segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Resenha #352 Cobra Norato (Raul Bopp)


Cobra Norato é um poema de Raul Bopp, publicado pela primeira vez em 1931. Bopp foi um dos nomes mais importantes do Movimento Antropofágico dentro do Modernismo Brasileiro. A antropofagia é uma busca pela nossa cultura na produção de arte no Brasil, assimilando referências estrangeiras mas devolvendo algo mais brasileiro possível. O termo é uma referência a prática de alguns povos indígenas que canibalizavam guerreiros vencidos em suas guerras por motivos espirituais, ou seja, não havia motivação simplesmente alimentar. Dessa forma, Bopp buscou trazer a amazônia que conheceu morando por lá durante um ano em uma história contada em verso sobre as lendas do local.

A história é de Cobra Norato, que busca se casar com uma jovem por quem se apaixonou. Em sua trajetória se torna um passeio pela paisagem natural e pelas lendas amazônicas. Quem acompanha este blogue sabe que não tenho o habito de ler poesias, e busquei a aproximação desta forma literária com algo que tivesse uma história. Gostei bastante das frases e o autor conseguiu criar um cenário de locais e personagens muito envolvente. Pode-se fazer críticas sobre ser um cara de fora (Bopp era gaúcho) falando sobre lendas de um local que não é seu de nascença, mas o movimento antropofágico tinha uma mensagem para transmitir e não acho que ela seja passada apenas com um manifesto, mas fazendo a arte que queremos ver.

Hoje é possível acompanhar a literatura fantástica escrita aqui buscar o próprio Brasil e não apenas pelas mãos de homens brancos do sul, mas pelas mais diversas mãos. Muitos destes livros estão resenhados aqui.

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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Resenha #351 Apagão: Ligação Direta (Raphael Fernandes/Camaleão)


Apagão: Ligação Direta é uma HQ da editora Draco de 2014 e funciona como um prólogo da série Apagão que conta com uma HQ mais robusta e até um jogo de tabuleiro. É uma história curta e realmente é uma pincelada nesse mundo, baseado numa São Paulo distópica em que a energia elétrica caiu e nunca mais voltou e a ordem como conhecemos (que já não é lá essas coisas) colapsa e no lugar, gangues sanguinárias lutam para mandar nos escombros. O protagonista tem que contar com a agilidade e malandragem para andar por estas ruas e encontrar uma das poucas fontes de energia que ainda restam: uma bateria de carro. A história cumpre muito bem o seu papel de inserir o leitor neste mundo, explicando suas regras e nos brindando com artes sensacionais e uma estética apurada e com identidade própria. Gostei bastante! 

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