sábado, 29 de agosto de 2015

Resenha #6 - Ubik (Philip K. Dick)

[SEM SPOILERS]
Philip Dick explora em "Ubik" os limites da realidade e do que ela é feita. A morte, previsão do futuro e alteração da realidade, misturado com toques de humor ao longo do livro. É uma leitura que te força a sair da "zona de conforto", como toda obra do autor costuma fazer.

No mundo de "Ubik" dois tipos de empresa disputam espaço na venda de serviços de (contra)espionagem industrial. Eles contratam precogs (prevem o futuro) e telepatas (leem pensamentos) ou de anti-telepatas e anti-precogs que são capazes de anularem os talentos dos primeiros como uma defesa natural da evolução. Neste mundo também existe a tecnologia para conversar com pessoas falecidas através de um serviço de moratórios, onde os entes queridos são conservados congelados em um estado de meia-vida por um período variável de tempo. 

Joe Chip, que trabalha para a Rucinter e associados como um avaliador de talentos anti-telepata e anti-precog. Ele recebe a incumbência de avaliar uma jovem com uma habilidade anti-precog fora do comum, uma nova etapa na evolução. 

Enquanto isso Glen Rucinter, dono da Rucinter Associados, é um cliente do moratório de Zurique. Ele conferencia esporadicamente com sua falecida esposa Ella Rucinter sobre os caminhos da empresa. Glen aceita um grande trabalho de um cliente misterioso e rico. Reunindo os melhores talentos de sua empresa Glen, Chip e doze inerciais partem para a Lua onde são vítimas de uma emboscada em que Rucinter morre. Joe Chip e sua equipe tem que descobrir o que há por trás da morte de seu patrão e lidar com uma série de eventos bizarros como manifestações de Glen Rucinter em embalagens de produtos e em programas de TV; estranhas e sucessivas regressões de objetos ao passado como televisores em rádios, naves em carros; e ainda tem de lidar com as estranhas mortes dos sobreviventes da equipe. A única solução parece ser Ubik (derivado de ubiquidade). Um misterioso Spray que parece evitar que a realidade se esfacele por um tempo. 


Este é um dos livros mais bacanas do autor. Aqui ele traz uma critica social bem apurada. A cena de Joe Chip, um tipo normopata medíocre, que não tem dinheiro para pagar a porta de seu apartamento é bastante cômica. Mas a profundidade nunca escapa em suas obras e o Ubik é uma alegoria interessante do que faz a sociedade de consumo. Ela é um elemento quase mágico que faz com que as mercadorias ganhem vida. Se parecer absurdo usar um termo tão especifico como mercadoria, repare nos trechos iniciais dos capítulos descrevendo Ubik. 

Se interessou pela obra? Baixe de boas aqui: Ubik (só livro, não o spray ;) )

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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Resenha #5 - O Homem do Castelo Alto (Philip K. Dick)

O Homem do Castelo Alto, publicado em 1962, colocou Philip K. Dick como um dos grandes do gênero. A obra é uma Ucronia, ou seja, os famosos "e se" da história. Nesta obra Dick imagina um mundo em que o Eixo vence os aliados na Segunda Guerra Mundial. Japão e Alemanha entram numa Guerra Fria e os Estados Unidos são divididos em zonas de influência de modo parecido com o que foi feito na Alemanha.
Apesar de toda essa atração que o "e se" proposto por Dick proporciona o livro é bem mais do que isso. O cenário do mundo regulado por Japão e Alemanha é revelado aos poucos ao leitor, fazendo parte dos temas mais profundos.
Toda trama se passa na São Francisco ocupada pelo Japão. Os vários personagens passam pelos seus dramas e compartilham com o leitor de seus pensamentos, geralmente envolto de dramas e temores. Vemos como a cultura japonesa está infiltrada na mente dos estadunidenses. Em que lugar um típico estadunidense pensaria em suicídio como saída para algo desonroso? Mais que mostrar a aculturação de uma cultura sobre a ocidental, a obra é em parte um exercício de alteridade. Philip K. Dick usa o cotidiano para inserir essas aculturações. Um exemplo é o uso constante do I Ching pelos personagens para tomar decisões importantes. O próprio autor usou o livro para determinar os destino dos personagens.
Dick aborda as dimensões paralelas de forma muito profunda. Tudo com o intuito de questionar a realidade. Algo que passaria ser uma constante em suas obras. Vários personagens do livro leem um livro chamado “O Gafanhoto torna-se pesado" (The Grasshopper lies heavy) escrito por Hawthorne Abendsen, o Homem do Castelo Alto. Neste livro é descrito uma realidade em que "Hitler perde a guerra". Juliana Frink, uma judia que vive disfarçada nos estados neutros acredita que esta realidade existe e a história se desenrola a partir daí. Outros personagens são desenvolvidos ao longo da trama como o Sr. Togumi, um eminente taoista japonês e Joe Cinadella, um caminhoneiro italiano com segredos sombrios. De alguma forma os destinos deles e de Juliana e até de Abendsen vão se entrelaçando na história. Precisa mais pra começar a ler?
Baixe O Homem do Castelo Alto de boas aqui no blog! Aproveita para conhecer e baixar outras obras do autor clicando aqui e tome uma overdose de PKD.
mapa dos Estados Unidos repartidos nas zonas de influência
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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Você já leu "The grasshopper lies heavy" de Hawthorne Abendsen?

