segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Resenha #254 A Espinha Dorsal da Memória (Bráulio Tavares)



"A Espinha dorsal da Memória" (2020) é a principal obra do escritor Bráulio Tavares onde o vemos na sua melhor modalidade, o conto. Minha edição é da editora Bandeirola que relançou a obra após campanha de financiamento coletivo repartindo a obra original em duas. A primeira de mesmo nome e Mundo Fantasmo. Este volume tem duas partes. A primeira estão agrupados contos curtos com temáticas bastante variadas onde podemos ver o autor com uma escrita muito acima da média na FC brasileira. Na segunda parte temos contos que giram entorno d'Os Intrusos, uma raça alienígena que aparece a Terra e abala profundamente nossas crenças em tudo. Vamos aos contos em separado. 

Parte I

"Mal-assombrado" é um conto muito curto. Um homem reflete em meio ao medo que o domina sobre criaturas que poderiam surgir das sombras.

"Os Ishtarianos estão entre nós" é um punhado de reflexões que fazemos em momentos de solidão, porém refinadas e cheias de ironias divertidas que só poderiam ter saído de um escritor de Ficção Científica.

"Catálogo de exposição" uma viagem num museu futurístico com todas as bizarrices que você não poderia imaginar. Gosto da constante sensação de estranhamento ininterrupta que o autor promove durante toda a leitura.

"História de Maldun, O Mensageiro" um conto sobre a memória por um senhor que tenta lembrar uma aventura de sua época de menino em plena idade média após a dissolução dos califados árabes. A falta de elementos e credibilidade do relator atiçam a curiosidade ao longo da jornada.

"Cão de lada ao rabo" David é um cientista que faz a maior descoberta científica num laboratório no porão de sua casa e é sugado por um buraco negro caseiro e de dentro dele tenta vislumbrar sua situação. Gosto das descrições das sensações e de imaginar esse horizonte de eventos.

"Mare Tenebrarum" Um momento dramático de uma casa sendo invadida pela chuva. O conto consegue retratar o caos da tempestade de forma comovente ainda que os personagens não tenham tempo para comoverem-se com nada.

"Sympathy of the Devil" Um autor recebe uma proposta de pacto feita pelo diabo e ambos tem uma conversa onde o diabo tenta convencer o autor a aceitar o trato. A forma com que o diabo se apresenta é bem diferente e o final surpreendente.

Parte II

"Príncipe das Sombras" acompanha um autor muito famoso por seus livros de viagem no tempo, em momentos com seu pai e depois com uma misteriosa mulher, em meio aos primeiros momentos da aparição d'Os Intrusos, extraterrestres de origem totalmente desconhecida. Enquanto está com o pai, a narrativa alterna entre as primeiras impressões, resumidas de seus próprios artigos, de um autor que não faz ideia do que está acontecendo e depois, o caos que se instaura e os sentimentos afloram a pele, quando ele encontra uma mulher misteriosa e se envolve com ela.  

"Jogo Rápido" O professor Leo chega ao Brasil para participar de uma missão espacial para receber Os Intrusos e é recepcionado pelo seu amigo de longa data Alan. Ambos conversam sobre como o Brasil mudou com a descoberta da vida inteligente fora da Terra e como esta bagunçou o imaginário popular com seitas e grupos com ideias malucas. São aspectos que pouco vi sobre invasões espaciais e os momentos mais impactantes são excelentes.

"Stuntmind" acompanhamos trechos da vida de Roger Van Dali, um stuntmind. São os seres humanos que voltam com conhecimentos dos Intrusos após entrarem em contato com eles. Conhecimentos tão valorizados que eles voltam e são tratados quase como divindades, criando uma casta de seres com revelações porém parecem ter perdido um pouco da sua humanidade. 

