segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Resenha Revista Peryc, o Mercenário nº 5


Peryc, O Mercenário número 5 é o fim de uma jornada para nosso herói dos pampas gaúchos, pois é o último número da revista. Com ela encerra-se com duas histórias o o arco de "Rumo a Pedras Negras" escrito por Gervásio Santana e desenhado por Ícaro Maciel, na Parte 5 e Maurício Lima na Parte 6. Na parte 5, chamada Quando cai a máscara, vemos Peryc em sua fuga pela sobrevivência enquanto é perseguido pelo lacaio do regente de Pedras Negras, que por sua vez está em busca de Argenta sua concubina que está sendo protegida por Peryc, contudo uma série de revelações mudará os rumos de Peryc. Foi uma história muito bacana que ajuda a moldar o caráter do nosso herói tornando-o mais duro. O reflexo dessa mudança já vemos na última parte, chamada Cilada Mortal. Nela temos muito mais ação e acompanhamos tudo pelo traço sensacional de Maurício Lima, que fez as ilustrações do livro O Deus da Lagoa, a primeira novelização de Peryc. Voltando a Cilada Mortal, Peryc finalmente chega a Pedras Negras e encontra uma cidade pequena, onde a desonestidade é a norma, contudo nosso herói é teimosamente leal ao seus princípios o que leva a um confronto muito bem desenrolado. Por último há uma historieta de uma página com a aparição da Maga da Profecia, personagem de Jerry A. Souza,  

Temos um desfecho que não encerra a história de Peryc, mas que traz um fechamento digno ao personagem neste universo. Digo isso pois o fim da Revista Peryc, O Mercenário é apenas o começo de muitas aventuras que estão por vir. Primeiro pois foi lançada O Deus da Lagoa, a primeira novelização do personagem que apareceu apenas em HQs independentes, mas a principal novidade advinda do fim da revista é a chegada de O Mundo Selvagem de Peryc, que traremos no blogue. 

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segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Resenha #357 Almanaque Gibi do Terror Nº 2 (Denílson Reis e Paulo Kobielski)


O Almanaque Gibi do Terror chega ao número dois como uma publicação muito aguardada no meio independente. A edição é do CAQ (Coletivo Alvoradense de Quadrinhos) capitaneado pelo Denílson Reis e pelo Paulo Kobielski, ambos já agraciados com o Troféu Paulo D'Agostini de melhor Fanzine e essa publicação é aquele passo a mais, é uma publicação independente mas cada vez mais com cara de profissional, afinal tantos anos de experiência se manifestam nesse numero e a qualidade das contribuições cresce como consequência. 

Parece pouco humilde da minha parte falar de que as contribuições estão melhores, pois participei em ambas as edições, com contos. Na edição anterior, publiquei um conto sobre múmias no esçao, agora o tema é vampiros e trouxe o conto "Tenório perde sua alma" que está no mesmo universo steampunk que o conto "Um Crime no Mercado Público" e da noveleta "A Sombra da Rua do Arvoredo". O conto é uma carta de um pai para os filhos onde conta sua participação numa Guerra dos Farrapos de uma forma que você nunca viu pois é uma história alternativa.

