segunda-feira, 30 de maio de 2022

Resenha #237 - O Exército de Mutantes, Perry Rhodan 6 (W. W. Shols)


[As resenhas do blogue não costumam ter spoilers, mas para esta série não teremos esta preocupação. Pois ela será escrita pensando em trocar ideia com os leitores que já leram as obras. Além disso contar o enredo das primeiras histórias não constitui grande prejuízo para quem deseja começar a série, mas de qualquer forma fica o aviso]

"O Exército de Mutantes" é o sexto volume da série Perry Rhodan, que diferente do que o título aponta não explora muito os mutantes, porém joga na trama algo que já se esperava após o encontro com inteligências amigáveis (arcônidas), que seria uma invasão de inteligências hostis (cena retratada na capa). Contudo, antes dessa revelação, acompanhamos o recrutamento de Homer Adams, um especulador financeiro que vai ajudar a Terceira Potência a integrar-se usando de táticas que poderiam ser consideradas criminosas ou desonestas. Somando-se isso ao caráter aparentemente segregado do Exército de Mutantes, a Terceira Potência, como Estado independente em meio as grandes potências funciona, ao menos até o momento, como uma Força-tarefa independente para proteção da humanidade. 

Rhodan não precisa superar as potências imediatamente, pois acredita que elas vão perder a razão de existir pela força de seu exemplo, ainda que nesse episódio, quando Homer entra a Terceira Potência, vemos que esta pode andar por uma área cinzenta de moralidade e nem sempre pelo caminho da virtude. Acredito que esta seja a maior contribuição deste episódio para a série, mais que a formalização do Exército de Mutantes.
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segunda-feira, 23 de maio de 2022

Resenha #236 - A Rainha do Ignoto (Emília Freitas)


"A Rainha do Ignoto" de Emília Freitas é uma das primeiras obras de ficção fantástica no Brasil. Publicada pela primeira vez em 1899, porem caiu no ostracismo justamente pelo caráter fantástico e arrojado demais para o naturalismo dominante na literatura brasileira. Emília mistura os elementos fantásticos aos da cultura regional do norte e nordeste para falar sobre a situação das mulheres em uma sociedade que as coloca de lado, as inferioriza e subjuga.

A história começa pelo olhar do Dr. Edmundo, um bom vivant que veio assumir as posses dos pais ricos no Passo das Pedras, no Ceará, quando conhece Carlotinha, uma bela, recatada e do lar, que logo se apaixona por ele. Porém em uma andança pela noite, Edmundo se encanta pela misteriosa Funesta, também chamada de Fada do Areré. Obcecado pelo mistério, Edmundo consegue disfarçar-se até a Ilha do Nevoeiro, local escondido da sociedade onde a Rainha do Ignoto governa uma sociedade utópica de mulheres, que atuam pelo bem em missões disfarçadas na sociedade.

Dominado por uma curiosidade quase obsessiva, Edmundo consegue a ajuda de Probo, para entrar infiltrado na Ilha do Nevoeiro, de forma que pela sua visão acompanhamos primeiro como é a Ilha e como se organizam as Paladinas, e depois, episódios em que as Paladinas ajudam infiltradas na sociedade, mulheres que são maltratadas e enganadas por homens. A literatura que costuma dar o lugar de traiçoeiras e manipuladoras as mulheres, tem um tratamento diferente, as mostrando o lado leal e o lado manipulador de homens, que muitas vezes brincam com seus sentimentos.

O livro tem um final bastante melancólico, mas que faz um excelente contraponto entre a utopia com a realidade. Nos anos 1980 a obra ganhou uma segunda edição, que foi um verdadeiro resgate. Por financiamento coletivo, vieram mais duas edições relativamente recentes. Uma pela Editora Wish e outra pela Editora Fora do Ar, e amsi duas outras exclusivamente digitais. Além de uma antologia baseada na obra. As Artes Mágicas de Ignoto.
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segunda-feira, 16 de maio de 2022

Resenha #235 - Tau Zero (Poul Anderson)


"Tau Zero" de Poul Anderson é um dos clássicos da ficção científica hard, chamada assim por sua aproximação com as ciências exatas, como a física, química e também das ciências biológicas, para separá-las da ficção científica soft onde estariam as obras amparadas pelas ciências humanas. Hoje essa classificação é antiquada pois as ciências humanas não tornam o debate menos complexo ou profundo e quem já cursou qualquer curso superior de humanas sabe bem que não é nada soft.

