segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Resenha #366 Estaleiro Voltaire (Victor Allenspatch)


"Estaleiro Voltaire" é o segundo livro da série Dente-de-Leão do autor Victor Allenspatch, que iniciou com Jardins Suspensos e ainda tem mais 3 livros além deste. Infelizmente demorei bastante para continuar a série. Digo isso pois os personagens principais não estavam frescos na minha cabeça, pois o final inclusivo do primeiro livro deixou tudo muito no ar. Contudo, após entrar em contato com os personagens, logo lembramos de como eles são: Pedro sendo bastante passivo e reprimido, a ponto de fazer muitas besteiras e Yara tendo mais atitude mas uma pessoa fragilizada pelo abandono. Mas nem tanto do motivo de estarem ali.

Pedro esta enclausurado com Weechay como cobaias de um experimento que os obriga a viver uma vida inteira em simulação para acordarem apenas após a morte nessa vida. Contudo, na vida delas se passaram apenas algumas horas em que o outro fica completamente isolado. Enquanto Yara está em uma vila onde todos usam lentes que simulam não apenas adições ao mundo real, mas cobrem tudo que veem e percebem. Yara é alertada a não desligar as lentes pois o real seria bastante perturbador e lendo não dei muita bola, mas achei bem impactante quando ela é obrigada a ver a realidade sem lentes. Ela passa boa parte da obra tentando se adaptar a nova vida em Marte, como uma estrangeira mas o mesmo abandono que a leva para Marte acaba fazendo ela querer voltar para a Terra e afundar-se no mesmo ciclo. Enquanto Pedro consegue se libertar de sua cela e do experimento, quase morrendo no processo, apenas para entrar em Deimos após descobrir que estava em Fobos, que foi destruída em sua fuga. Pedro é resgatado e encontra uma outra população em Deimos que já nasceu vivendo sob as lentes e tendo seus corpos movimentados por estruturas que os mantém ativos ainda que sem saírem dos seus lugares. Pedro também descobre que o mesmo Valentin do final do primeiro livro, está criando essas crianças em Deimos para serem o futuro da humanidade, uma nova humanidade. 

Os aspectos do primeiro livro são amplificados neste segundo livro, a introspecção dos protagonistas, a solidão da sociedade e o isolamento que vivemos na pandemia seguem cada vez mais intensos. Uma coisa que não gostei, foi que se repetiu no livro anterior: a história terminou de forma aberta, mas não como um livro completo, nos obrigando a ler o próximo livro para saber o que vai acontecer com ambos. E de forma muito parecida como aconteceu no primeiro livro. Ao fim da leitura, fiquei com a sensação de que os eventos dos dois primeiros livros poderiam estar em apenas um livro. Apesar dessas ressalvas, é um bom livro e trouxe uma visão interessante da colonização em Marte (assunto que sempre me interessa). Vamos ver o que sai do próximo livro!  



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