"Mestre de Armas" avança mais no tempo, onde uma guerra com os Intrusos é uma realidade e a humanidade avança pelos portais de Hipertempo, porém é uma viagem só de ida, sempre para frente. Isso obriga a humanidade a avançar criando estações. Acompanhamos uma unidade do exército em sua trajetória rumo a entidade máxima, mas isso seria avançar sempre ou uma luta sem sentido? O autor subverte a narrativa de Space Ópera de império enormes e fraturados para uma humanidade em franca corrida sabe-se lá para onde.

"O espelho-relâmpago no oco do ciclone" o livro encerra-se com um conto sobre a finalidade. Após a humanidade explorar o espaço, avançando no túnel do Hipertempo e construir dezenas de estações, eis que a humanidade retorna ao Sistema Solar. A unidade em Fobos, lua de Marte, traz um vislumbre da Terra mas não é mais o planeta que deixaram para trás. Acompanhamos um grupo de Decifradores e Descritores, que são a ponta de lança da exploração que busca entender os Intrusos numa guerra cada vez mais distante.




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segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Resenha #253 Ubuntu 2048 (Raphael Silva)



"Ubuntu 2048" (2020) é um thriller cyberpunk afrofuturista lançada pela Kitembo, editora voltada a publicar autores negros no Brasil. A obra é voltada ao publico adolescente e é eficiente em divertir e deslumbrar o leitor, com o carisma dos nossos heróis. A filosofia Ubuntu permeia o conto todo sem parecer didática demais e acrescenta a relação de solidariedade e amizade entre os protagonistas, Tsehai e Kinaya.

A história se passa num futuro caótico, repleto de desastres naturais e provocados pelo homem. Apesar da tecnologia ainda ser uma última barreira contra a extinção da humanidade, o seu fim parece inevitável. Os habitantes da cidade de Salvadora não tem permissão para sair da cidade mesmo que seus habitantes sejam obrigados a coletar Méritos para não serem aposentados (como em Blade Runner, um nome suave para assassinato). É aqui que Teshai (ou Tsehai) se vê obrigado a pegar um serviço perigoso para coletar Méritos, para tirar sua cabeça da lista de pessoas a serem aposentados. Sabemos que esse serviço vai colocar Tsehai em mais confusão e no caminho da androide procurada Kinaya. O livro acompanha a jornada de dois marcados para a morte, cheio de ação e carisma dos personagens. Inicialmente temos sequencias de perseguição mas logo o tema das inteligências artificiais toma conta do livro e conhecemos mais da dinâmica deste mundo onde estabelece o objetivo final do protagonista.

É preciso advertir o leitor que é um livro YA (Young Adult) e os personagens adolescentes podem não ser tão interessantes para velhos rabugentos como eu, que ainda assim gostei da construção leve dos protagonistas e da inserção da linda filosofia Ubuntu na história. Infelizmente a parte física da edição tem alguns erros muito difíceis de ignorar. O nome Tsehai estar grafado Teshai na contra capa e a inserção de separação entre os parágrafos e por fim a repetição de um capítulo inteiro, causam um desconforto ao ler a obra. Felizmente a leitura é muito fluída e tudo é muito ágil, o que ameniza os defeitos da edição. Como o mais importante é a história e a experiência da leitura, recomendo Ubuntu 2048!
 
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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Resenha #252 Solarpunk (Gerson Lodi-Ribeiro)



"Solarpunk" (2013) organizado por Gerson Lodi-Ribeiro e o terceiro volume da coleção Mundo Punk da editora Draco, que inicialmente fecharia uma trilogia, iniciada com Vaporpunk e Dieselpunk. O Solarpunk diferente do Steampunk e do Dieselpunk, não se volta necessariamente ao passado, com histórias retrofuturistas, ainda que alguns contos tenham feito esse caminho. Trata-se de um gênero muito recente e esta edição foi pioneira, não apenas no Brasil mas no mundo. Sendo assim, é normal que a leitura de alguns contos não pareça ornar bem com o termo Solarpunk. A antologia Cyberpunk por excelência Mirrorshades tem mais contos que não se parecem cyberpunks que aqui. Vamos aos contos em separado.

