língua de, não apenas tornar a realidade de quem a fala compreensível, mas também se torna um poder capaz de impactar a realidade, me lembra a obra de Philip K. Dick. Isso me aproximou muito da obra. Nos capítulos finais, exceto o último, entramos numa espiral de experiências que chega a tornar a coisa toda confusa. O que não é necessariamente ruim. Quanto ao desfecho ele explica todas as dúvidas, talvez explicado demais. De qualquer forma não foi uma leitura que se segura pelo final, mas pela viagem linguística e filosófica em Babel-17. Uma obra que me agradou bastante.

Um adendo, achei muito engraçado quando citam a noveleta "Estrela Imperial" como um livro que alguns personagens de Babel-17 conhecem e já leram.
Leia Mais ››

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Resenha #363 Voltas ao redor do sol 2024 (Rubens Ângelo org.)

 


"Voltas ao redor do Sol - 2024" é a segunda antologia organizada por Rubens Ângelo para o Clube de Leitores de Ficção Científica, sendo a anterior "Voltas ao redor do Sol", que por sua vez é uma homenagem a "10 voltas ao redor do Sol" que foi a primeira antologia organizada pelo CLFC, para comemorar os 10 anos da entidade. Felizmente Rubens não esperou chegar aos 40 anos para colocar em prática a retomada do projeto de lançar antologias para comemorar e agitar as coisas no CLFC.  Esta edição de 2024, comemora os 38 anos da entidade mais tradicional da nossa amada Ficção Científica e tive a satisfação de participar com um conto, que é uma história alternativa da Guerra dos Farrapos, mas antes disso pretendo falar um pouco sobre cada conto em separado.

Eutanásia (David Machado) se passa em um julgamento num tribunal onde a figura do réu, vítima e defensor se confundem enquanto lida com ataques de um promotor impetuoso. O autor demonstrou habilidade ao ordenar as revelações enquanto entendemos o caso e nos brinda com um ótimo desfecho. Conto criativo, com um tropo clássico da ficção científica numa roupagem "tribunal".

Neutrino (Ricardo Labuto Gondim) fez algo muito difícil: me agradar com histórias de viagem no tempo. Conta sobre um homônimo que entra em parafuso ao descobrir homônimos atuando na história da música clássica ao longo do tempo. O final é uma sacada genial.

O Aparelho (Walter Cardoso) em pouco espaço traçou um quadro poderoso de uma sociedade em colapso. Acompanhamos, um sujeito que se apresenta pela sua tipagem, é um gama, que nota sua rotina desmontar-se em sua frente mas buscando auxílio no Aparelho, que promete fornecer todas as respostas, tornando nosso protagonista incapaz de ver o mundo ruir ao seu redor. O conto termina abruptamente, como uma última pincelada neste quadro de horror na vida do sujeito.   

Placebo Quântico (Ludmila Hashimoto) conto que começa como um casal de namorados em um impasse sobre o destino de um animal de estimação, que ganha ares de loucura que escalonam em níveis cada vez mais lisérgicos. Gosto da coisa philipkdickiana que joga explicações científicas que explicam um fenômeno mas deixam os personagens cada vez mais longe de compreender o que acontece, exceto Baleia. Essa parece que entendeu tudo. Achei sensacional a tensão crescente nos diálogos. Alias o humor tragicômico é um tempero da autora que deixa o conto melhor do que parece. 

Tenório perde Sua Alma (Davenir Viganon) foi minha participação nesta antologia. O título faz uma referência ao clássico de Tabajara Ruas Neto perde sua alma, onde o general se fere na Guerra do Paraguai e relembra seu tempo de farrapo, assombrado pelos seus soldados subordinados Caldeira e Milonga. Minha história também é de arrependimento, onde temos Tenório, um Lanceiro Negro que conta em uma carta para seus filhos o motivo de tê-los abandonado. É uma história alternativa do Massacre de Porongos, onde os massacrados não foram os Lanceiros Negros. O conto é parte de um projeto maior, que também engloba outros contos.