A não ser que você seja de uma dimensão paralela perdido por aqui você nunca leu este livro. Trata-se de uma obra de ficção que existe apenas no mundo criado por Philip K. Dick em "O Homem do Castelo Alto". Neste livro de PKD a 2º Guerra Mundial foi vencida pelo eixo e o mundo passa por uma Guerra Fria entre Alemanha e Japão. "The grasshopper lies heavy" foi escrito por Hawthorn Abendsen. O personagem foi perseguido e teve de se refugiar numa fortaleza chamada Castelo Alto devido a popularidade do livro.

Esta obra imaginária (assim como é o Necronomicon de Lovercraft) traz uma realidade alternativa em que o eixo perde a guerra. É fácil imaginar que o mundo retratado seria o "nosso". Contudo temos um terceiro cenário descrito no livro, apesar de mais parecido com o nosso e também de não termos muitas informações para além das conversas e divagações dos personagens. 

Nele Roosevelt sobrevive uma tentativa de assassinato, mas não tenta a reeleição em 1940. Quem assume a presidência dos EUA na guerra é Rexford Tugwell. Pearl Harbor não foi tão grave pois a frota naval era maior no Pacífico. Já a Inglaterra tem protagonismo na vitória da guerra. A virada sobre o eixo na guerra começa a partir da vitória sobre Rommel, passando pela vitória decisiva em Stalingrado, junto aos russos, culminando com tanques britânicos invadindo Berlin. A Itália traindo o eixo segue igual a nossa história.

O mundo que se redesenha a partir desta vitória é uma guerra Fria entre Estados Unidos e o Império britânico. O racismo imperial inglês é motivo de tensão entre as duas superpotências neste cenário. Os EUA tem na China (com Chiang Kai-shek) seu grande aliado enquanto o império britânico tem os russos numa forma pós-URSS?. Assim cabe aos EUA desafiar o poder do Império e falhar deixando os britânicos como os grandes vencedores.

Se mapas com o mundo de "O Homem do Castelo Alto" já são coisas doidas de se ver, um com "The grasshopper lies heavy" não fica atrás.

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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Resenha #4 - Maravilhosas distopias (Vários Autores)

A coleção de contos “Maravilhosas Distopias”, reúne um punhado de contos bem curtos e inéditos de autores nacionais com as mais variadas experiências, além do próprio organizador Maurício Coelho. São 11 contos dentro de 86 páginas. A obra foi lançada este ano em pdf para download grátis pela plataforma lulu, e a versão impressa pode ser adquirida com o organizador e pela editora. Procurei fazer breves comentários conto a conto, com nota individual. Mas antes, um pouco da obra em geral.

As abordagens que predominaram trouxeram distopias em terras tupiniquins e em lugares universais. Nada de história passada nos Estados Unidos, lugar comum no gênero, e a criatividade agradece. Em relação as origens das distopias temos mais ocorrências de contos que seguiram a linha de regimes autoritários (“Asfixia”, “Surface Down” e “Escapismo Suicida”) e também com cenários frutos de desastres naturais (“A chuva”, “A Liga invisível” e “Lei do mais forte”, “Sobre Corações Partidos E Curas Indesejadas”). Enquanto aliens e OVNIs aparecem em “A Abdução de Lucas”, este não é uma distopias. “Crimes Cibernéticos” entraria no subgênero de pós-cyberpunk, assim como, enquanto “Mais um pedaço de carne”, até se passa num ambiente do cyberpunk clássico, mas a personagem “marginalizada” não conduz a história. O cyberpunk clássico teve apenas uma aparição, em “Surface Down” de Ivan Sikorsky, que abre o livro, mas foi bem representado. 

