terça-feira, 28 de julho de 2020

Resenha #142 - Duna (Frank Herbert)

Duna foi lançado em 1965 por Frank Herbert e mesmo sem brilhar nos primeiros anos depois de lançado, ganhou o reconhecimento como uma das obras mais importantes da Ficção Científica. É um clássico que gerou uma série que divide opiniões que geralmente se divide entre os que acham apenas o primeiro livro relevante e os que apreciam todos os 4 volumes. Hoje vou falar apenas do primeiro livro e tentar indicar se é o que o leitor está procurando.

Duna uma Space Opera que conta a história de Paul Atreides, herdeiro do duque Leto Atreides. A história se passa num futuro indeterminado onde governa o Imperador padixá junto com diversas casas de lealdade que dominam planetas como feudos. Um dos planetas mais importantes é Arrakis, conhecida como Duna, um planeta sem oceanos, tomado por desertos, onde a maior riqueza é uma especiaria valiosíssima que sustenta o império, o mélange. Seguindo as leis do império, a família que atualmente domina o feudo de Arrakis, a casa Harkonnen, deve passar o domínio para a casa Atreides e tudo começa quando a família chega a Arrakis para assumir o planeta. Começa um confronto silencioso entre as casas, cheias de intriga e politicagem. Paul nasceu com habilidades e ensinamentos das Bene Gesserit, uma especie de guida de magia e espionagem da qual a mãe de Paul, Jéssica, faz parte. Os Atreides planejam se aliar aos fremen para combater os Harkonnen. Os fremen são os habitantes locais de Arrakis muito adaptados ao deserto.

O livro se divide em três partes, e cada parte é cheia de pequenos capítulos não numerados, encabeçados por citações de alguns livros que fazem menção ao que vai acontecer, mas de forma retrospectiva, por vezes épica. A narrativa não tem pressa alguma de encadear os eventos, apresentar novos personagens e detalhar a vida no deserto e os aspectos religiosos intrincados na política de forma profunda. Aliás os temas de política e religião são tão bem tratados como a ecologia e biologia. É um livro imersivo que tem poucos momentos desinteressantes ou lentos demais e prende a atenção em duas mais de 500 páginas. A edição conclui com alguns textos extras que complementam o conhecimento sobre esse universo e um glossário de termos que ajudam os leitores mais aficionados e curiosos por detalhes. 
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terça-feira, 21 de julho de 2020

Resenha #141 - O Tempo em Marte (Philip K. Dick)

"O Tempo em Marte" (Martian Time-Slip, 1964) foi escrito no mesmo ano em que "Clãs da Lua Alfa" e "Espaço Eletrônico", e ainda que não tivesse escrito a maioria dos seus grandes clássicos (exceto "O Homem do Castelo Alto" que o precedeu) apresenta alguns dos seus temas mais populares, como a loucura e o questionamento da realidade.

A história conta sobre vários personagens em uma trama de poder no planeta Marte. Jack Bohlen trabalha como técnico de manutenção de eletrônicos arrumando praticamente qualquer coisa, quando recebe uma proposta de Arnie Kott um chefe sindical influente que deseja explorar os aparentes poderes mentais do menino autista Manfred Steiner. Enquanto tenta executar sua tarefa, Jack precisa lidar com a ganancia de Kott, o desejo que sente pela assistente de Kott, Doreen e a chegada de seu pai da Terra que tem interesses especulativos no planeta. Todas essas experiências o despertam para sua esquizofrenia, mas principalmente pelos mistérios de Manfred.

O ponto forte do livro é a trama bem construída entorno da ganância de Kott e da complexidade de Jack. O livro passa boa parte nos confundindo entre as manifestações de Manfred e as alucinações de Jack, mas Arnie rouba a cena com seu cinismo e ceticismo seletivo, uma vez que acredita em Manfred mas tenta tirar o proveito da forma mais prática e imoral possível. O destino do protagonista nos entrega momentos tão insólitos e intrigantes como em "Os Três Estigmas de Palmer Eldritch" cheios da ironia característica.

Contudo, como especulação de como seria a vida em Marte o livro tem problemas sérios. Em 1964, no mesmo ano de lançamento do livro, a sonda estadunidense Mariner 4 foi a primeira a ter sucesso ao passar por Marte confirmando a impossibilidade de que existisse alguma civilização antiga no planeta. A última pá de cal no mito dos homenzinhos verdes marcianos. Apesar do aparente otimismo em imaginar uma colonização em Marte já iniciada em 1994, o modelo parece satirizar o período colonial da história dos EUA. Existe um povo nativo, os bleeks, que tem crenças fortes de que há algo mais em Manfred. Figuras com muito poder e pouco contato com a metrópole/Terra, em choque com novas possíveis ondas de imigrantes. Sabemos, no entanto, que são as considerações metafísicas e não as políticas-sociais que fazem a obra do autor ser lembrada e a segunda metade do livro reserva boas "viagens" ao leitor. É um livro menos complexo que as obras mais maduras, mas para quem ainda não conhece o autor pode começar por ele.

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terça-feira, 14 de julho de 2020

Resenha #140 - Trabalho Honesto (Rodrigo Van Kampen)

Trabalho Honesto (2016) é uma das obras que foram distribuídas gratuitamente (junto de outros ebooks) no início da quarentena e fez parte das minhas leituras durante esse período. É uma novela escrita por Rodrigo Vam Kampen, conhecido pela sua Revista Trasgo. 