Pupilas Douradas (Luíz Bras) é um conto que já havia lido em seu Symetrias Dyssonantes, onde comentei que "é um diálogo/entrevista com o desenvolvedor de um app que coloca uma IA para nos simular e poupar-nos de certas interações sociais que tanto evitamos. Como é de se esperar nem tudo vai como programado, até porque o programa passa a se controlar. É a primeira dose de ironia dessa vida conectada."

Últimas Travessias (José S. Fernandes) conto com uma histórias simples de conflitos de geração agravados pela tecnologia. No caso, temos o jovem Irtio que vive em Lunacar, um planeta que a humanidade colonizou, que deseja conhecer a Terra e outros planetas, mas seu pai se mantem ferrenhamente contra. Temos um conto dramático narrado com muita sensibilidade.

Boneca Denden, feliz quem a tem (Tibor Moricz) publicado anteriormente na sua coletânea Filamentos iridescentes, temos um conto característico do estilo do Tibor. Pós-apocalíptico, provocativo em relação a religião e sem freio quando choca o leitor. Gosto muito do estilo que tem muita força no seu livro Fome (resenhado no blogue) e aqui, esses temas são tratados com mais melancolia pela personagem principal ser uma boneca que vive com vários outros brinquedos tecnológicos, abandonados após uma provável extinção da humanidade. Esses brinquedos passam por um ritual que promete levá-los a uma terra prometida onde poderiam ser de carne e osso. O desenvolvimento do conto é de uma tensão crescente e o desfecho sensacional.

Eu sou eu (Juliana Vicente) conto curto, que conta a evolução de uma entidade narrada pela perspectiva dela, e a graça é tentar identificá-la enquanto mergulhamos no seu modo de ver o mundo. Lindo conto.

Sonhos, Discursos & Cronotransições (Gerson Lodi-Ribeiro) conto cheio de metalinguagem sobre um autor que tem sua mente levada para o futuro, enquanto recebe o Premio Argos de 2027, e é incumbido de uma missão para salvar a humanidade. O conto busca o caminho mais fofo, ao invés de uma ação sisuda e acredito que a escolha foi bem acertada. Conto leve e gostoso de ler, como um filme da Sessão da Tarde, no bom sentido.

C'mon Teletubby, teleport us to Mars! (Gabriel Carneiro) com uma escrita muito fluida, mesmo com parágrafos enormes, o autor consegue contar uma história engraçada de uma moça que só queria viajar o mundo sem gastar um rim e resolve construir uma máquina de teleporte. Brincando com os tropos da ficção científica e não contra eles, o autor trouxe uma peça de humor que refresca a nossa ficção científica.

A morte de César (João Ventura) em pouquíssimas palavras o autor contou uma história engraçada e com uma discussão historiográfica bem válida.

O Nevoeiro (Ursulla Mackenzie) Adoro histórias epistolares, ou seja, que são compostas de uma carta ou narrativa escrita de um personagem. No caso, um navio que cruzou por águas proibidas

Os dois livros (Marcelo Bighetti) conto divertido que brinca com as teorias da conspiração envolvendo grandes inventores do século passado, Alberto Santos Dumont e Nikola Tesla, que alegam que foram mortos por causa das consequências de duas invenções. Como aventura o conto desempenha seu papel em divertir.

Mycelisis (G. G. Diniz) conto curto mas que consegue elevar a tensão enquanto descobrimos o que está acontecendo. Difícil falar mais sem, talvez, estragar a experiência.

p.s. deixei a resenha de número 365 justamente para um livro que se chama Voltas ao redor do sol. :D
Leia Mais ››

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Oficina Escrevendo Outros Brasis, inscrições abertas!

 


Participe da primeira oficina literária voltada para produção de contos de ficção científica cyberpunk. Contos produzidos podem entrar na próxima antologia da Editora Caligo*, que se chamará Outros Brasis Cyberpunks. Aulas on-line (gravadas) e acompanhamento para produção de contos para a escrita e copidesque. Temos 5 bolsas para pessoas negras e lgbtqiapn+**

As aulas são gravadas, ministradas por um time de peso.