Meu destaque positivo é “Sobre Corações Partidos E Curas Indesejadas”, de Márcia Dantas, que abordou a diversidade de modo profundo e com protagonismo feminino no seu conto. No geral a coletânea é muito boa, a maioria dos contos vão de bom a muito bom. Não são alguns contos que de repente você não curte que estragam um livro deste tipo. Coletâneas são assim mesmo. Se falta incentivo para ler, vale dizer que ele é um livro curto (vais ler rapidinho) e a versão pdf é gratuita. Atribui nota aos contos em separado, mas não ao livro como um todo, pois faço notas apenas para comparação e não dou nota em si. Vamos aos contos em separado:

Surface Down - Ivan Sikorsky
Um pequeno grupo de hackers travam uma resistência inglória contra uma organização chamada “A Bolha” que instaurou uma ditadura global. O conto parecia tomar um ritmo de distopia juvenil, mas o desfecho me fez mudar de ideia. É um conto no melhor estilo cyberpunk. Nota: 5/5

A Liga Invisível – L. A. Nuñes
Uma crise hídrica torna o Brasil um cenário de várias guerras, intervenções externas, resistências locais, pestes e degradação do tecido social. Emergidos deste cenário uma liga com os mais variados tipos se une entorno de um ideal anárquico. O conto centra-se na descrição do cenário político e da chamada “Liga Invisível”, contudo não chega a desenvolver uma história. Nota: 2/5

Asfixia – Lu Days
O “Poder” domina o mundo deste conto claustrofóbico em que cinco pessoas formam um grupo de prisioneiros heterogêneo. Na visão de uma prisioneira, histórias de traição, rebeldia e opressão em uma cela secreta. O final brusco pode tanto desagradar o leitor mais metódico quanto agradar outros. Neste caso caiu bem. Nota: 3/5

Lei Do Mais Forte – Claudia Mina
A lei do mais forte não é apenas o fio condutor deste conto, é o personagem principal e condensa o que emergiu deste mundo destruído. As reviravoltas em tão pouco espaço surpreendem. Os personagens são inseridos e removidos da história do mesmo jeito que o mundo criado pela autora os vê: desesperados e descartáveis. Nesta distopia nem os fascistas sairiam de casa. Nota: 5/5

A Abdução de Lucas – André Luís Pinto
Uma história de abdução, cercada de mistério. Lucas é um pacato interiorano que vai casar e é abduzido e transa com uma das alienígenas (safadinho!). Depois de muitos anos eles retornam revelando o motivo da primeira abdução (e querendo transar denovo). O final aberto não me agradou e prejudicou a apreciação. Nota: 1/5

A Chuva – Gabriela Leão
Um pacato funcionário de escritório em um dia de chuva é retirado bruscamente do seu cotidiano. Uma distopia catastrófica parece estar se formando diante dos seus olhos. A leitura é consistente e envolvente. Vale a pena ser lido bem devagar para aproveitar cada momento. Nota:5/5

Crimes Cibernéticos – Davi M Gonzales
Um agente do Governo Central caça pedófilos que compartilham vídeos que imergem profundamente na mente. O conto explica muito bem as situações. Contudo a história se desenvolve e os personagens não, o que dificulta o envolvimento do leitor. Nota:2/5

Sobre Corações Partidos E Curas Indesejadas – Márcia Dantas
A Dr. Dias busca a cura de uma doença que ela não consegue entender. Sua cobaia humana Leila a envolve a ponto de fazer a Dr. Dias questionar tudo pelo qual vem trabalhando. É um conto sobre diversidade e alteridade. Uma ficção científica com crítica social e ao cientificismo. Este conto é o ponto forte da coletânea. Nota 5/5

O Refúgio – Amauri Chicarelli
A personagem principal, uma ex-cientista nuclear, depois vira ativista antinuclear, vive uma espécie de profecia autorealizável do velho medo de um apocalipse nuclear dos tempos da Guerra Fria. O conto tem muitas reflexões interessantes, como o questionamento da realidade, mas dá um desfecho demasiado aberto. Nota: 3/5

Escapismo Suicida – Maurício Coelho
Este conto de tiro curto, traz o personagem principal em uma tentativa desesperada de escapar de uma cidade tomada por uma ditadura feroz. A reflexão sobre o suicídio fica na cabeça depois de terminada a leitura, difícil falar mais sem entregar todo o conto. Nota: 4/5

Na versão impressa o organizador deixou outro conto que se chama "Locus Amoenus".

