segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Resenha #224 - Imaginários Vol. 1 (Tibor Moricz, Saint-Clair Stocler e Eric Novello)


"Imaginários Volume 1" É uma revista-coletânea da Editora Draco. O primeiro de uma longa série que reúne várias amostras do fantástico, fantasia e ficção científica. Os contos tem pouco a ver um com o outro (e muito menos com a ilustração da capa) mas consegue trazer boas histórias. 

Coleira do amor (Gerson Lodi-Ribeiro) - Félix perdeu sua amada Theresa mas não consegue aceitar a perda pois tem um sistema inibidor instalado que o impede de parar de amá-la. O conto tem momentos finais muito tensos, que envolvem violência sexual. Apesar do exagero na descrição das cenas, consegue fazer uma boa discussão sobre o livre-arbítrio, em relação aos sentimentos, e o pós-humano. Já resenhado na publicação sobre Fractais Tropicais.

Eu, a sogra (Giulia Moon) é uma fantasia muito divertida sobre uma bruxo que conhece uma nora muito inconveniente. Lembra muito o mundo de A Feiticeira, pela abordagem divertida e bem elaborada para uma ficção tão curta.

Veio... novamente (Jorge Luiz Calife) escrito pelo veterano da FC brasileira, trás uma ficção científica com cara de filme americano enlatado, contando a história de uma família estadunidense que se depara com um contato extraterrestre no deserto de Mojave. O conto é bem escrito mas o enredo não consegue sair do óbvio.

A encruzilhada (Ana Lúcia Merege) Uma fantasia ao estilo clássico, tendo na existência de magia e de uma ordem de magos soldados o foco, tem um início que promete muito mas encerra muito menos. A linguagem é excelente, mas o encerramento dá a impressão de ser algo maior. O que se provou verdade após uma pesquisa pelos enredos nos seus trabalhos.

Por toda a eternidade (Carlos Orsi) conto curto mas que mistura muito bem a ficção científica, crime e humor. É um dos meus contistas de FCB favoritos e eleva o nível da antologia.

"Twist in my sobriety" (Flávio Medeiros) conto que ambienta a Terra pós-invasão pacífica porém tomada de paranoia. Emula o clima da Guerra Fria, onde os vilões são falsos libertadores que trazem muitas benesses mas escondem planos funestos. Os valores individualistas e conservadores são os trunfos do protagonista. Tudo é feito de maneira bastante original e criativa.  

Um toque do real: óleo sobre tela (Roberto de Sousa Causo), Conta a história de um pintor que acorda enxergando o mundo sob o prisma de pinceladas de pinturas do seu estilo. Lembra bastante um enredo de Philip K. Dick pela estranheza mas ela não dura até a conclusão, que traça um caminho longe do estilo de PKD.

Alma (Osíris Reis) mistura fantasia e ficção científica em um conto bastante complexo e reflexivo, principalmente pelo ponto de vista de uma extraterreste que pretende resgatar sua filha.

Contingência, ou Tô pouco ligando (Martha Argel) tem um interessante tom misturando relato com artigo de revista ou crônica, com um argumento ecologista e vários termos ligados a biologia e a geografia. O tom bem humorado faz o conto ser uma leitura agradável.

Tensão Superficial (Davi M. Gonzales) é a aventura de um estudante que junto dos amigos, depara-se com um mistério inexplicável em um prédio velho. O conto é curto mas não consegue engatar até o final fraco.

Planeta Incorruptível (Richard Diegues) narra momentos de uma invasão extraterrestre que tem de lidar com a negação de eventos teológicos católicos como a aparição de santos e a ideia do Deus Único, rejeitados firmemente pela ideologia dos invasores.
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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Resenha #223 - A Terceira Expedição (Daniel Fresnot)


"A Terceira Expedição" (1987) de Daniel Fresnot é uma obra pouco conhecida e, que apesar de datada, tem alguns elementos que gostaria de ver mais na Ficção Científica brasileira. A história se passa no anos 1980, tal como na época em que foi escrito, na pequena cidade de Barra Velha, no interior de Santa Catarina. Acompanhamos o relato de Mané, um operário que sobreviveu a um holocausto nuclear que a princípio dizimou a metade norte do planeta e uma boa parte do hemisfério sul. O relato inicia com os primeiros anos de reorganização entre os sobreviventes, da busca por outras cidades, máquinas, veículos e recursos para reerguer a civilização. Contudo, grande do livro é dedicada a narrar às três expedições que buscaram recursos e vida em São Paulo.