A obra é uma mistura cyberpunk com fantasia cheia de mitos brasileiros. Acompanhamos a história do lobisomem Ralphe que tenta se adaptar a vida em nossa dimensão após a abertura de portais para outras dimensões ondem vivem os seres como sacis, unhudos, cucas, botos e, claro, lobisomens. Com dificuldade de conseguir um trabalho normal aceita a oferta de Victor Sombrera para trabalhar em sua agencia de segurança onde suar força é posta a prova serviços perigosos ao lado de Lúcia, filha do seu patrão.

O livro é dividido em seis capítulos que funcionam como episódios, contando uma história isolada e, ao mesmo tempo, uma história maior no pano de fundo. As primeiras histórias ajudam a estabelecer o vínculo entre Ralphe e Lúcia enquanto apresenta as peculiaridades desse mundo. As ultimas histórias vão aprofundando na trama principal que gira entorno de uma máfia em Campinas. A escrita é direta e leve, favorecendo as boas cenas de ação e a interação entre Ralphe e Lúcia que funciona bem durante o livro. É uma excelente leitura de praia para se entreter e conhecer um pouco da fantasia feita com criaturas do nosso folclore.  

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terça-feira, 7 de julho de 2020

Resenha - Revista Peryc, o Mercenário nº2


Segue a resenha da série de HQs independentes do mercenário Peryc, agora com o número 2 de janeiro/2015, sob o selo editorial Quadrante Sul Comics tendo como editores Denilson Reis e Alex Doeppre. Vamos resumir o que vem na revista e um pouco da opinião sobre esse número.

"O Delator" é a sequência de "Serpente de areia" e "Taverna" do número anterior. Peryc se vê em meio a uma disputa palaciana pelo trono num reino africano após salvar a princesa Ambara na taverna. Temos um texto sobre o bárbaro tecnológico Valian, por Alex Doeppre. Em "Nossas escolhas", Peryc retorna a Pedras Negras após um tempo e se depara com bandidos numa sequência de combate muito bem escrita. "O mundo hiboriano" continua a história os textos sobre todas as publicações do Conan. "Caçadores de Escravos" é a parte dois da aventura de Peryc iniciada em "Rumo as Pedras Negras", onde Peryc tem de lutar pela sua liberdade. O conceito é bem tratado nessa história. Na última página Peryc enfrenta "Frio e Fome" nos pampas ao lado de Splinder no traço mais bonito da edição.

A edição está muito boa pois tem continuações de várias histórias da edição anterior. Como na edição anterior artes de página inteira de vários artistas que celebram o personagem.  
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quarta-feira, 1 de julho de 2020

Desafio Literário Kindle Unlimited 2020


Ganhei um Kindle de presente da minha namorada! Junto do leitor a Amazon dá 30 dias grátis para o serviço Kindle Unlimited, que permite o empréstimo de livros, de boa parte do acervo da plataforma para ler a vontade enquanto o serviço estiver ativo. Depois do trigésimo dia, a Amazon passa a cobrar R$ 19,90 por mês. Nada mal, mas como não tenho grana pra gastar com esse plano, pensei em aproveitar o máximo possível esses 30 dias gratuitos. Dai surgiu o Desafio Literário Kindle Unimited 2020!!! É uma atitude mesquinha e muquirana, eu sei, mas também pode ser divertido.

A graça da corrida é ler o máximo de livros nesse tempo e para deixar as coisas um pouco mais legais, mas não vale fazer leitura dinâmica, o negócio aqui é economizar grana. Para organizar e direcionais as coisas estabeleci algumas orientações que não me obriguei a cumprir a risca, mas ajudam a focar no objetivo especialmente neste desafio.

1. Dar preferência a autores brasileiros pois para muitos autores daqui é a forma mais fácil de colocar seu livro na praça, ainda mais em tempos de quarentena!

2. Dar preferência a mulheres #leiamulheres.

3. Ler Ficção Científica, afinal é o foco do blogue!

4. Não ler obras muito grandes, ao menos na última semana, para não acabar o desafio com um livro incompleto, pois findado o plano, perdemos acesso a todos os livros emprestados.

5. Preferência a livros exclusivos da plataforma porque essa é a hora de ler livros que não conseguiria comprar na versão física. Isso me afasta também de pegar livros que já pretendi a comprar físicos, pois ainda é minha forma preferida de ler. Por exemplo, "Fábulas do tempo e da Eternidade" da Cris Lasatis entrou na minha lista da corrida pois é um livro que está esgotado na versão física. Já "A Telepatia são os outros" da Ana Rush, tem como comprar o físico no site da editora, e como pretendo fazê-lo, decidi deixar de fora da corrida!

Seguindo esses princípios norteadores, eu li entre os dias 03/05 e 02/06/2020, mas efeituei o cancelamento no dia primeiro para evitar a cobrança. O resultado foi: 26 publicações entre contos, novelas, romances e coletâneas. 1344 páginas lidas. Todos brasileiros, com a exceção de Philip K. Dick (Tony e os Besouros e outras histórias).

No fim dos 30 dias, o ainda me foi oferecido mais 3 meses de assinatura por R$ 1,99. Tempo de sobra para ler as obras que ficaram de fora do desafio, então fique ligado caso façam o desafio. Mais uma dica: antes de iniciar o plano fiquei o dia anterior programando algumas das leituras, ano que vem pretendo fazer a corrida e vou dedicar um tempo maior para escolher previamente as obras e deixar mais tempo para leitura.
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