Soylent Green is People! (Carlos Orsi) Acompanhamos um investigador particular, no melhor clima noir onde uma femme fatale pede um serviço de investigação mas parece ter culpa no cartório. O caso envolve o suicídio do namorado da moça e o desaparecimento de sua mãe. Um sacerdote de uma igreja também parece interessado numa herança polpuda, acumulada pelo trabalho científico do namorado. O contraste de um mundo de energia limpa e um clima pesado que o noir sugere, ficou bem atrativo (fiquei imaginando que todas as cenas eram de dia, talvez seja a capa.) e ajudou a criar uma solução pouco óbvia para o mistério.

O Confronto dos Reinos (Telmo Gonçalves) Também é uma trama policial. O português lusitano me travou no início mas logo deixa de ser o maior problema do conto. Acompanhamos o protagonsita, um policial enviado para espionar uma colônia de pessoas "clorofilizadas", que não precisam mais de alimento além do sol e logo se mostram ser algo muito mais ameaçador para as pessoas comuns. O protagonista nutre um ódio e preconceito contra os "verdes" antes de eles darem razão para isso. Um ódio de cunho fascista e xenofóbico, bem ao estilo do praticado pelos europeus as minorias estrangeiras que vivem na Europa. Infelizmente não achei nada no conto que desvalide esse pensamento.

E atenção: Notícia urgente! (Romeu Martins) O conto divide-se em duas partes. Na primeira acompanhamos uma transmissão rádio jornalística de um protesto e invasão de uma instalação de pesquisas por camponeses revoltosos. Uma alusão a destruição dos viveiros de eucaliptos da Aracruz em 2006 pela Via Campesina. Na segunda parte acompanhamos alguns empresários contando seu plano, revelando os motivos obscuros para lucrar com experimentos execráveis. No que tange ao movimento dos camponeses e aos empresários, parece tudo muito caricato e de fato é, mas a especulação é bem articulada e no que se trata de empresários de corporações não duvido de nada. 
  
Era uma vez um mundo (Antonio Luiz M. C. Costa) passa-se no mesmo mundo da noveleta “Ao perdedor, as baratas” da antologia Dieselpunk passado décadas de economia socialista e de respeito ao meio ambiente. Figuram personalidades conhecidas do nosso tempo em papéis nem sempre de pessoas famosas. Patrícia Galvão, a Pagu, protagoniza o conto como uma jornalista que estava no lugar certo ou errado, em meio a um atentado terrorista liderado por Fillippo Marinetti (filósofo do futurismo italiano, de caráter fascista), além de outros em uma aventura aventuresca muito divertida e gostosa de se ler.

Fuga (Gabriel Cantareira) conto se passa num futuro pós guerra onde o uso de energia limpa se tornou amplo por falta de alternativas. A cidade de São Paulo foi reconstruída por conglomerados empresariais que impõem sua lei e tem um plano nefasto para expandir seu domínio para o resto do país, porém a protagonista (filha de um dos empresários), sabe destes planos e está em fuga para poder contar a verdade. Achei um conto interessante, por sua proximidade a proposta da antologia mas pouco corajoso para se posicionar e acabou ficando um entretenimento com discurso vazio.   

Gary Johnson (Daniel I. Dutra) traz um vislumbre sombrio de um mundo solarpunk, com uma energia limpa ainda que obtida de forma imoral. O conto é escrito de forma epistolar, por uma fonte de segunda mão, o que é bem utilizado pelo autor para criar o suspense e manter o mistério como nos contos do século XIX. O narrador é bisneto de um empregado do padre gaúcho Landell de Moura, conhecido por suas pesquisas sobre ondas de rádio que revela coisas não contadas sobre tais experiências. Como adoro escrita epistolar o conto fluiu lindamente e o mistério me prendeu até a última página.