O romance epistolar tem como atrativo as possibilidades promovidas pela parcialidade do depoimento. Contudo, aqui é utilizada como artificio para passar o isolamento que os sobreviventes se encontram. Sem saber se são as únicas pessoas vivas da humanidade. Efeito esse que impulsiona as explorações através das expedições. O relato é perpassado pela esperança de encontrar vida e as frustrações com os fracassos das expedições, em especial a última. Mané não nos esconde esse fato, uma vez que no futuro seria algo de conhecimento público, restando à curiosidade do como tal fato aconteceu.

Outra característica é a verossimilhança do relato de Mané. Isso vai dos detalhes narrados como uma pessoa comum, até o fato de que Fresnot constrói esse relato afastando Mané do protagonismo até o fim. Inclusive alguns detalhes do desenvolvimento são fornecidos por cartas escritas por outros personagens colocadas entre os capítulos. Por consequência, também não há um final apoteótico, mas são coerentes. Há uma porção de esperança no tom da narrativa que entendemos apenas no final, por conta do presente do livro.

Como mencionei no início, o aspecto datado do livro se dá justamente pelo medo de uma guerra nuclear entre as potências da Guerra Fria, que desapareceu do imaginário popular com o fim da URSS. Outro aspecto é a total ausência dos relatos ou sequer de uma interação com personagens femininas (não há diálogos com nenhuma delas), que parecem não terem sido convocadas para as expedições.

A terceira expedição é um bom exemplo do uso da escrita epistolar na Ficção Científica. O autor soube usar a visão de um homem comum, para criar uma verossimilhança surpreendente em um cenário extraordinário. Uma história oral de algo que nunca aconteceu.



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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Resenha #222 - Dieselpunk: Arquivos confidenciais de uma bela época (Gerson Lodi-RIbeiro Org.)


"Dieselpunk: Arquivos confidenciais de uma bela época" é uma sequência de Vaporpunk I e II, tanto como na ordem de publicação da série Mundo Punk da Editora Draco, como do próprio subgênero. Os mundos Dieselpunk são geralmente cenários retrofuturistas onde a tecnologia a vapor é substituída pela diesel, e do ponto de vista histórico é uma versão da bella epóque sem a desilusão das Guerras Mundiais ou de uma crise avassaladora do capitalismo como o Crash da bolsa de 1929. Um prato cheio para imaginar os cenários históricos alternativos e a proposta da antologia é privilegiar cenários brasileiros e lusos. O resultado é uma antologia, que trouxe contos bastante extensos onde os autores tiveram espaço para trabalhar bastante os cenários e costurar essas novas realidades e, de uma forma geral os autores foram muito felizes nesse quesito, trazendo muita diversão para historiador nenhum botar (muito) defeito.    

“Fúria do Escorpião Azul” (Carlos Orsi) trabalha com o cenário em que o Brasil passa por uma revolução comunista nos moldes pseudo-stalinistas, e segue as peripécias de um vingador mascarado que enfrenta o regime descrito com uma dose tão elevada anticomunismo que me fez olhar o nome do autor para ver se não tinha sido escrita por Olavo de Carvalho. Porém, como o autointitulado filósofo já declarou abertamente que a FC é imbecilizante, fica a dúvida se o pseudo-filósofo gostaria da história. Nela acompanhamos o mistério que alterna, o Escorpião Azul e o jornalista chiquinho que investigando uma trama envolvendo um plano nefasto de um cientista comunista que faz algo pior do que comer criancinhas. A história é muito bem escrita, com boas cenas de ação, mas com personagens rasos que dá um tom canastrão a tudo, como o Batman dos anos 60, mas sem o mesmo carisma.