  • Davenir Viganon, organizador de duas antologias finalistas do Prêmio Argos e da próxima antologia de ficção científica da Editora Caligo.
  • Ricardo Celestino, professor de literatura e psicanalista. Vencedor do Prêmio Argos de Melhor Romance e Melhor Conto. Autor de “Banho de Sol” e “Até que a brisa da manhã necrose teu sistema”.
  • Dr. Walter Lippold, professor de história e autor (com Deivson Faustino) do best-seller da Boitempo “Colonialismo Digital”.

Inscrições abertas até 08/03/2025 através do e-mail oficinaoutrosbrasis@gmail.com (envie nome completo, nome artístico, número de whattsapp para contato e e-mail para contato). Cerca de 5hs de conteúdo de aulas.
Disponibilização das aulas on-line dia 09/03/2025.
Valor da inscrição: R$ 70 reais (pagamento a vista por pix).
Dúvidas e informações também pelo email: oficinaoutrosbrasis@gmail.com

* dependendo da capacidade física da edição impressa.
** declare sua condição e intenção de receber bolsa integral no momento da inscrição.

INSCREVA-SE POR AQUI PARA PARTICIPAR DA OFICINA ESCREVENDO OUTROS BRASIS: CYBERPUNK.



Leia Mais ››

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Resenha #362 Estrela Imperial (Samuel Delany)

 


"Estrela Imperial" é uma noveleta que veio publicada junto com Babel-17 pela Editora Morro Branco naquelas edições que você vira a contra-capa e encontra a capa do outro livro. Como são obras do mesmo autor, mas não são complementares vou publicar uma resenha de cada vez. Afinal, nem em sequência li ambos os livros.

Estrela Imperial ocupa 120 páginas da edição, é o que podemos considerar uma noveleta, e ela acompanha Cometa Jo um jovem que vive em um planeta distante do centro de expansão colonial da humanidade. Equivalente a um jovem matuto da roça que se mete em uma aventura na cidade grande. Isso acontece depois que uma nave cai e o único sobrevivente tem de se transformar em uma pedra parecida com uma joia para sobreviver. O outro sobrevivente, antes de morrer, dá uma missão a Cometa Jo para levar uma mensagem, através do alienígena/pedra até a Estrela Imperial. Assim, começa uma aventura narrada pela pedra que vê e ouve tudo, mas não pode conversar sem que lhe dirijam a palavra mas como ninguém sabe que ele não é só uma pedra, o autor usa como narrador.

Em meio as aventuras, eu gostei de como o autor usa a questão da linguagem na história. Os termos usados pelo "caipira" Cometa Jo e sua falta de jeito com conceitos usados fora do seu planeta. Temos uma gradual mudança no personagem pelo seu aprendizado rápido (como é com os jovens) e as revelações muito bacanas que remetem a uma circularidade em vários níveis na história. Personagens que são mentores dele, descobriremos que foram mentorados pelo próprio Cometa Jo no futuro.

Foi um bom livro, mas não o suficiente para quebrar minha regra de não ser dois livros do mesmo autor em sequência. Então até a próxima!
Leia Mais ››

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Resenha #361 A última colônia (John Scalzi)

 


"A última colônia" é o terceiro livro da série Guerra do Velho de John Scalzi. Neste livro há um encerramento da primeira trilogia da série, também dá um encerramento para as histórias de John Perry do primeiro livro e Jane Sagan do segundo livro. Diferente dos dois primeiros livros, não há foco na ação militar, mas no aspecto político numa escala maior, mas sem perder seu aspecto cinematográfico, cheio de boas reviravoltas e sua habilidade de nos fazer virar páginas constantemente.

O livro é narrado do ponto de vista de John Perry, protagonista do primeiro livro, agora aposentado das Forças Coloniais de Defesa, onde vive como administrador de uma pequena colônia ao lado de Jane Sagan e Zöe Boutin, sua filha adotiva. Então esta família irá se mudar para Roanoke uma nova colônia que está sendo criada, mas sob condições inéditas, pois ao invés de formada por colonos da Terra, como era a política da União Colonial, será formada por membros de outras colônias. Contudo quando chegam a Roanoke, descobrem que o planeta era outro do que foi prometido. Apenas a primeira de muitas mentiras contadas pela UC. Perry, Jane e Zöe encontram várias dificuldades em lidar com as ameaças representadas principalmente pelo Conclave, e quem leu os livros anteriores sabe o perigo que esta organização representa para a humanidade.

