segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Resenha #220 - O Crepúsculo dos Deuses, Perry Rhodan 4 (Clark Daltron)


[As resenhas do blogue não costumam ter spoilers, mas para esta série não teremos esta preocupação. Pois ela será escrita pensando em trocar ideia com os leitores que já leram as obras. Além disso contar o enredo das primeiras histórias não constitui grande prejuízo para quem deseja começar a série, mas de qualquer forma fica o aviso]

Perry Rhodan, comandante da Stardust, descobriu, na Lua, a nave gigantesca dos arcônidas que realizou um pouso forçado. Foi um acontecimento feliz para a humanidade.
Rhodan prestou auxílio aos arcônidas, uma raça em decadência que dominava um império galático que entrara em declínio. Na verdade, prestou um auxílio aos homens, ao empregar o enorme poderio de Árcon para impedir a eclosão da terceira guerra mundial. Já existem muitos homens que compreendem os esforços de Rhodan em prol da união do mundo. Mas falta percorrer um caminho longo até o Crepúsculo dos Deuses, representado pelo abandono do pensamento mesquinho que até então prevalecia...

"O Crepúsculo dos Deuses" é o quarto volume da série Perry Rhodan. Neste volume voltamos ao ritmo de prólogo, pois somos apresentados a muitos personagens e pouco evoluímos na história principal. Perry Rhodan e seu fiel escudeiro, Reginald Bell, são treinados em um aparelho arcônida que aumenta as habilidades cognitivas dos dois, equiparando-os aos arcônidas, ao custo de apenas um dia inconsciente. É nesta janela narrativa que somos apresentados aos mutantes. Seres humanos que receberam habilidades especiais, em decorrência da radiação. Não há muita questão em esconder que eles se unirão a Perry Rhodan. Não há como negar que a ideia dos mutantes desta série, publicado em 1961, é parecida com a dos X-men pela Marvel em 1963, porém os personagens são extremamente diferentes.

John Marshall, é um australiano com poder de ler pensamentos, que é descoberto por alguns policiais após impedir um assalto a banco. Ana Sloane, é uma americana que foi recrutada por Alan D. Merchant por usa habilidade com telecinésia. Rais Tchubai é um químico do Sudão, perdido em uma expedição, quando descobre sua capacidade de teletransporte. Ernest Ellert, um intelectual pobretão da Alemanha tenta convencer seus amigos em uma conversa regada a vinho, que é capaz de viajar no tempo, de forma imaterial, habilidade chamada de teletemporação. Por fim, Tako Takuda, um técnico japonês que trabalha na escavação que planeja colocar uma bomba de hidrogênio abaixo da abóbada energética que proteger Rhodan e a Terceira Potência. Tako acaba sendo vital para evitar o plano iniciado por Merchant e acaba sendo recrutado por Rhodan, junto com Marshall que momentos antes ajuda nosso herói quando este tenta levantar recursos para ajudar os arcônidas.

Então é isso, o episódio quatro soa como um novo prólogo, mas que mostra uma agilidade na trama que abre um novo arco sem ter resolvido de fato a Terceira Potência. Nos vemos no próximo episódio, "Alarma Galático"!


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segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Resenha #219 - A Terra Longa (Stephen Baxter e Terry Pratchett)


"A Terra Longa" é o primeiro volume de uma hexalogia livros escrito pela dupla Terry Pratchett e Stephen Baxter e extrapola uma ideia simples mas muito interessante. A terra é pega se surpresa pelo do "Dia do Salto", quando a nossa terra descobre a existência de inúmeros planos de existência, como se estivessem enfileiradas em ordem. Aparentemente todas as outras estão ausentes de seres humanos. São outras terras para quais qualquer um pode saltar, usando um pequeno aparelho simples que qualquer um pode fazer (e suportar os enjoos e perigos de cair na mata virgem) ou em alguns casos excepcionais, saltadores naturais que não sofrem efeitos de enjoo quando se transportam para outra terra. Esse é o caso de Joshua Valienté, um saltador natural, que é convocado por Lobsang um tibetano que após morrer num acidente de moto, tornou-se uma IA que trabalha para uma grande corporação.