“Grande G” (Tibor Moricz) uma trama conspiratória palaciana/empresarial da família dona de Smoke City, forjada na poluição e motores a combustão. O megaempresário, o "Grande G", enfrenta uma conspiração tramada por seu filho e herdeiro para tomar o poder envolvendo a transferência de tecnologia limpa a cidade vizinha e atrasada Steam City. A trama é envolvente, a linguagem seca e cruel combina muito bem com o teor sádico cheio de cenas de incesto, que sobre mais um degrau que os Bórgias, no quesito sacanagem em família. Ainda que exagerado, muito mais próximo da realidade da burguesia empresarial que os comunistas do conto anterior.

“O dia em que Virgulino cortou o rabo da cobra sem fim com o chuço excomungado” (Octavio Aragão), nos retorna a um cenário de história alternativa, onde um cenário onde a Coluna Prestes (liderada por Luís Carlos Prestes e o tenente Siqueira Campos) e o bando de Lampião, com direito a participação de vários personagens históricos como Maria Bonita e Padre Cícero. Acompanhamos a história de forma parecida como aconteceu nos anos 20. Até um carioca misterioso oferecer armas com alta tecnologia para ambos os lados para que a coluna e os cangaceiros entrem em conflito, porém nada sai como os personagens esperavam. Para um historiador, é um conto cheio de fan service, porém achei os momentos finais bastante corridos. Talvez nem uma noveleta longa seja grande o suficiente para esta história.

"Impávido Colosso” Hugo Vera, conta uma história aventuresca de folhetim onde um Brasil imperial liderada por Dom Pedro III e um Barão de Mauá meio deslocado do tempo, descobrem-se em pé de guerra com a Argentina, patrocinada pelo imperialismo britânico que almeja derrotar o Brasil e o vizinho Paraguai. O conto tem total enfoque nas batalhas de robôs e não decepciona nesse quesito, porém a questão política é abordada de forma pobre e superficial, com patriotismos exagerados e ingênuos. Não me incomodaria se o conto não dispensasse tanto espaço para momentos elogiosos  e vazios dos políticos. Uma enxugada na patriotada para a adição de uma segunda batalha faria muito bem ao conto.

"País da Aviação" (Gerson Lodi-Ribeiro) ao invés de trabalhar um cenário Dieselpunk propriamente dito, na visão de um personagem em específico, o autor optou por fazer um panorama da Hegemonia Francesa, resultado do sucesso dos planos de conquista de Napoleão quando sai vitorioso na Batalha de Trafalgar. Uma vez que nesta realidade, Napoleão contratou Robert Fulton para criar as armas que he deram a vitória. Seguimos vários cenários que acompanham o desenvolvimento do poderio francês na Europa, até o início do século XX quando uma Guerra Fria surge entre os EUA e a França. Um pouco antes, o núcleo principal da noveleta, segue os Irmãos Wright sendo recrutados para serem meros assistentes de le Petit Santos, aqui também inventor do avião. Os cenários que se sucedem são consistentes e fazem muito com o pouco espaço formando um belo panorama do cenário político nesse mundo. Apesar de ter adorado ver as áreas periféricas bem desenhadas, o centro do poder hegemônico ficou muito vago. Porém a coleção de pequenos cenários funcionou bem tanto individualmente quanto no conjunto.

“Ao Perdedor, as Baratas” (Antonio Luiz M. C. Costa) acompanhamos um cenários muito curioso e bem montado. Os indígenas se integraram de forma mais saudável a sociedade brasileira, a revolução industrial aconteceu mais cedo e o cenário político é de eleições tendo Cosme Bento como principal candidato. Acompanhamos um agente de uma potência ao norte que está em uma missão de assassinato para abalar as eleições. O conto adiciona ao cenário alternativo personagens reais (Karl Marx e Richard Wagner) e elementos da literatura (as baratas de Clarice Lispector e Franz Kafka). O autor trouxe uma visão otimista sem cair na ingenuidade em uma história com reviravoltas.   