Gosto das reviravoltas, apesar de algumas serem bem telegrafadas, mostram que a trama é bem dinâmica. Mantêm-se o humor característico da série sem perder a mão, a agilidade na escrita garantem a diversão. Assim, como os livros anteriores, temos um livro ideal para ler na praia pois Scalzi o pega pela mão e o faz dar um passeio seguro por um universo perigoso. Há temas pesados mas não espere um debate profundo sobre eles. O ponto negativo fica para os "lobisomens" nativos de Roanoke que somem quando a trama não precisa mais deles e não são mencionados mais. Contudo, gosto de como o antagonismo Conclave/UC soou como o antagonismo EUA/BRICS, mas nada feito com profundidade mas o bastante para que o leitor faça uma associação simples.
Leia Mais ››

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Resenha #360 Batalha no Setor Vega, Perry Rhodan 10 (K. H. Sheer)

 


"Batalha no Setor Vega" é o décimo livro da série Perry Rhodan. O livro começa três anos após os acontecimentos do livro anterior. Ironicamente, minha leitura deu-se em um bom espaço de tempo entre o número 9 e o 10, onde fiquei quase dois anos afastado da leitura. Contudo, estou de volta para deixar meus dois centavos sobre esta aventura.

A Terceira Potência é teve tempo para se desenvolver e se consolidar. Ainda que já tenha impactado o mundo, não foi o suficiente para unificar o planeta. Apesar disso, tempos uma sequencia considerável no início para mostrar o General Pounder (que treinou Perry Rhodan) impressionado com seus progressos. Maravilhamento interrompido apenas por um alarme no relativamente próximo Sistema Solar de Vega. Rhodan decide investigar, pois acredita que a presença detectada, pode ser uma ameaça a Terra. Assim, inicia a primeira a jornada de Rhodan fora do Sistema Solar.

Esta viagem trouxe, de fato, aquilo que sempre queremos ver ao abrir um livro de Perry Rhodan: uma aventura espacial. A nave de Rhodan, sua tripulação, a exploração de novas formas de vida. São elementos que encontraríamos em Star Trek (relembrando PR é de 1961 e Star Trek 1966). A tripulação da nave auxiliar arcônida Good Hope se vê chegando em Vega em meio a uma batalha de naves de guerra entre os Ferrônios (raça humanoide que habita os plantas 7, 8 e 9 do Sistema Vega) e os Tópsidas (seres bípedes mas assemelhados a lagartos). Os Ferrônios estavam em desvantagem até Perry Rhodan tomar partido pelos nativos e refrear a invasão, até que após uma intensa batalha encontram um cruzador arcônida pilotado por Tópsidas, e se vê obrigado a recuar.

A segunda parte é incrivelmente melhor que a segunda. O gancho sobre o cruzador sob controle tópsida, foi excelente. O ponto baixo, se for citar algum, é a forma como Rhodan é descrito de forma messiânica (como se já soubessem que passariam no número 3000, e não sabiam) e da forma desumanizante como os Tópsidas são retratados, para que fiquemos mais tranquilos em ver a Good Hope estraçalhar naves e mais naves de seres vivos.


Leia Mais ››

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Leituras e Escritas de 2024, e pretensões para 2025.

 


Este ano foi um ano bem fraco em leituras, mas não de leituras fracas. Consegui me dedicar algum tempo a escrita e lançar um dos livros que escrevi. A primeira metade foi onde consegui mais ler. Começando pelos romances: SILÊNCIOS INFINITOS da Nikelen Witter e UM MILHÃO EM MIM do Cirilo Lemos completaram as leituras da Coleção Dragão Mecânico, que gostei de todos os livros. ENTREVISTA COM O VAMPIRO da Anne Rice eu li embalado pela a série do mesmo nome que me encantou demais esse ano. O livro foi melhor que o filme mas a atualização que a série faz melhorou o livro demais. Por fim BANHO DE SOL do Ricardo Celestino foi uma leitura muito profunda e o ótimo livro, ainda que eu goste mais do anterior. 