Mais um Pedaço de Carne – Jean Thallis
Um homem solitário busca uma companhia e compra/aluga literalmente uma mulher para seu prazer. As reflexões do conto são muito atuais sendo essa distopia é apenas um exagero do que é nossa realidade hoje. Contudo a narração através do homem faz a história perder uma personagem feminina bem mais instigante em função dos detalhes eróticos. Nota:3/5
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sábado, 22 de agosto de 2015

A Triologia do Sprawl (+Blue Ant) para baixar

A Trilogia do Sprawl é uma leitura obrigatória para entender o Cyberpunk, ao menos o primeiro livro, Neuromancer. William Gibson traz todos os elementos do lema High Tech, Low Life explicado por Lawrence Person: “os personagens do cyberpunk clássico são seres marginalizados, distanciados, solitários, que vivem à margem da sociedade, geralmente em futuros distópicos onde a vida diária é impactada pela rápida mudança tecnológica, uma atmosfera de informação computadorizada ambígua e a modificação invasiva do corpo humano.”
Baixe as obras de boas aqui no blog

TRILOGIA DO SPRAWL
NEUROMANCER (1984) - Leia a resenha do blog
COUNT ZERO (1986)


TRILOGIA BLUE ANT
RECONHECIMENTO DE PADRÕES (2003) - Não disponível

OUTRAS OBRAS DO AUTOR
IDORU (1996) 

A MÁQUINA DIFERENCIAL - com Bruce Sterling (1990)

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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A experiência religiosa de Philip K. Dick

Publicado na revista Weirdo #17 por Robert Crumb, "A experiência religiosa de Philip K. Dick" nos mostra em páginas de HQ eventos importantíssimos na vida do autor que o levou a escrever escrever VALIS. Fora os livros é uma leitura obrigatória para os fãs de sua obra e ajuda a entender um pouco do que se passa em sua mente. (fonte: Ovelha elétrica)  
 
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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Resenha - Blade Runner, o Caçador de Andróides

Como comentei o livro que baseou o filme "Blade Runner - O Caçador de androides", prometi (a pedido dos meus milhões de fãs) resenhar o filme em conjunto e dividindo a análise em duas postagens. Agora segue meus breves comentários, esperando outro fã do filme para trocarmos impressões.



Resenha do Filme: Blade Runner (1986)


A premissa da caçada aos androides fugitivos pelo caçador de recompensas Rick Deckard numa Los Angeles futurista distópica é a mesma do livro. Isidore, a necessidade social de ter um animal vivo e o mercerismo ficaram de fora. Contudo o filme tem a qualidade de não tentar contar todos os aspectos do livro num filme de 2 horas e isso é a maior qualidade do filme. Ridley Scott privilegiou o debate do Frankenstein cyberpunk, trabalhando com os limite da humanidade, quando seres criados artificialmente seriam tão inteligentes quanto o seres humanos. 


A estética cyberpunk foi explorada com maestria. O lema "high tech, low life" foi transposto com competência para as telas e isso contribuiu para a película ser elevada a filme cult.. O mundo que vemos nas telas evoluiu em vários aspectos tecnológicos - repare bem que todos voltados para o consumo - mas a sociedade parece cada vez mais afundada em desagregação e individualismo.


A dualidade de Deckard e Isidore mediada pela religião da empatia deu lugar aos limites da humanidade na relação Deckard e os androides, principalmente Rachel Rosen. Estes pós-humanos, são uma visão da pós-modernidade. Eles encarnam aspectos da sociedade que podemos enxergar na nossa atualmente.

Rachel Rosen (Sean Young) a Femme Fatalle que confunde Deckard com seus jogos mentais que escondem a mesma fragilidade dos demais replicantes, suas memórias são implantadas e sua vida útil é de 4 anos*. A fuga de Rachel com Deckard é uma fuga para encontrar uma própria identidade pois diferente dos outros ela é criada por Tyrrel como sua sobrinha. 


As replicantes Zhora e Pris são outros dois exemplos de tentativas de encaixe na sociedade. Zhora é cercada de simbolismos. Ela dança num cabaré com uma cobra e usa o nome de Salomé, ao mesmo tempo que atuava com soldados de forças especiais. É morta de forma covarde, alvejada pelas costas, e cai em meio a cacos de vidro como um produto sem serventia a sociedade. Já Pris é literalmente uma Sexy Doll criada para servir aos colonos sexualmente. Sua feminilidade é ligada a prostituição, uma mulher que engana os homens, como Sebastian. Ambas morrem na caçada de Deckard.