Agora falando da publicação como um todo, não são todas as histórias exatamente sobre vampiros. Acredito que os editores se preocupem em trazer bons conteúdos, dando preferencia pelos que abordem o tema da edição mas não impondo como condição. Isso ajuda nas histórias de mistério pois nem sempre o mistério é sobre vampiros. A organização ficou muito boa, alternando entre conteúdos de quadrinhos e conteúdos escritos, começando com Não mexa com quem está quieto uma HQ com um traço simples (parecido com Meninas Superpoderosas?) mas numa história cruel de dois caçadores na floresta procurando a lendária Cobra Norato, quando ninguém menos que o Curupira aparece para azedar a caçada. O primeiro conto é o meu, Tenório perde sua alma, que já falei no início. O hábito faz o monge é uma curta HQ de um garoto que acha uma roupa de vampiro, com máscara e tudo. Enquanto mortes misteriosas acontecem a sua volta. O soldado e o vampiro, de Eduardo Alós temos, nesse conto, o encontro infortuito de um soldado gaúcho recém chegado dos horrores da Guerra do Paraguai decide buscar abrigo num casarão misterioso. O primeiro na fila é uma HQ muito fofa sobre um idoso que aguardou 8 dias para comprar seu novo jogo de vídeo game sangrento e divertido. O final é cruel mas ainda assim achei tudo muito engraçado. Acho que foi o traço que trouxe uma leveza para tudo, mesmo sendo bastante elaborado. A mansão etérea de Duda Falcão, é um conto bastante curto mas que consegue nos colocar no clima de casarão muito rápido. Nas tuas longas pernas procuro a paz que jaz no quarto contíguo ado seu túmulo é uma HQ incrivelmente bem desenhada, não apenas pelo realismo, mas pelas expressões e movimentação dos personagens. O roteiro é simples mas bem feito e a crueza é bem vinda numa história de horror, que nada tem de fantasioso. Pela estrada deserta de Silvio Ribeiro, é outra HQ, mais curta, simples e bem feita. Temos um jovem casal que busca um Motel para passar a noite (é para dormir, pessoal. Eles estão em viagem, ok? Motel nos EUA é o que chamamos de pousada aqui) contudo um recepcionista ganancioso se acha muito esperto ao decidir roubar os jovens. O final me surpreendeu. Temos um comentário sobre o filme As Sete Vampiras, por Paulo Kobielski, que trouxe muitas informações mostrando domínio sobre o cinema fantástico brasileiro. Pesadelo Real retomamos as HQs com um homem entrando e saindo de um pesadelo no inferno, porém conhecemos um pouco dele nesse delírio e o delírio o persegue quando ele acorda. Os Negrinhos é uma HQ que vai de 100 a 1000 muito rápido e o traço acompanha muito bem a loucura dos gêmeos e de sua algoz em poucas páginas. Retornamos ao texto para ler um novo artigo de Paulo Kobielski sobre Rubens Francisco Lucchetti lenda do fantástico e do pulp brasileiro, novamente vemos o domínio do tema e a habilidade em condensar uma vida tão rica em poucos parágrafos. Fazer você sumir... é uma HQ muito engenhosa ao usar os quadros para conta a história. É bacana ver nos quadrinhos, histórias de personagens que sabem que são personagens, ou melhor que descobrem isso da pior forma possível. A Fórmula a última HQ da edição que nos engana parecendo que vai ser uma versão de Dr Jekyll e Sr. Hyde, mas é outra coisa. Por fim temos uma entrevista com o desenhista Silvio Ribeiro, que não tem papas na íngua e faz um verdadeiro desabafo. Bacana ler entrevistas que não são estéreis.

Lista com o conteúdo e as devidas autorias:

Não mexa com quem está quieto: Lauro Ferreira.
Tenório perde sua alma: Davenir Viganon.
O hábito faz o monge: Júlio Shimamoto.
O soldado e o vampiro: Eduardo Alós.
O Primeiro na fila: Marcelo Saraiva no roteiro e Bira Dantas nos desenhos.
A mansão etérea: Duda falcão.
Nas tuas longas pernas procuro a paz que jaz no quarto contíguo ado seu túmulo: Maicol Cristian no roteiro e J. Herrero nos desenhos. 
Pela estrada deserta de Silvio Ribeiro.
Artigo sobre As Sete Vampiras: Paulo Kobielski.
Pesadelo Real: Sandro Leonardo fez os textos, Artes com Aurélio Filho e John Castelhano.
Os negrinhos: Denílson Reis fez o texto e as artes são de Sérgio Fernandes.
Artigo sobre Rubens Francisco Luccheti por Paulo Kobielski.
Fazer você sumir...: Arthur Filho.
A Fórmula: J. França.

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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Resenha #356 Apócrifos do Futuro (Romy Schinzare)


Apócrifos do Futuro faz parte da coleção Futuro Infinito da Editora Patuá. Coleção essa que considero uma das melhores coisas que a Ficção Científica brasileira fez em sentido editorial pois aposta em vários estilos e densidades na escrita, ou seja, desde as escritas mais complexas as mais aventurescas. Nesta obra Romy traz uma nova coleção de contos com seu estilo característico como em seu livro anterior Contos Reversos com contos de sabor pulp muito envolventes, geralmente são curtos e não demoram a chegar na sua surpresa, mas sem serem dependentes de viradas de enredo. Porém em Apócrifos do Futuro, temos uma leve enfase na criação de cenários que nas viradas de enredo, em comparação com o livro anterior. Ao final de vários contos nos pegamos admirando o cenário que construído. Vemos isso em "Shelby" onde em um mundo pós apocalíptico mistura de Corrida Maluca com Mad Max, os carros são possuídos pelos pilotos anteriores. Em "Robôs de Marte II" que traça uma trama política entre ciborgues, máquinas e humanos em Marte que desequilibra com a chegada de indígenas da Amazônia brasileira de antes de 1500. Ou ainda como em "Cubo do Destino" onde um jogo mortal vai se desenrolando na sua frente. Contudo, há contos onde viradas de enredo acontecem o tempo todo como "Valparaíso" onde vítima, algoz, polícia e bandido se fundem numa trama absurda. Ou no sombrio "Zayn" que nos apresenta uma criatura fantástica revelando sua verdadeira forma apenas no final. Em resumo, Apócrifos do Futuro é mais uma amostra do talento e versatilidade da Romy. São contos gostosos de ler e diria até que são despretensiosos, algo muito bacana em tempos de autores pretenciosos cheios de sagas tão enormes quanto seus egos.




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