Classificações a parte, a física é o foco de nossa aventura pelo espaço. Imagine a Teoria da Relatividade afetando a idade dos astronautas em viagens espaciais. Longe da gravidade terrestre, do nosso sol ou até de alguma estrela, os tripulantes de uma nave envelheceriam relativamente de forma muito mais lenta. Com base nessa suposição Poul Anderson imaginou uma nave, Lenora Chirstine com o objetivo de colonizar uma estrela na constelação de Virgem, há 32 anos-luz de distância, no século XXIII. Já era esperado que após 5 anos de viagem, para os passageiros da nave, sejam 33 anos para a Terra. O que já torna a missão praticamente uma missão só de ida. Contudo, um imprevisto, um choque com uma nebulosa impede os sistemas de frenagem funcionar obrigando a nave a aumentar a sua velocidade aproximando-se do valor Tau, que quando chega a Zero é o mesmo que a velocidade da luz. Apesar de não haver tecnologia (nem no mundo do livro, muito menos no nosso) para igualar a velocidade da luz, o valor de contração Tau é a única forma de estimar uma velocidade em escalas tão elevadas. O autor explica bem melhor que eu no livro. No que tange a aventura, o drama dos passageiros é que o tempo na começa a passar relativamente muito mais depressa que o esperado, enquanto a nave cruza o espaço cada vez mais veloz. Distante no tempo e no espaço. Com pouca esperança de encontrar qualquer lugar para colonizar.

A nave é composta por 25 homens e 25 mulheres, entre cientistas e tripulação da nave. Apesar de acompanharmos mais Reymont, o oficial com poderes de polícia, na nave. A nave Lenora Christine é a grande protagonista, pois é em seu ambiente e a sua missão que mobilizam todos os acontecimentos do livro. Podemos fazer questionamentos baseados no conhecimento atual da física, mas ela ainda é suficientemente sólida para os propósitos de extrapolação do livro e ajudam a deixá-lo divertido. Os personagens são pouco trabalhados, mas podemos sentir bem o clima geral de pressão e depressão que vai tomando conta da nave. Os homens ficam ora agressivos, ora apáticos/estoicos enquanto as mulheres dão ataques histéricos, o que faz o livro envelhecer mal. Enquanto a pressão psicológica vai exigindo mais da tripulação, Reymont acaba sendo um esteio de sobriedade e vontade de viver em meio a apatia. Algo que me lembrou outra FC: a relação entre Perry Rhodan e os Arcônidas. Em outras palavras, Reymont é o típico herói espacial: valente e forte tanto física quanto psicologicamente, plenamente capaz de desbravar mundos, colonizando-os.

A história me fisgou, por gostar de ficção científica, onde a parte científica é bem explicada e entendemos ela com facilidade, o que ajuda muito a embarcamos na história. Contudo, é fácil entender que o leitor médio se desgoste do tratamento dos personagens que é, na falta de palavra melhor, mediano, mas suficientemente instigante para nossas próprias reflexões. O final me pareceu um pouco corrido mas de certa forma inevitável em relação ao desenvolvimento e considero satisfatório. Talvez satisfatória até demais. Certamente uma excelente obra da FC e recomendo a leitura.
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segunda-feira, 9 de maio de 2022

Resenha #234 - Alarma Galatico, Perry Rhodan 5 (Kurt Mahr)


[As resenhas do blogue não costumam ter spoilers, mas para esta série não teremos esta preocupação. Pois ela será escrita pensando em trocar ideia com os leitores que já leram as obras. Além disso contar o enredo das primeiras histórias não constitui grande prejuízo para quem deseja começar a série, mas de qualquer forma fica o aviso]