Roy Batty (Rutger Hauer)é a psicopatia e paradoxalmente a vontade de viver. É retratado como violento e perigoso, como um invasor da Terra, contudo ele é um eterno fugitivo. Seus assassínios são parte de sua tentativa de entender a vida. Todos os replciantes tem este padrão de procurar recontruir um passado e encontrar um sentido para a vida. Eles colecionam fotos, assimilam comportamentos de outros não para dissimular e enganar por serem "malvados", mas porque eles não tem lugar no mundo que os concebeu como descartáveis.

O dilema que Rachel instiga em Deckard, se ele não seria também um replicante, não se refere apenas a sua condição física, mas também a sua condição existencial, mesmo sendo humano todos nós somos um pouco replicantes. No livro Deckard se questiona o tempo todo se "aposentar" um replicante é tão errado quanto matar um humano. 


No filme não há como expor essas dúvidas, apenas pela amargura do personagem então a cena de Roy Batty que depois de toda a pancadaria e tensão de uma cena de ação final salva Deckard e contempla o seu fim inevitável com uma bela reflexão poética 


I've seen things you people wouldn't believe. Attack ships on fire off the shoulder of Orion. I watched c-beams glitter in the dark near the Tannhäuser Gate. All those moments will be lost in time, like tears in rain. Time to die.
Eu vi coisas que vocês não imaginariam. Naves de ataque ardendo no ombro de Órion. Eu vi raios-c brilharem na escuridão próximos ao Portão de Tannhäuser. Todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morrer.
A frase Todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva foi inserida pelo próprio Hauer. Deckard teve a certeza de que era um assassino e não um "aposentador" de máquinas e decide que não quer mais isso.

Os finais são muitos e cada um conta um destino para os personagens sobreviventes. O final que Deckard foge com Rachel em uma estrada limpa sob um céu azul é a mais comercial, o final feliz hollywwodiano que é execrado pelos fãs. Existem outros finais mas mereceriam um post só para falar disso.


* em um dos finais deckard descobre que a vida de Rachel é indefinida.


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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Afrofuturismo em imagens: conheça a arte que pensa o futuro

Afrofuturismo é uma mistura de ficção científica e cultura africana. Uma filosofia que rege diversos trabalhos de artistas negros na cultura imaginando um futuro onde o cara negro não morre primeiro, ou seja tem protagonsimo. Neste post trago um pequena amostra de imagens feitas por artistas imbuídos desta filosofia, listados aqui. Se curtir o artista, clica no nome e verá mais de sua obra.





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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Resenha #3 - Androides sonham com ovelhas elétricas? (Philip K. Dick)

Lançado no Brasil com o título "Blade Runner" e "O Caçador de androides", com o claro intuito de surfar na onda do filme que foi basado Do Androids Dream of Electric Sheep? ganhou recentemente uma reedição com um titulo fiel ao original: "Androides sonham com ovelhas elétricas?" Apesar do filme ser absurdamente bom, o livro trabalha aspectos que a película simplesmente não poderia conceber com qualidade em duas horas de filme. Pretendo comentar ambas as obras. Primeiro a literária e depois a cinematográfica.

Resenha do livro: Androides sonham com ovelhas elétricas?

A historia acompanha em paralelo dois personagens: Rick Deckard e John Isidore. Eles vivem em futuro distópico em que uma guerra nuclear contaminou o ar, o solo e praticamente extinguiu a vida animal no planeta. Existem colônias fora do planeta onde androides (replicantes) semelhantes a humanos fazem o trabalho duro. Os que escapam das colônias e fogem para a Terra tem as cabeças postas a prêmio. A polícia paga, por cabeça, caçadores de recompensas para "aposentá-los". Essa é a profissão de Rick Deckard. Contudo os androides que fugiram recentemente são diferentes dos demais. São do modelo Nexus-6. Sofisticados a ponto de confundir os métodos de detecção dos caçadores. 

Deckard é incumbido da missão de aposentar os seis que recentemente fugiram para a terra. Ele é motivado pelo desejo de juntar dinheiro para comprar um animal vivo. É o bem mais precioso para um habitante classe média da Terra. Quem não tem condições de comprar um animal vivo, o substitui por um animal elétrico muito parecido com um de verdade.

Em paralelo temos John Isidore. Ele é um auxiliar de "veterinário" de animais elétricos. Considerado anormal por não ter ido bem no teste de Q.I. Isidore não tem autorização para sair da Terra. Ele é adepto de uma religião chamada mercerismo, que prega a empatia como forma de conectar-se ao divino. É a partir daqui que a história se desenrola. 