"Auto de Extermínio" (Cirilo Lemos) um dos meus autores preferidos da FC brasileira, trouxe uma história que privilegia a ação sem perder a consistência histórica, com um toque de New Weird. Nos anos 1920 o Império brasileiro ainda existe, porém seu monarca é um moribundo e sua queda é iminente. Integralistas, comunistas e militares apoiados pelos Estados Unidos estão na iminência de um golpe de estado. Acompanhamos Jerônimo Trovão um assassino de aluguel que terá um papel maior nesse jogo político do que gostaria. Ele é guiado por uma santa que atua como uma consciência exterior premonitória que o ajuda a ficar vivo. Seu filho, nômio, é seu auxiliar e também é acometido do mesmo tipo de visão, porém com um herói de HQ estadunidense. A noveleta derivou um romance "E de Extermínio" e o conto aumentou a vontade de ler o livro!

"Cobra de Fogo" (Sidemar Castro) trouxe a noveleta mais divertida da antologia. Num Brasil ainda imperial, a Grande Guerra Mundial de 1919-29 foi muito mais devastadora que a da nossa realidade, ao ponto em que a Liga das Nações impor uma "Pax Atômica" transferindo as resoluções políticas para uma forma presumidamente esportiva numa espécie de Corrida Maluca em que cada império compete com um tipo de locomotiva voadora gigante equivalentes a destróieres. O mundo é o cenário onde as etapas são disputadas, e na corrida em questão é por uma boa fatia da Amazônia. Os competidores são, obviamente o Império brasileiro, Alemanha, Áustria-Hungria (governada por Hitler), URSS (liderada por Trotsky), Japão, China, Estados Confederados (o sul venceu a Guerra Civil), Reino Unido, Mongólia, França, Espanha, Holanda entre outros. O bom uso dos clichês da corrida como uma boa fachada para a sujeira da política, espionagem e combates escamoteados uma torrente maravilhosa de referências cinematográficas e históricas. De Damocles Dummont, um espião brasileiro passando por Erving Hömmel, Jesse James III, Amon Göth, Charles de Gaulle, Antoine Saint-Éxupery, Olga Benário e até de Stalker de Tarkovsky e muito mais. É muito fácil imaginar essa novela numa aventura superprodução cinematográfica. Ao menos podemos fazer isso na nossa imaginação!

"Só a morte te resgata" (Jorge Candeias) alia uma linguagem mais sensível e intimista com um mundo alternativo. Se passa no mesmo mundo de "Unidade em Chamas" que saiu na Vaporpunk I, porém já no início do Século XX, onde as passarolas alçaram Portugal a condição de potência. O protagonista, Jefferson, um escravagista do Brasil do Sul que decide lutar contra a Confederação Portuguesa por sua postura multiracial. Acompanhamos as peripécias de Jefferson para retornar ao seu lar após ler uma carta de seu pai, cujo conteúdo conhecemos apenas no final. Apesar de ser difícil se conectar ao protagonista por conta de seu racismo aberto, podemos acompanhar um drama genuíno sem que necessitemos corroborar com sua visão de mundo. Uma pena essa viagem que o conto promove, no segundo e terceiro terço não serem tão dieselpunks quanto a primeira parte, mas ainda sim uma boa viagem.


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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Resenha #221 - Revista Fantástica Caligo número zero


"Revista Caligo numero zero" é lançamento da editora que mostra que está mergulhando de cabeça no Fantástico. Antes, com o lançamento da antologia Outros Brasis da Ficção Científica, abrindo o selo Outros Brasis, agora com uma revista semestral de contos que abrangem Ficção Científica, Terror e outros ramos do Fantástico.

"O Paciente da Segunda-feira" de Pedro Curnivel, é um retrato da paranoia. Conta sobre dois irmãos. Samanta que está na cidade e decide ler cartas do seu irmão, um médico psiquiatra que vai para um vilarejo no interior onde relata sobre um paciente psicótico. O conto é praticamente a leitura das cartas do médico. Particularmente, adoro escrita epistolar, e aqui Pedro consegue envolver o leitor na paranoia, nos fazendo virar páginas alucinadamente, até o derradeiro desfecho.