Lobsang, que também tem a habilidade de saltar, além de poder ser carregado em várias plataformas físicas, parte com Joshua numa missão exploratória saltando por milhares de terras, onde os autores concretizam várias possibilidades e destinos para cada terra. A graça do livro é acompanhar essa viagem e conhecer os confins do que chama de Terra Longa. É um daqueles livros que você lê pelo meio e não pelo final (afinal estamos falando do livro 1 de 6) explorando sem pressa cada mundo e os mistérios que se revelam. Esperar por um final revelador depois de 350 páginas vai ser bem frustrante, mas acredito que é uma questão de expectativa e ela é mais frustrada pela provável volume dois que não parece que será lançado pela Bertrand Brasil até que a série de livros vire uma série de TV.
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Resenha #218 - Vislumbres de Um Futuro Amargo (Damaris Barradas, Gabriela Colicigno)


"Vislumbres de Um Futuro Amargo" é uma antologia da Agência Magh, agência editoral independente que promoveu essa antologia por financiamento coletivo no Catarse, na qual eu participei. Infelizmente demoro para ler os livros e ainda mais para publicar minha opinião sobre eles, mas isso não diminuiu minha satisfação com a leitura. São seis contos de autores que já tive algum contato prévio.

A introdução de Roberto de Sousa Causo detalha bastante as bases desta antologia e anuncia muito bem os contos. O futuro amargo que nomeia a antologia é uma forma de colocá-la entre a distopia e utopia. São futuros amargos pois mostram a humanidade cometendo os mesmos erros, apesar da alta tecnologia.  

Antônio do Outro Continente (Anna Martino) se passa na Terra e nas colônias espaciais, estabelecidas em satélites artificiais. A autora entrelaça muito bem a simples história de dois jovens que se apaixonam e tem de lidar com as diferenças culturais. O conto é muito competente em desenvolver os personagens e as diferenças na vida cotidiana nas colônias com a Terra. Quando o conto termina, ficamos com vontade de saber como continua a vida, mas como a vida, ela sempre continua. Achei acertado o final, meio repentino.

Corra, Alícia, Corra (Lady Sybylla) Acompanhamos Alícia, em uma verdadeira corrida pela liberdade. Ela vive em uma instalação e nunca viu o exterior, sabendo somente do que Bianca lhe conta. O conto desenvolve bem o mistério, mas é focado na corrida e pelos sentimentos da protagonista. O final é amargo como o título da antologia, que não me deixa mentir.

Waldson Souza (Eletricidade em suas veias) nos brinda com um conto afrofuturista em que acompanhamos uma criatura artificial colocada para viver na Terra, por um membro de uma raça ancestral. O androide é feito com pele negra o que muda as suas vivências no nosso planeta e se torna veículo de reflexões muito relevantes. Tem uma pegada de Homem Bicentenário, de Asimov, mas escrito para leitores deste século. Meu conto favorito do livro.

Eu, algorítimo (Lu Ain-Zaila) Também trilhando o caminho do afrofuturismo, Lu Ain-Zaila traz uma aventura que entrelaça-se com reflexões que poderiam estar em uma crônica. Acompanhamos Aija, uma cyberativista que é perseguida pelos moradores da sua cidade a mando de uma misteriosa entidade cibernética. O conto é interessante tanto pelo desenvolvimento, e as reflexões, quanto pela aventura. Li devorando as páginas.

O Pingente (Cláudia Fusco) conta a história pelo ponto de vista de uma inteligência artificial responsável por cuidar de uma criança humana e acompanhar seu desenvolvimento. O conto tem um clima de história de Black Mirror, em que aguardamos o momento em que tudo vai dar muito errado, mas o conto toma a trajetória de um drama mais pé no chão, ao invés de um gore para chocar o leitor no final.

Roberto Fideli (SIA está esperando) tudo começa com uma space ópera em que um desastre numa nave leva os sobreviventes a lutarem pela vida em um planeta inóspito e desconhecido. Acompanhamos essa luta pelo olhar da inteligência artificial embarcada na nave, chamada SIA. O conto prende pelos desdobramentos que mudam tudo na história e a deixam muito interessante, sem ficar forçado. Excelente encerramento!

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Resenha #217 - A Abóbada Energética, Perry Rhodan 3 (K.H.Sheer)


[As resenhas do blogue não costumam ter spoilers, mas para esta série não teremos esta preocupação. Pois ela será escrita pensando em trocar ideia com os leitores que já leram as obras. Além disso contar o enredo das primeiras histórias não constitui grande prejuízo para quem deseja começar a série, mas de qualquer forma fica o aviso]

Perry Rhodan, comandante da primeira nave terrena tripulada a pousar na Lua, retornou a nosso planeta. Pousou no Deserto de Gobi onde, valendo-se da super-técnica da nave exploradora dos arcônidas, uma raça vinda da região central da Via Láctea, instalou uma base que vem desafiando os ataques das grandes potências da Terra.
Perry Rhodan conseguiu impedir a terceira guerra mundial, mas ainda não está satisfeito. Quer promover a união da humanidade.
Mas a humanidade ainda não está madura para os planos de Perry Rhodan, Por isso a luta prossegue em torno da Abóbada Energética.