Foram poucos romances mas consegui equilibrar com a quantidade de livros de contos. APÓCRIFOS DO FUTURO da Romy Schinzare foi um ótimo livro de contos seguindo o mesmo estilo do Contos Reversos com a pegada de "Além da Imaginação". SOBRE FANTASMAS E OUTRAS MEMÓRIAS do Pedro Teixeira foi um dos livros de contos mais coesos que já li. Isso faz com que os contos elevem uns aos outros. O GRITO DO SOL SOBRE A CABEÇA foi um lindo presente do Brontops Baruq e já estava devendo a leitura há um bom tempo e valeu a pena.

Contos, soltos eu tentei manter a sequência de leituras de contos da Revista Mafagafo no terceiro ano. Contudo, só consegui ler dois deles. CORPO ESTAMPADO da Iris Fonseca e CABARÉ EM CHAMAS de H. PUEYO, que foram contos ótimos e ainda quero continuar a leitura em 2025 e finalmente fechar o terceiro ano da Mafagafo. Fora dessa coleção li o SANKOFA da Juliana Vicente que levou o Argos. Além do livro de vampiros da Anne Rice, li COBRA NORATO do Raul Bopp pois é um daqueles livros que estavam na escola onde trabalho e uma tentativa de entrar em contado com a poesia. Gostei bastante e quero repetir a dose em 2025.

Por fim, li algumas HQs independentes. O numero PERYC, O MERCENARIO Nº5 e O MUNDO SELVAGEM DE PERYC Nº1 é uma série que vou acompanhar para me ajudar a escrever a saga que comecei com O DEUS NA LAGOA adaptando o personagem. Mal posso esperar para lançar o segundo livro. Li também os dois primeiros números da HQ CYBERPUNKS, que seque completamente embebida dos estereótipos do subgênero e por isso mesmo divertido.

Quanto a escrita, o ano começou com a escrita do que viria a ser o livro O DEUS NA LAGOA, que foi uma vontade de escrever uma história minha para o personagem Peryc. O dono do personagem, Denílson Reis, o criou para homenagear Conan, e já publicou diversos fanzines e quadrinhos, sempre em colaboração com roteiristas e desenhistas. Como eu não sei roteirizar, tampouco desenhar, decidi fazer uma linha do tempo nova em formato de prosa. Assim, como é a forma original que Conan surgiu, na literatura pulp dos anos 1920/30, trouxe o personagem para esse formato. Buscando criar uma história com ação, monstros, uma musa e algo a mais que me viesse a cabeça e que faz parte do mundo de Peryc. Denílson gostou tanto do resultado que editou o livro que saiu em outubro de 2024. Agora para esse ano, pretendo escrever uma segunda história para o personagem.

Em 2024, escrevi um terceiro livro de uma série steampunk com fantasia (que chamam steamfantasy) que nunca lancei, mas tenho na gaveta pois quero lançar do jeito certo. Quero apresentar esses livros como uma pegada pulp também, onde temos histórias com bastante ação mas com um pano de fundo político e riqueza cultural mais densos. Os personagens vivem em um continente em guerra onde reinos, impérios e repúblicas tentam se equilibrar em uma paz frágil. Em em meio a isso, uma companhia de mercenários percorre esse cenário realizando trabalhos para sobreviver. Se tudo der certo, o primeiro livro fica pronto, e também um jogo de cartas exclusivo (tendo o livro como lore do jogo) que será vendido junto com livro.