Sentir empatia ou não é a grande tônica do livro. Deckard busca um animal genuíno pois é o modo de socialmente mostrar que tem empatia para cuidar de um animal. Seu vizinho tem um animal verdadeiro e exibe para todos no prédio onde moram. É algo imposto pela sociedade como possuir um carro na nossa. Já os androides, apesar de muito inteligentes, não possuem essa faculdade emocional. Contudo Isidore, considerado anormal, muito menos inteligente que um androide, é plenamente capaz de sentir empatia. Durante a obra é o ser mais empático e emocional de todos.

A questão "quem sou eu" ou "quem somos nós" perpassa toda a obra de Philip K. Dick. A relação de Deckard com uma das androides, Rachel Rosen, colocam o questionamento título do livro. Como um Frankenstein cyberpunk, os androides do modelo nexus-6 são tão similares a humanos que Deckard se coloca em dúvida sua própria condição de humano. Suas memórias seriam implantadas? Sentia realmente empatia ou sua busca por um animal era apenas o instinto de sobrevivência para que ninguém (inclusive ele) descobrisse ser um androide?

Com Isidore a relação com a religião da empatia - o mercerismo - é mais intima que com Deckard, que não pratica o ritual, afinal ele mata androides o que o afasta do principio de empatia. Coisa que Isidore não deixa de fazer. Este consiste em acessar uma caixa de empatia. Objeto que o conecta a um estado alterado de consciência (como estar drogado, por exemplo). Enquanto "entorpecido", os fiéis são conduzidos a uma representação onde podem sentir-se como o próprio profeta da religião Wilbur Mercer (qualquer semelhança com o nome deste blog não é mera coincidência). A experiência é descrita em semelhança ao mito de sísifo, onde se empurra uma pedra morro acima para sentir as dores, se penitenciar, e a conectando-se a todos que estão usando a caixa naquele momento.

Considerações finais
A possibilidade de debate que este livro concebe é o maior beneficio que esta leitura pode fazer. Se isso não serve de atrativo para a leitura, apenas a viagem na psicodelia futurista do autor já vale a leitura. Contudo é difícil ficar impassível de questionamentos que a obra desperta.

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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Artes conceituais do filme Blade Runner

A estética cyberpunk se popularizou a partir do filme Blade Runner. O filme se tornou um cult, mas não instantâneo, não foi sucesso quando lançado e ganhou reconhecimento mais adiante e se tornou um padrão para os filmes de ficção cinetífica na década de 80, de Mad Max a Exterminador do Futuro, passando por todos os filmes b que passavam na bandeirantes, o visual destruido combinado com alta tecnologia só foi superado (ou seja, tornado um novo padrão a ser pasteurizado) por Matrix. Este também inspirado conceitualmente em outra obra cyberpunk, Neuromancer. Para apreciar esta estética, veja as artes conceituais de Syd Mead, feitas para a produção de Blade Runner






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sábado, 8 de agosto de 2015

Resenha: O Homem da Terra


Em O Homem da Terra (Man from the earth - 2007) trás a história de John Oldman, um professor de história universitário que decide se mudar da cidade sem dar motivos nem dizer para onde está indo. Seus colegas montam uma festa de despedida. Aproveitam a oportunidade seus amigos o pressionam para contar os motivos de sua mudança repentina. E ele conta: Ele é um homem de 14 mil anos de idade!

Um grande debate se desenrola entre ele e seus colegas, um biólogo, um arqueólogo, um historiador, uma especialista na exegese de textos bíblicos, um antropólogo e um psicanalista. A grande sacada do filme é que tanto a possibilidade de ele estar falando ser verdade quanto de tudo isso não passar de uma brincadeira de mal gosto são logicamente corretas.


A desesperança é o traço mais forte do filme. Quando se imagina uma pessoa que tenha vivido todas as eras da existência, espera-se alguma pista de algo universal, definitivo ou divino. Não. Não há mensagem. Sequer uma pista de uma cosmogonia, nem escatologia.

Um mar de instigantes reflexões sobre as perguntas mais comuns e importantes da filosofia te esperam, seja para fritar seus neurônios ou te colocar pra dormir, pois não há uma cena de ação, apenas diálogos. Imagine um filme do Michael Bay reverso.

Bom para ver e melhor para se debater depois, ou não.

Veja no youtube. 
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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Resenha #2 - Vemos as coisas de modo diferente (Bruce Sterling)

"Vemos as coisas de modo diferente" é um conto de autoria de Bruce Sterling. Já figurou algumas coletâneas, contudo o conheci na "Futuro Proibido". Resolvi resenhar este conto por considerar o melhor da coleção.

O conto narra uma visita de um jornalista do cairo aos EUA. Contudo esse país e o mundo já não são mais os mesmos. A antes orgulhosa potência mundial, vive de exportar matérias primas e artistas de rock, como o que vai ser entrevistado pelo personagem principal.