O impossível acontece! Num ataque de surpresa, as superpotências terrenas destruíram, na superfície lunar, a nave dos arcônidas, uma raça semelhante aos homens, que domina um grande império galático. Apenas dois arcônidas sobreviveram ao ataque e encontram-se em segurança junto a Perry Rhodan, o homem que descobriu a nave dos arcônidas e, com o auxílio dos recursos tecnológicos infinitamente superiores dos mesmos, formou a Terceira Potência. Perry Rhodan impediu a guerra mundial que há tanto tempo ameaçava a humanidade. E agora, quando um novo perigo, vindo do espaço cósmico, desencadeia o Alarma Galático, mais uma vez a Terceira Potência realiza uma intervenção decisiva.

"Alarma Galático" é o quinto volume da série Perry Rhodan. Neste volume um grande percalço acaba se tornando uma oportunidade de solidificar a Terceira Potência, frente aos outros governos da Terra. O episódio se divide em três momentos. No primeiro acompanhamos o teleportador Tako Takuda disfarçado para adquirir materiais para que a Terceira Potência possa construir uma nave capaz de fazer cumprir o trato que Perry Rhodan fez em nome da humanidade. É uma parte com espionagem que termina de forma inusitada, com Tako fazendo um acordo com um sindicato de metalúrgicos.

No segundo momento, Perry Rhodan ativa um Alarme Galático, um dispositivo das naves arcônidas quando são destruídas que envia um esquadrão automatizado para dizimar em retaliação ao Império Arcônida. Perry faz uma invasão, retornando o ritmo de espionagem deste volume, para encontrar Alan Merchant e pedir apoio por uma causa maior. O que acaba tornando todo o esforço de Tako inútil, mas providencial visto que as naves automatizadas chegariam muito antes das peças por via ilegal.

Na terceira e derradeira parte, descobrimos que a base automatizada que enviaria as naves robôs, enviaram uma nave do povo Fantan. Rebeldes do Império Arcônida. Rhodan manobra a nave para interceptá-los da única maneira que consegue: dizimando os inimigos em combate. Interessante como a descrição dos Fantan procura enfatizar suas características não humanas, como se eles não fossem sencientes. Para que sua forma repulsiva torne Perry Rhodan menos assassino, uma vez que nenhum fantan sobreviveu a incursão. Apesar de tudo, Rhodan tem motivos concretos para usar o medo de um ataque externo para colocar as potências terrenas ao seu lado e validar cada vez mais a Terceira Potência. Plano que vai ganhar corpo com "O Exército de Mutantes".
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segunda-feira, 2 de maio de 2022

Resenha #233 - O destino de poseidônia (Clare Winger Harris)


"O destino de Poseidonia" de Clare Winger Harris é uma das histórias da autora que surgiu nas antigas revistas pulp dos anos 1920 nos Estados Unidos e que está sendo celebrada pela editora Cyberus com vários lançamentos de contos na Amazon. Este é um dos contos que foram lançados e o segundo da autora resenhado aqui.

Em O destino de Poseidonia, acompanhamos George um astrofísico que vê seu interesse amoroso, Margareth sendo conquistado pelo misterioso Martell. George, tomado pelo ciúmes, começa a investigar Martell e acaba encontrando evidências de seu envolvimento em eventos estranhos na Terra, como a diminuição dos níveis dos oceanos, o desaparecimento de uma aeronave (a Pégasus) e, também, de um transatlântico, o Poseidonia.

Sabemos que as histórias das revistas pulp tinham bastante preocupação em trazer uma virada no final dos seus contos, mostrando que seu protagonista estava errado na forma de pensar. Ao fazer essa leitura, me peguei tentando adivinhar o final e falhando miseravelmente. A autora não perde tempo explicando a razão de todos os eventos espetaculares e isso acabou deixando os contos envelhecerem melhor, o que não signifique sem todos envelheceram bem. Porém se o leitor se deixar levar pelo absurdo e apenas embarcar no mistérios, será recompensado.
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