Outro projeto é uma outra série steampunk, que tenho publicado em formato de contos. Os primeiros já saíram em anos anteriores. Crime no Mercado Público, na antologia Outros Brasis da Ficção a Vapor; a noveleta A Sombra da Rua do Arvoredo, e no ano de 2024 o conto Tenório perde sua alma, que saiu no Almanaque Gibi do Terror, e na antologia Voltas ao redor do sol (também em 2024). Já tenho um conto pronto neste universo para uma próxima publicação. A série mistura fantasia e ficção científica, se passa num Brasil onde as revoltas conseguiram enfraquecer o Império Brasileiro, gerando novos países. Nela, vamos acompanhar personagens diversos mas que juntas as histórias vão formar uma narrativa só. Quando conseguir juntar todas as histórias e dar algum encerramento ao ciclo dos personagens, pretendo lançar um livro só com elas.

Por fim, espero finalmente lançar a terceira antologia da série Outros Brasis, e encerrar a trilogia com Outros Brasis Cyberpunks, onde várias coisas já estão prontas, mas quero lançar junto com uma oficina que já está praticamente toda gravada. A antologia já era para ter saído há dois anos, mas acho que este ano vai. 

Este um resumo bem chumbrega do que passou e do que pode vir esse ano. Até.

Leia Mais ››

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Resenha #359 Cyberpunks número 1 e 2 (Matheus Iparraguirre)


Cyberpunks é um achado das minhas participações da Gibifest. Escrita e editada pelo Matheus Iparraguirre, é uma saga cyberpunk que tem tudo que se espera de bom cyberpunk típico, que se consolidou na cultura pop, porém passado na cidade hyper tecnológica chamada Tecno-Porto, que um dia foi Porto Alegre antes do Estado como conhecemos ter passado para a inciativa privada, como aliás é quem maior instancia é dona de tudo. Nessa cidade onde a mais alta tecnologia e a pior qualidade de vida convivem num ambiente selvagem, acompanhamos um grupo de quatro insurgentes, o iniciado K'aeveira, a explosiva Metódika, o líder Fumaçento e a misteriosa .Net que fazem parte de um movimento insurgente contra a opressão das grandes corporações, no QG da resistência encontramos os líderes Anárquica e PC. No primeiro número encontramos os nossos heróis em meio a uma missão porém estão em apuros, até que encontram Cerebral, uma ciborgue com ligação direta com a Netrunner, que os insurgentes não conseguem acessar. Após muita confusão e uma fuga da Força Policial, ao chegar ao QG com quase nada dos suprimentos necessários, surge uma acusação que um membro do grupo é um traidor. É aqui, já chegando aos finalmente da edição, que a história começa a engrenar. O primeiro número é bastante introdutório, mas é apressado demais, nem de menos. Cumpre bem a função de nos inserir nesse mundo. Gostei das artes e das fichas técnicas de cada personagem, pois combina com esse mundo onde um bom hacker consegue saber mais sobre sua vida que você.  

No segundo número, com essa capa sensacional, com o símbolo da anarquia, gostei de como a trama avança sobre a figura do possível traidor. Cada membro vigiando outro, acrescentando uma camada de perigo e desconfiança entre os rebeldes mesmo quando vão cumprindo missões quase suicidas. Gostei das aparições de outros personagens menores, que podem aparecer ou não no futuro da história. O vilão que comanda as peças e manipula todos a sua volta e até a si mesmo, promete ser muito forte pois parece ser modificado geneticamente. Se você quiser dar uma chance para essa revista, acesse o Portal Entretenimento, onde há como apoiar o próximo número e adquirir os já publicados, em forma física e digital.


                     

Leia Mais ››

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Resenha #358 O Mundo Selvegem de Peryc nº1 (Denílson Reis)


O Mundo Selvagem de Peryc, O Mercenário é a nova revista do personagem que chega em um formato aprimorado. Tamanho grande e 20X28, em 18 páginas indo direto ao ponto. Temos uma única história roteirizada por Denílson Reis, artes de Hélcio Rogério e Letras de Anderson ANDF. As artes do Hélcio ficaram ótimas em tamanho ampliado pois trabalha muito bem com os contrastes em Preto e Branco, deixando tudo mais intenso. A história é a de uma emboscada feita por bandidos contra Peryc e uma misteriosa acompanhante feminina que o salva no momento mais difícil, contudo algumas falas dos bandidos deixam em aberto que as intenções deles eram maiores que simples banditismo, mas já são o suficiente para mostrar que essa revista não está para brincadeira. Já estou muito ansioso pelo próximo número!