"Senescência ou como Charlie acorda Clarice" de Tânia Souza. Ficção Científica que não tem um enredo propriamente dito, mas que com muita competência, pinta um quadro de uma vida miserável. Clarice é um ciborgue que vive em um pequeno apartamento. Não há muito mais para se contar, é mais o epílogo de uma história trágica que conseguiu misturar cyberpunk e cotidiano sem agredir os elementos principais de duas narrativas tão diferentes.

"Divina Rotina" de Davenir Viganon, conto de minha autoria, é sobre Divino e seu dia de trabalho comum no inferno. Procuro aliar a comédia com situações absurdas, com referências tanto da Divina Comédia de Dante como referências atuais.

"Aysú" de Maria Eduarda Amadeu, é uma amostra da escrita madura para uma autora tão jovem. O conto é uma curta, mas intensa viagem na mente de uma amazona indígena conhecendo o amor, nos perdemos neste mundo diferente ao mesmo tempo que mostra a universalidade do sentimento.

"Ensaio Sobre a Natureza Morta" de Fil Felix trata o fantástico de forma intimista, na história de Giovani que passa por suas decepções pessoais e lidando com seu poder de transformar-se em plantas. A escrita é o tempero do conto, que brinca com a passagem do tempo de acordo com o dom/maldição do protagonista.

"Espiral" Giselle Fiorini Bohn acompanha Ana, que passa a receber a visita de uma pequena menina maltrapilha e que passa a ser sua obsessão pessoal, visto que ninguém parece se importar com seu estado. A condução do conto passa a agonia de não ser ouvido, pela escrita em primeira pessoa e a revelação joga o elemento fantástico na cara do leitor.

"Vazio Tóxico" de Leonardo Jardim, acompanha Horácio um velho professor que tenta sobreviver em um mundo pós-apocalíptico em busca de água enquanto foge do gás tóxico quase onipresente na atmosfera, quando encontra uma biblioteca perdida nos escombros de uma casa e uma menina que vem de muito longe. Geralmente não gosto deste tipo de história mas o desenvolvimento e revelações finais da trama foram bem montados, sem extravagâncias narrativas e me fizeram gostar do conto.

"O terceiro menino" de Amana mostra uma realidade alternativa em que os nazis venceram e a família como conhecemos foi desmantelada. Os jovens são criados com tutores e são descartados após tutelarem o terceiro menino. A autora consegue trazer uma esperança misturada com amargor neste futuro inóspito e claustrofóbico. Construção de mundo e desenvolvimento são maduros e bem feitos. Gostei do conto.

"A casa xadrez" de Bruno Andrade, vai pelo caminho da alegoria ao narrar as viagens de um homem que decide ficar recluso numa residência cheia de segredos que o protagonista tem tanto anseio como medo de explorar. Conto que não demora a expor seu aspecto psicológico e que nos instiga a desvendar o que de fato se passou na mente do protagonista. O final é triste e bem feito.

"Homicídios manchados de rosa" de Thaís Lemes Pereira traz uma história de detetive nos mundos dos contos de fadas. O lenhador entrevista várias princesas e ver como foi o depois do felizes para sempre foi bem engraçado e a revelação final recompensa o leitor pela jornada do lenhador. Excelente final da secção de contos.

Após os contos de tamanho tradicional, a revista também trás minicontos na seção "Histórias para serem lidas durante o bater de asas de uma borboleta" trazendo contos dos autores Amana, Bruno Andrade, Davenir Viganon, Giselle Fiorini Bohn e Tânia Souza. Nesta secção contribuí com três micro contos presentes no livro, "Contos do Gregório ou Pelo direito de acordar metamorfoseado num inseto monstruoso". De uma forma geral a Revista está bem variada nas formas do fantástico e a viagem por estilos e formas diferentes vai agradar ao leitor que busca por coisas diferentes para ler e a secção de microcontos está especial pois adoro essa forma de narrativa. Como em qualquer junção de contos, nem todos vão agradar a todos os leitores mas ninguém poderá dizer que é pela falta de habilidade ou talento dos autores.
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