segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Resenha #258 Um certo soldado (Clare Winger Harris)



"Um Certo Soldado" de Clare Winger Harris é uma das histórias da autora que surgiu nas antigas revistas pulp dos anos 1920 nos Estados Unidos e que está sendo celebrada pela editora Cyberus com vários lançamentos de contos na Amazon. Este é um dos contos que foram lançados e o segundo da autora resenhado aqui.

Em Um certo soldado acompanhamos dois historiadores em viagem de pesquisa em Roma, Itália para buscar a identidade de um soldado desconhecido, acusado de ter colocado fogo num templo judeu. Um deles acaba acometido por visões que o ajudam com pistas da identidade do certo soldado. O conto é relativamente curto e tem tudo que um bom episódio do além da imaginação precisa. Principalmente nas visões do passado influenciando o futuro. Algo que tenho certeza que teria agradado Philip K. Dick.
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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Resenha #257 Profecia nº31 (Jerry Souza)


A fanzine Profecia é de autoria do experiente fanzineiro Jerry Souza. Seu trabalho foi-me apresentado pelo premiado fanzineiro Denílson Reis. O projeto me chamou atenção pelo formato maior, colorido, com papel de qualidade e gratuito. O leitor curioso pode fuçar o site www.profeciacomics.com.br e inscrever-se para receber os volumes em casa ou baixar para ler online ou no leitor digital.

No volume 31 abre com "O pássaro que defecava ouro" que conta a fábula de um caçador que encontra o tal pássaro e consegue capturá-lo e trazer ao seu rei. O final eu achei bastante engraçado e as cores muito bonitas. Tem textos e história de Alex Stümer e cores e letras de Fábio Lopes. A segunda e maior historia da edição é uma republicação do nº2, d'O Exterminador, um caçador que vive em uma Terra ocupada há muito tempo por uma raça alienígena hostil. Temos um herói brutamontes clássico e um final que me surpreendeu. Tem textos e história de Alex Stümer e letras de Alex Dueprre. Encerrando o volume, uma republicação do nº 3, "O que é medo?" onde um rapaz do nosso tempo é abordado por um velho misterioso vestido como mago que começa a instigar o rapaz a abandonar o medo. Textos, artes e cores são novamente de Alex Stümer e Alex Dueprre.

De uma forma geral adorei a revista e da qualidade gráfica do material. Gostei de ver uma história completa mas mesmo assim já quero ler os outros volumes do site que está bem completo com informações dos personagens. Recomendo demais uma visita ao site!
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segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Resenha - Revista Peryc, O Mercenário nº 4


Vamos continuar a saga de resenhas pela saga de Peryc, O Mercenário. Personagem criado pelo fanzineiro Denílson Reis que além deste volume próprio, e espalhado na fanzinesfera, também está na Revista Savage Worlds, de Jerry Souza, editor da Revista Profecia, ambas serão resenhadas aqui em breve!

O número quatro do bárbaro dos pampas, temos as continuações de dois arcos que vínhamos acompanhando nas edições anteriores, mas antes disso temos uma arte de página inteira de Rom Freire do Maranhão, onde Peryc está sob uma fera abatida. Depois, temos "A Batalha Final" onde a aventura de Peryc pela África que envolveu intrigas palacianas e uma serpente de areia gigante, chega ao fim com uma batalha onde Adebaior invade o castelo da Rainha Amara. Gostei do desenlace da batalha e as cenas do combate final ficaram muito boas. A história é de Denilson Reis, com artes de João Paulo e Letras de Anderson ANDF.

"Os Bárbaros disseram..." trás uma resenha da Peryc nº3 por Fabrício Lima e um comentário de Sandro Andrade, sobre a história que mais gostei do mercenário até então, seguido de uma arte de página inteira do mesmo autor. Depois, uma seção de artes de Peryc por artistas de todo o Brasil totalizando vinte artistas.   

"Profecia da Morte" segue com o Mercenário em Pedras Negras, mas em uma nova História iniciando de forma contemplativa até que Peryc se depara com uma Bruxa que faz uma proposta que Peryc não consegue aceitar. O final trouxe uma surpresa bacana e deve continuar no próximo número. A História e artes são de Gervásio Santana e Letras de Anderson ANDF. Por fim "Arco e Flecha" encerra com uma historieta de uma página de Peryc com Spindler, vivendo seu amor nos Pampas, a casa de Peryc.
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segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Resenha #256 Binti Trilogia Completa (Nnedi Okorafor)


"Binti" (2021) é uma trilogia de novelas de 2015, 2017 (Home) e 2018 (The Night Masquerade) que chega ao Brasil lançadas num único tomo. Felizmente a editora não tentou explorar a obra como uma trilogia comum, uma vez que a autora não pensou nas três novelas desta forma. Meu bolso agradece.