"A Abóbada Energética" é o terceiro volume da série Perry Rhodan, aquela mesma que começamos e não temos nenhuma perspectiva para terminar. Nesta volume voltamos a ter um clima de ameaça mais sério, uma vez que as potências começaram a aprender como lidar com a tecnologia dos arcônidas. Não superá-la mas conseguiram se recobrar das humilhações e do despreparo. Agora estão em condições de alvejar a cúpula de energia com uma barragem de mísseis terra-terra enquanto as potências começam a ensaiar uma união, conforme planejava nosso protagonista. Agora voltamos a ter uma ameaça real contra o protagonista, diferente do episódio anterior, a energia da cúpula além de não ser infinita, não impede o som do impacto das barragem de artilharia atormente os ocupantes da stardust, como era comum nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial.

Por outro lado, Rhodan tem de lidar com sua aliança com os arcônidas que depende da sobrevivência de Crest, que no fim do volume, acorda e dá as orientações necessárias para Thora, ainda aguardando o cumprimento do trato de curar Crest, na nave principal. Thora, é orgulhosa e impulsiva, muito diferente da maioria dos arcônidas, imersa na apatia quase total. Os arcônidas são retratados como um império decadente pela falta de vontade de manter seu império, tendo em algumas das mulheres de sua raça, um resto desta vontade, porém insuficiente para manter o império. Thora é o retrato no mínimo antiquado de uma mulher no comando, principalmente pelo orgulho e impulsividade, enquanto Crest é o velho sábio ancestral, ponderado. Há muito da aristocracia inglesa nos arcônidas, neste primeiro momento.

A impulsividade de Thora não permite ver que as potências terrenas, se juntaram para uma missão espacial de bombardeio a nave dos arcônidas, com uma arma nuclear de fusão a frio, para o qual eles não estavam preparados para se defender. A humanidade ainda não estava classificada baseada nesta descoberta recente, logo as defesas não estavam esperando uma bomba deste tipo. A nave é destruída, enquanto Thora havia chegado na Terra para levar Crest e a tripulação da Stardust. Um final que me surpreendeu na época e me surpreendeu agora, relendo. Foi um bom fim para a parte terrestre da jornada de Rhodan que agora promete iniciar sua jornada aos confins do universo. Que é o mote principal da série.
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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Resenha #216 - Território Lovrcraft (Matt Ruff)


"Territorio Lovercratf" de Matt Ruff é uma mistura de coleção de contos com romance, podendo ser encarados das duas formas, porém nas histórias finais tentem mais ao romance. Acredito que isso se deve ao fato de que o autor já escreveu a história pensando numa versão em série. No fim das contas, a adaptação foi feita.

Acompanhamos vários personagens negros que são de alguma forma aparentados e se envolvem em uma trama relacionada a maçonaria em uma disputa por poderes sobrenaturais. O cenário é muito importante, os anos 1950, quando os EUA impunham uma segregação racial sobre os negros e mais localizado no que se chama Território Lovercraft, uma região composta pelos locais onde o escritor nascido em Providence teria se inspirado para escrever seus livros. Os mistérios ocultos começam a ser desvendados a medida que o protagonista da primeira história Atticus vai ao encontro do seu pai Montrose Turner, com quem estava brigado há anos. Atticus loco chega a uma pequena vila que só existe nos livros de Lovercraft e conhece Caleb Braithwithe, que lhe revela uma descendência em comum.

Apesar dos mistérios sobrenaturais serem relativamente apavorantes, eles o são muito menos que a realidade dos negros daquele período. A primeira cena do livro deixa isso bem evidente: Atticus, utilizando um guia de viagem para lugares seguros para negros, sendo parado na estrada por um policial branco que pode atirar nele por qualquer motivo. Os monstros mais perigosos do livro são bastante reais e ainda estão vivos até hoje. Isso torna o tom do livro uma jogada genial do autor. Os protagonistas dos contos são coadjuvantes dos contos seguintes, sempre permeados por histórias cheias de referências as revistas pulp, além do próprio Lovercraft. A maioria dos personagens é cativante, sendo que Letitia a mais carismática e a história de Ruby/Hillary a mais instigante. Leitura mais que recomendada. 
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