Leia Mais ››

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Resenha Revista Peryc, o Mercenário nº 5


Peryc, O Mercenário número 5 é o fim de uma jornada para nosso herói dos pampas gaúchos, pois é o último número da revista. Com ela encerra-se com duas histórias o o arco de "Rumo a Pedras Negras" escrito por Gervásio Santana e desenhado por Ícaro Maciel, na Parte 5 e Maurício Lima na Parte 6. Na parte 5, chamada Quando cai a máscara, vemos Peryc em sua fuga pela sobrevivência enquanto é perseguido pelo lacaio do regente de Pedras Negras, que por sua vez está em busca de Argenta sua concubina que está sendo protegida por Peryc, contudo uma série de revelações mudará os rumos de Peryc. Foi uma história muito bacana que ajuda a moldar o caráter do nosso herói tornando-o mais duro. O reflexo dessa mudança já vemos na última parte, chamada Cilada Mortal. Nela temos muito mais ação e acompanhamos tudo pelo traço sensacional de Maurício Lima, que fez as ilustrações do livro O Deus da Lagoa, a primeira novelização de Peryc. Voltando a Cilada Mortal, Peryc finalmente chega a Pedras Negras e encontra uma cidade pequena, onde a desonestidade é a norma, contudo nosso herói é teimosamente leal ao seus princípios o que leva a um confronto muito bem desenrolado. Por último há uma historieta de uma página com a aparição da Maga da Profecia, personagem de Jerry A. Souza,  

Temos um desfecho que não encerra a história de Peryc, mas que traz um fechamento digno ao personagem neste universo. Digo isso pois o fim da Revista Peryc, O Mercenário é apenas o começo de muitas aventuras que estão por vir. Primeiro pois foi lançada O Deus da Lagoa, a primeira novelização do personagem que apareceu apenas em HQs independentes, mas a principal novidade advinda do fim da revista é a chegada de O Mundo Selvagem de Peryc, que traremos no blogue. 

Leia Mais ››

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Resenha #357 Almanaque Gibi do Terror Nº 2 (Denílson Reis e Paulo Kobielski)


O Almanaque Gibi do Terror chega ao número dois como uma publicação muito aguardada no meio independente. A edição é do CAQ (Coletivo Alvoradense de Quadrinhos) capitaneado pelo Denílson Reis e pelo Paulo Kobielski, ambos já agraciados com o Troféu Paulo D'Agostini de melhor Fanzine e essa publicação é aquele passo a mais, é uma publicação independente mas cada vez mais com cara de profissional, afinal tantos anos de experiência se manifestam nesse numero e a qualidade das contribuições cresce como consequência. 

Parece pouco humilde da minha parte falar de que as contribuições estão melhores, pois participei em ambas as edições, com contos. Na edição anterior, publiquei um conto sobre múmias no esçao, agora o tema é vampiros e trouxe o conto "Tenório perde sua alma" que está no mesmo universo steampunk que o conto "Um Crime no Mercado Público" e da noveleta "A Sombra da Rua do Arvoredo". O conto é uma carta de um pai para os filhos onde conta sua participação numa Guerra dos Farrapos de uma forma que você nunca viu pois é uma história alternativa.