Xibalba sonha com o Oeste (André S. Silva) traz uma história alternativa muito ousada, ainda que imprecisa na divergência que fez o mundo ficar daquela forma. A américa como conhecemos desenvolveu-se sob as civilizações incas e tupi, sendo os maias relegados a marginalidade, e tuteladas pelo Império Chinês que fornece a tecnologia limpa que tira eletricidade dos raios das tempestades. Acompanhamos Maiara, uma professora que é confrontada com seu passado, quando descobre a verdade sobre seu pai, um traidor do governo. É um conto que se beneficiou e se prejudicou com a própria ousadia. Por um lado é fruto de uma imaginação fértil, por outro algumas imprecisões podem quebrar a magia. Ainda assim, é um mundo que vale a pena ser refinado com mais pesquisa e lapidado com mais apelo estético, pois é um cenário por demais prolífico a imaginação. 

Sol no Coração (Roberta Spindler) traz um tema bem parecido do conto "O Confronto dos Reinos", onde humanos se adaptam para viver de energia solar e a resistência a mudança. Porém, sai o preconceito vazio e entra a sensibilidade e inteligência na abordagem, onde um pai precisa decidir sobre uma operação delicada em seu filho, para colocar uma tatuagem que possibilita a nutrição pela energia solar. Segue um dilema com a mãe que expõe outro ponto de vista. Conto muito bonito e emocionante.

Azul Cobalto e o Enigma (Gerson Lodi-Ribeiro) é uma noveleta, do organizador da antologia, que se passa no mesmo universo do livro "Um Vampiro em Palmares" e a noveleta "Consciência de Ébano", onde Palmares não apenas sobrevive como transforma-se num Reino rival ao Brasil. Esse Reino dos descendentes de Ganga Zumba, conta com um vampiro ancestral como arma secreta que permitiu o Reino de Palmares ascender como potência mundial. Esta noveleta, acontece mais de um século no futuro, onde o Brasil desenvolve um traje biomecanico, um super-herói, capaz de fazer frente ao Enigma (a essa altura o leitor já supõe que trata-se do vampiro) e apesar de haver pouca coisa referente a energias limpas, eu gosto tanto desta série de histórias do vampiro de Palmares que não me importo nenhum pouco com isso.
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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Resenha #251 Colonialismo Digital (Deivison Faustino, Walter Lippold)


"Colonialismo Digital" é uma obra que me atraiu desde que soube que seria lançada. O livro traça um caminho analítico e conceitual, num processo histórico do colonialismo até as avassaladoras mudanças tecnológicas atuais, para que possamos nos situar de forma crítica. É uma ferramenta para o pensamento muito bem vinda e que vai beneficiar o leitor, principalmente aquele mais atrasado em relação aos recentes processos tecnológicos com uma visão crítica apurada. Este é um blogue de Ficção Científica e, como autor e divulgador de literatura de ficção, acredito que Colonialismo Digital é uma leitura extremamente necessária também para quem quer imaginar mundos futuros, pois nossa imaginação de autor é inquieta, muitas vezes reflexo de nossas preocupações com o presente.

"Assim, o mito prometeico, em sua face estranhada, se converte em seu oposto: o fogo produtivo que permitiu se rebelar contra os deuses agora, fora de controle, ameaça destrutivamente a vida humana e, até sobrevivência do planeta. A vida humana, a mesma que produz a riqueza social do qual advém a máquina, o software e seus algoritmos socialmente determinados; a vida que se desvaloriza na mesma velocidade em que produz valor, submetida a poderes que encarceram, matam, mutilam, fazendo do corpo uma mercadoria quantificável e descartável de um espetáculo de terror necropolítico" (p. 40)

O livro traça um caminho que conecta o Colonialismo, ancorado no Racismo, como processo fundamental para o estabelecimento do Capitalismo. O Racismo condicionando o Colonialismo e este o Capitalismo. A nova era da informação, ao contrário do que muito se apregoa por ai, não é uma quebra de paradigma do capitalismo, nem dos conceitos marxistas que alicerçam sua analise. O capitalismo na era digital, apesar de o tornar mais complexo, não deixou de depender de bases materiais. Não há software sem hardware.