A grande atração do conto é sua narrativa em primeira pessoa, que nos coloca na visão de um árabe, que pensando como tal, trás observações interessantes e até divertidas sobre coisas corriqueiras da cultura ocidental. É um tremendo exercício de alteridade. 

Sterling traz na sua literatura algo muito presente no pensamento do filósofo Edward Said quando trouxe sua visão de orientalismo. Trata-se da construção eurocêntrica que se desenvolveu sobre as regiões da ásia e norte da áfrica, criando uma série de taxações que orbitam o exótico, perigoso e descivilizado. Essa visão nos faz jogar coisas como islã, homem-bomba, garganta cortada, violência, fanatismo, tudo no mesmo saco sem se dar o trabalho de entender a riqueza da cultura da região. No conto os incivilizados são os ocidentais.

Interessante foi que Sterling viu uma União Soviética destruída por uma bomba nuclear detonada por mujaheedins afegãos. O conto data de antes da queda do comunismo no país e não deixa de ser muito perspicaz do autor, já que a maioria da FC antes de 1990 não conseguia imaginar um mundo fora da guerra fria. 

A Ficção Científica como qualquer literatura sempre fala mais do presente que do futuro e a FC não escapa dessa máxima. Contudo o conto de Sterling é de uma atualidade muito relevante quando pensamos a situação política mundial.
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terça-feira, 4 de agosto de 2015

Philip K. Dick - Livros para baixar e todas as resenhas

Philip K. Dick é meu autor preferido em Ficção Cientifica. Sua obra imaginou o futuro pensando no presente. Dick não se limita a pensar apenas na ciência, mas faz uma ficção cientifica que contempla e filosofa, religião e temas sociais de forma crítica. Muitas características das sociedades que imaginou se concretizaram em nossa sociedade. Seus personagens principais subvertem os clichês dos exploradores espaciais virtuosos e se mostram com fraquezas de caráter que os tornam muito genuínos. Suas histórias são intrigantes, criativas e já foram base de vários roteiros cinematográficos, que infelizmente nem sempre foram adaptados preservando a originalidade do autor.

Se você tiver algum conto ou romance faltante deste autor, mande para este email que atualizaremos este post: wilburdcontos@gmail.com

Clique nos títulos para acessar a obra, e em "Leia nossa resenha" para acessar a resenha da obra aqui no blog.

ROMANCES

A MÁQUINA DE GOVERNAR (1960) Leia nossa resenha


No livro "À Espera do Ano Passado" viajamos a um futuro próximo, e encontramos uma humanidade que se move no espaço interplanetário, mas que se encontra espartilhada numa guerra aparentemente invencível contra um inimigo alienígena. O seu incerto futuro está depositado nas mãos de um único homem, Molinari, uma figura enigmática e obscura. Mas conseguirá este líder supremo da humanidade salvá-la de um fim catastrófico? (Ainda sem resenha nesse blog)



A obra descreve uma população toda vivendo no subsolo da Terra convivendo com imagens falsas feitas pelo governo, onde se vê uma Terra devastada. Porém a terra está intacta e desfrutada por uma elite. (Ainda sem resenha nesse blog)


Terra, ano 2014. Sete bilhões de pessoas procuram uma solução para os problemas que a explosão demográfica gerou. A solução é trasladar parte dos habitantes do planeta para os campos verdejantes de Whale's Mouth, o nono planeta do sistema Fomalhaut, imagem que uma campanha promocional faz chegar aos televisores. Mas a neocolônia distava 24 anos-luz da Terra. O sistema Telpor, no entanto, resolveria o problema fazendo a viagem em 15 minutos. Milhões de pessoas já haviam percorrido este caminho eletrônico, mas ninguém retornara para contar a verdade. (Ainda sem resenha nesse blog)




Num futuro em que a existência de Deus (o Fabricante de Homens. o Intercessor. O Caminhante na Terra) e seu oposto (0 Destruidor da Forma) já foi provada cientificamente, em que se estabeleceu contato eletrônico com a divindade, um grupo de homens e mulheres estão perdidos num planeta deserto, sem possibilidades de pedir ou receber socorro. Estão sujeitos à ação de forças misteriosas, estão sendo mortos por essas forças, presos a angústias e sentimentos milenares, que atravessaram o passado e continuam no futuro. Mas o que está acontecendo de fato em Delmak-O? A ilusão é realidade ou a realidade é ilusão? Labirinto da Morte é uma obra inteligente e instigante, repleta de suspense, que prenderá e surpreenderá o leitor até a última página. (Ainda sem resenha nesse blog)