Agora falando da publicação como um todo, não são todas as histórias exatamente sobre vampiros. Acredito que os editores se preocupem em trazer bons conteúdos, dando preferencia pelos que abordem o tema da edição mas não impondo como condição. Isso ajuda nas histórias de mistério pois nem sempre o mistério é sobre vampiros. A organização ficou muito boa, alternando entre conteúdos de quadrinhos e conteúdos escritos, começando com Não mexa com quem está quieto uma HQ com um traço simples (parecido com Meninas Superpoderosas?) mas numa história cruel de dois caçadores na floresta procurando a lendária Cobra Norato, quando ninguém menos que o Curupira aparece para azedar a caçada. O primeiro conto é o meu, Tenório perde sua alma, que já falei no início. O hábito faz o monge é uma curta HQ de um garoto que acha uma roupa de vampiro, com máscara e tudo. Enquanto mortes misteriosas acontecem a sua volta. O soldado e o vampiro, de Eduardo Alós temos, nesse conto, o encontro infortuito de um soldado gaúcho recém chegado dos horrores da Guerra do Paraguai decide buscar abrigo num casarão misterioso. O primeiro na fila é uma HQ muito fofa sobre um idoso que aguardou 8 dias para comprar seu novo jogo de vídeo game sangrento e divertido. O final é cruel mas ainda assim achei tudo muito engraçado. Acho que foi o traço que trouxe uma leveza para tudo, mesmo sendo bastante elaborado. A mansão etérea de Duda Falcão, é um conto bastante curto mas que consegue nos colocar no clima de casarão muito rápido. Nas tuas longas pernas procuro a paz que jaz no quarto contíguo ado seu túmulo é uma HQ incrivelmente bem desenhada, não apenas pelo realismo, mas pelas expressões e movimentação dos personagens. O roteiro é simples mas bem feito e a crueza é bem vinda numa história de horror, que nada tem de fantasioso. Pela estrada deserta de Silvio Ribeiro, é outra HQ, mais curta, simples e bem feita. Temos um jovem casal que busca um Motel para passar a noite (é para dormir, pessoal. Eles estão em viagem, ok? Motel nos EUA é o que chamamos de pousada aqui) contudo um recepcionista ganancioso se acha muito esperto ao decidir roubar os jovens. O final me surpreendeu. Temos um comentário sobre o filme As Sete Vampiras, por Paulo Kobielski, que trouxe muitas informações mostrando domínio sobre o cinema fantástico brasileiro. Pesadelo Real retomamos as HQs com um homem entrando e saindo de um pesadelo no inferno, porém conhecemos um pouco dele nesse delírio e o delírio o persegue quando ele acorda. Os Negrinhos é uma HQ que vai de 100 a 1000 muito rápido e o traço acompanha muito bem a loucura dos gêmeos e de sua algoz em poucas páginas. Retornamos ao texto para ler um novo artigo de Paulo Kobielski sobre Rubens Francisco Lucchetti lenda do fantástico e do pulp brasileiro, novamente vemos o domínio do tema e a habilidade em condensar uma vida tão rica em poucos parágrafos. Fazer você sumir... é uma HQ muito engenhosa ao usar os quadros para conta a história. É bacana ver nos quadrinhos, histórias de personagens que sabem que são personagens, ou melhor que descobrem isso da pior forma possível. A Fórmula a última HQ da edição que nos engana parecendo que vai ser uma versão de Dr Jekyll e Sr. Hyde, mas é outra coisa. Por fim temos uma entrevista com o desenhista Silvio Ribeiro, que não tem papas na íngua e faz um verdadeiro desabafo. Bacana ler entrevistas que não são estéreis.

Lista com o conteúdo e as devidas autorias:

Não mexa com quem está quieto: Lauro Ferreira.
Tenório perde sua alma: Davenir Viganon.
O hábito faz o monge: Júlio Shimamoto.
O soldado e o vampiro: Eduardo Alós.
O Primeiro na fila: Marcelo Saraiva no roteiro e Bira Dantas nos desenhos.
A mansão etérea: Duda falcão.
Nas tuas longas pernas procuro a paz que jaz no quarto contíguo ado seu túmulo: Maicol Cristian no roteiro e J. Herrero nos desenhos. 
Pela estrada deserta de Silvio Ribeiro.
Artigo sobre As Sete Vampiras: Paulo Kobielski.
Pesadelo Real: Sandro Leonardo fez os textos, Artes com Aurélio Filho e John Castelhano.
Os negrinhos: Denílson Reis fez o texto e as artes são de Sérgio Fernandes.
Artigo sobre Rubens Francisco Luccheti por Paulo Kobielski.
Fazer você sumir...: Arthur Filho.
A Fórmula: J. França.

Leia Mais ››