A obra dedica uma boa parte de suas páginas em solidificar suas bases argumentativas. Diferenciando o Virtual do Digital, sendo o digital a forma que as informações trafegam a velocidade espantosa de hoje. Somos orientados teoricamente a evitar o excesso de entusiasmo ou de receio ao analisar a influência da tecnologia no nosso modo de produção. O Dilema das Redes, não é tanto a intensidade da tecnologia mas a manutenção do uso para a exploração do homem pelo homem, inclusive do homem por si mesmo. Os autores também analisam as contribuições de autores como Byung-Chul Han, Mbembe e Zizek entre vários outros, mesmo que estes não entendam que o capitalismo mudou sua forma mas em essência continua o mesmo.

O racismo e o colonialismo são intimamente ligados, assim como o racismo algorítmico e o colonialismo digital são hoje, e o estudo do pensamento de Frantz Fanon continua sendo essencial para os autores estabelecerem o diálogo e manterem a atualidade do colonialismo na era digital. O conceito de Colonialismo Digital é construído durante a obra toda e quando chegamos em sua implicação nas novas tecnologias, em como nossas cidades estão configuradas, adaptadas a um trafego tão intenso de informações que a fábrica se entranha na cidade, precarizando o trabalho e minerando (nossos) dados que são o ativo mais lucrativo do nosso tempo. Conhecemos uma nova exploração que é tão intensa quando difícil de fazer sentir diretamente por alguém leigo. 

"Como se o princípio low life high-tech, desenvolvido nas distopias da literatura cyberpunk, tivesse se concretizado, vemos o antagonismo entre uma guerra de alta tecnologia e precisão e o uso de táticas nômades com raids relâmpagos contra o inimigo, que geralmente se configura em populações não organizadas em milícias, que vivem/morrem nos mundos da morte do século XXI: circuitos de extração de minerais preciosos e essenciais para alimentar a revolução militar e tecnológica." p.93

A obra dedica uma última parte a ideologia californiana do Vale do Silício, onde as perspectivas de uma democratização da informação foram suplantadas pelas necessidades predatórias do capitalismo, mas sob uma ideologia influenciada pelos hippies e yuppies dos anos 70 num pretenso contraponto ao rígido modelo fordista-taylorista e se você já ouviu falar daquelas empresas que deixam você ir de berumda em reuniões, fazem áreas de recreação e aulas de yoga durante o expediente e continuam pagando uma miséria é sobre isso. Concluindo a obra ainda temos alguns horizontes na direção da Descolonização Digital (que mereciam um livro a parte) por parte de ativistas.  

Difícil ler Colonialismo digital e não traçar esse paralelo entre o que podemos ler nas obras Cyberpunks conhecidas nos anos 1980, como Neuromancer, de William Gibson e Piratas de Dados de Bruce Sterling. Em ambas as obras, os autores imaginaram uma quantidade gigantesca de dados são a fonte de poder dos poderosos e nossos heróis são atormentados tanto pelo excesso de consumo quanto pela abstinência da vida digital. O cyberpunk, mesmo que não debatido conceitualmente na obra, a perpassa todo o processo abordado, dos anos 1980 em diante, pintando com tintas sombrias um futuro repleto de tecnologia da informação guiadas por um capitalismo cada vez mais selvagem e pervasivo, resumidas no lema low life, high tech. Deixo o questionamento se estamos vivendo o cyberpunk agora, embora não tenhamos samurais urbanos andando com katanas pela rua e cidades repletas de neon, temos cada vez mais tecnologia e a vida vale cada vez menos.
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