Uma vez que eu li as três novelas de uma vez só, é difícil separá-las e analisá-las em separado, principalmente a segunda e a terceira parte, que foram escritas após o sucesso da primeira. A primeira parte acompanha Binti, uma matemática brilhante pertencente ao povo Himba que foi aceita na UniOomza a universidade mais prestigiada da galáxia que fica a anos-luz da Terra. Seus problemas começam pelos Himba serem um povo tradicionalista e muito arraigado ao deserto, não permitindo que seus membros saiam da cidade de Osemba, que dirá do planeta. Binti, sentindo a necessidade de conhecer o mundo, sai mesmo sem autorização. No embarque já vemos que este mundo de Binti é fora dos padrões estadunidenses de ficção científica. A nave é um animal vivo que sobrevive no espaço, e comporta toda a estrutura para vida, chamado Terceiro Peixe. Binti faz vários amigos humanos durante a viagem e tudo parece um episódio de malhação até que uma chacina brutal feita por uma espécie de medusas guerreiras, deixando apenas Binti e o piloto da nave vivos. Binti consegue sobreviver apenas por causa de um objeto antigo, um edan, que repele as medusas e possibilita que ela consiga se comunicar com elas dando a chance de negociar pela própria vida.

Na segunda e terceira partes, tem um ritmo mais lento e não envolvem uma exploração espacial como eu esperava. Binti volta para casa após concluir o primeiro ano na UniOomza e se vê novamente em meio a guerra Khoush-medusa. Os Khoush são outro elemento importante no mundo de Binti, pois são o povo dominante na Terra. São brancos e negros vivendo sob um império que rejeita o tradicionalismo dos Himba e do Povo do Deserto, que por sua vez é considerado bárbaro tanto pelos Khoush quanto pelos Himba. Contudo, Binti, após ter parte do DNA das medusas fundido com o seu e se tornar elo entre esses povos, também descobre que tem sangue dos nômades do deserto. Alías, a transformação de Binti ao longo da história é constante. Não apenas física quanto de mentalidade. Uma metáfora para as transformações que os negros foram submetidos (muitas vezes contra a sua vontade) ao longo da história. A história revolve o passado de Binti para que ela solucione os problemas do presente da melhor forma que ela consegue. Essa passagem da adolescência para a fase adulta da vida, é um tema em comum de obras YA (Young Adult, Jovem Adulto) mas para um leitor mais velho como eu, que não se comove tanto por obras retratando um adolescente tenta encontrar um lugar no mundo, Binti não soa adolescente de 17 anos que é. Acredito que isso se dê pelas experiências de amadurecimento forçado que mulheres em geral tem principalmente em comparação aos homens, amplificadas pela situação da personagem.

O mundo de Binti é muito instigante pois a revelação de tecnologia escondida sob uma pretensa inferioridade dos Povos do Deserto foi explorada com riqueza. Alías riqueza define bem esse mundo cheio de formas convivendo, principalmente na UniOomza. Infelizmente não vemos mais desta universidade em Binti. Os coadjuvantes também contribuem como catalizadores das transformações da protagonista mas não tem seus próprios arcos tão bem desenvolvidos. Okwu, a medusa tem a estranheza e carisma que só uma criatura nada mamífera poderia ter. Dele e Mwinyi, representam seus povos, Himba e do Deserto. Dele tem um arco próprio mas aparece muito pouco enquanto Mwinyi aparece mais mas é apenas um guia. Mesmo não tendo um desenvolvimento próprio eles soam bastante reais e não desviam o foco que é em Binti. Acho uma característica perdoável em uma trilogia de novelas pois não há tanto espaço.

O salto geral é bastante positivo. A saga encerra-se bem sem necessidade de continuações, pois se para uma boa história o protagonista precisa encerrar de forma diferente de como começou, Binti faz seu dever de casa com louvor, pois o que mais acontece com ela são transformações.
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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Resenha #255 O mistério da contrabandista (Ana Rüsche)


"O mistério da contrabandista" (2021) é um conto lançado solo na Amazon pela autora de A telepatia são os outros, Ana Rüsche. Aqui acompanhamos um pequeno robô de serviço numa espaçoporto no cinturão de asteroides. Ele se intriga com uma robota que age muito diferente dos outros, pois ela ostenta uma forma antropomorfizada com o gênero feminino, cabelos roxos além de ser uma leitora voraz e questionadora das realidades estabelecidas pelo robozinho. A ambientação e a escrita são bem leves e gostosas de se ler num conto curto, criando o clima que ajuda a cativarmos pelo protagonista e a misteriosa robota, que não é como qualquer outra, não se esqueça!
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