Philip K. Dick choca sonhos privados contra as batalhas públicas em um romance de ritmo rápido e provocante que, finalmente, aborda a nossa salvação, tanto como indivíduos e como um todo. (Ainda sem resenha nesse blog)




O HOMEM DUPLO ou REFLEXO NA ESCURIDÃO - (1973) Leia nossa resenha


VALIS - (1978)
A vida de Horselover Fat sempre foi repleta de paranoia e episódios depressivos. Apesar de tentar ajudar os amigos, nunca obteve muito sucesso. Presa de sentimentos confusos e pensamentos intrincados, ele ocasionalmente flertava com a ideia do suicídio. Mas tudo muda quando Fat (ou Phil, a distinção nem sempre é clara) é atingido por um intenso feixe de luz rosa. A partir de então, dá início a uma verdadeira jornada pessoal para entender o que aconteceu; se foi um momento de loucura ou se, de fato, uma entidade divina se revelou para mostrar-lhe a verdadeira natureza do mundo. Transitando entre a mística religiosa, o gnosticismo e a tecnologia extraterrestre, Fat sai em busca de um messias reencarnado que já teria passado pela Terra e acaba percebendo que as fronteiras da realidade começam a ficar cada vez mais difusas. Um dos últimos livros escritos por Philip K. Dick, Valis espelha o conjunto de experiências e ideais teológicos do autor. Sua narrativa quase autobiográfica, repleta de digressões filosóficas e religiosas, é leitura absolutamente essencial para compreender a visão de mundo de um dos mais geniais escritores de ficção do século 20. (Ainda sem resenha nesse blog)


Vencer o confronto final entre o bem e o mal é a missão de Emanuel, um menino de dez anos. Mas ele não é uma criança qualquer. Emanuel é o próprio Deus que retorna a Terra, vindo do longíquo planeta de metano, CY30-CY30B. Criado pelo profeta Elias, Emanuel é obrigado a frequentar uma escola especial devido as lesões cerebrais causadas por um acidente automobilístico que vitimara sua mãe. Na escola, Emanuel conhece Zina, uma menina com poderes sobrenaturais, que lhe revelava Sua natureza divina, a razão de Sua existência em nosso planeta e Seu envolvimento com ela. (Ainda sem resenha nesse blog)


O bispo Timothy Archer é o mais carismático dos chefes da Igreja da Califórnia, um sincero defensor da verdade, disposto a modificar, ou mesmo a abandonar os mais secretos dogmas da fé cristã, disposta a defender que as mais célebres palavras de Cristo se encontravam registadas duzentos anos antes de Ele ter nascido, disposto, até, a ser julgado como herético. A morte arrebata-lhe os que lhe são mais queridos: o filho, Jeff, e a amante, Kirsten, mas Timothy Archer não deixará que nada interfira na prossecução da sua busca. (Ainda sem resenha nesse blog)


COLETÂNEAS DE CONTOS

SONHOS ELÉTRICOS 
contosPeça de Exposição (Exhibit Piece); Autofab (Autofac); Humano é (Human is); Argumento de Venda (Sales Pitch); O fabricante de gorros (The Hood Maker); Foster, você já morreu (Foster You're Dead); A coisa-pai (The Father-thing); O planeta impossível (The Planet impossible); O passageiro habitual (The Commuter); O enforcado desconhecido (The Hanging Stranger). Leia nossa resenha.


VINGADOR DO FUTURO
contos: Vingador do Futuro (ou Podemos recordar para você por um preço razoável - We Can Remember It for You Wholesale); A mente alienígena (The alien mind); Revanche (Return Match); Não julgue pela capa (Not by its cover); A formiga elétrica (The Electric Ant); A pequena caixa preta (The little Black Box). Leia nossa resenha.

MINORITY REPORT - A NOVA LEI
contos: Minority Report (Relatório de minorias); Em Jogos de Guerra, (War Game); O que dizem os mortos, (Wath the Dead Men Say); Ah, ser um Bolho! (Oh, to be a Blobel!); Podemos recordar para você por um preço razoável (We Can Remember It for You Wholesale); A fé de nossos pais (Faith of Our Fathers); A história que acaba com todas as histórias (The Story to End All Stories); A formiga elétrica (The Electric Ant); A segunda variedade (The second variety); O impostor (Impostor). Leia nossa resenha.

contos: Lembramos para você a preço de atacado, Segunda variedade, Impostor, O relatório minoritário, O pagamento, O homem dourado e Equipe de ajuste. (Ainda sem resenha nesse blog)


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