segunda-feira, 22 de abril de 2024

Resenha #332 Revista Histórias Extraordinárias, numero 2


A Revista Histórias Extraordinárias editada pelo jornalista Marcos Cavalcanti e Mario Garnett foi lançada em dezembro de 2020 e até o momento está na sua sétima edição. Adquiri as três primeiras via Catarse, que acredito ser a principal forma de adquirir os números. A Editora Mundo trabalha com itens colecionáveis e alguns dos cartões vem como brinde nas compras por financiamento coletivo. A proposta é relembrar os tempos de revista pulp com narrativas de horror cósmico, sobrenatural e ficção científica. Como é comum nas revistas, há textos de outros tipos que circundam o tema. Uma entrevista, uma matéria e algumas pequenas resenhas de filmes, mas o grosso da revista é de contos.

A revista abre com uma resenha da série de ficção científica The Expanse, por Robert Rios, que em poucas palavras traça um panorama da série para quem não conhece. Depois, segue com o Departamento de Ciência com o artigo Eles, Robôs de Marco Lazzeri, que faz um histórico dos robôs exploratórios lançados pela humanidade, com enfoque nos enviados a Marte. A publicação segue com uma entrevista com o autor Gerson Lodi-Ribeiro, sobre sua obra e gosto pela ficção científica como um prelúdio par ao primeiro conto da edição do próprio autor Xenopsicólogos na Fase Crítica, um conto muito intrigante sobre contato alienígena, muito criativo ao imaginar tanto o planeta quanto a espécie que os cientistas travam contato. Na largada, o melhor conto da edição.

Causa ou Efeito de Paolo Fabrizio Pugno traz outro conto de exploração de exoplanetas, mas com uma abordagem mais para o psicológico. Gostei bastante do conto. Elo de Vinícius de Freitas, é um conto curto que traz uma invasão alienígena a Terra, com uma ironia bem encaixada no conto. Boa leitura. Recontato por Paulo Bayer, nos trás outra história de exploração xenobiológica na Lua Europa onde uma estrutura escondida no gelo revela segredos ancestrais. Excelente conto. 

O saldo da revista é bom, e esperava que ela melhorasse em relação a número um e melhorou. Gostei da organização dos textos, sendo primeiro os de não ficção, com recomendações, entrevistas e a segunda metade com contos que orbitavam um tema em comum, exploração de exoplanetas e raças alienígenas. Boa coleção de contos e de artigos, acredito que a ideia dos pulps foi melhorada, pois os contos são condizentes com a produção brasileira e a qualidade do papel está longe de ser o jornal barato. Vamos ver como foi a terceira revista.




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segunda-feira, 15 de abril de 2024

Resenha #331 Iceberg (Fernanda Caleffi Barbetta)


Iceberg é um livro de microcontos escrito pela Fernanda Caleffi Barbetta, que se encaixa numa modalidade literária pouco explorada, que são os microcontos. Já falamos sobre outro livro de microcontos na resenha de Jogo da Im(paciência) da Giselle F. Bohn, livro lançado na mesma coleção Mulherio das Letras, uma coleção de livros pocket escrito apenas por autoras. O microconto é basicamente a arte de contar uma história da mesma forma que o conto, mas com um número de palavras muito reduzido. Fernanda tem um estilo próprio de construir seus micros. São contos muito enxutos, onde o que lemos é praticamente o elemento que nos instiga para a história do que uma história em si. 

Para conhecer mais sobre a arte do microconto, recomendo o podcast do portal Lume onde Giselle foi entrevistada junto com Fernanda C. Barbetta e com este que vos bloga!
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segunda-feira, 8 de abril de 2024

Resenha #330 Bill, Herói Galáctico (Harry Harryson)


Meses atrás, havia chegado a vez de ler Tropas Estelares, do Robert Heinlein e por mais que eu tenha gostado da história, da forma epistolar, como lembranças de um combatente e das cenas de ação, a ideologia que move o governo da Terra, orbitando na vida militar, é um completo conjunto de besteiras que se leva a sério demais. Não me desceu a suposta interpretação de que Heinlein não acreditava naquilo e na verdade tratava-se de uma sátira. Principalmente porque uma verdadeira sátira foi escrita anos depois por Harry Harrison. Esta obra se chama Bill, Herói Galáctico.

Na história, acompanha Bill, um agricultor que vive num planeta distante do centro do Império e sonha se tornar Técnico em Fertilizantes, mas uma convocação coloca Bill no epicentro de uma guerra contra uma raça alienígena, chamados de Chinger. Desde então começa o suplício de Bill para poder terminar seu tempo de serviço e voltar a seu mundo. Porém, o sistema sempre dá um jeito de engolir todos os sonhos e intenções de Bill e ele é levado para cada vez mais longe de casa. Bill em seus primeiros dias de serviço salva a nave ao destruir uma nave inimiga e é convidado ao planeta central do Império (equivalente a Trantor de Fundação) receber uma honraria do imperador, mas tudo sai do controle e Bill é tragado por conspirações, enganos e desenganos.

A linguagem do autor e a cadeia de cada acontecimento é baseada no absurdo da guerra e da burocracia. Temas muito fortes tanto em 1958 quanto em 1965, lançamento de Tropas Estelares e de Bill, Herói Galáctico. É importante ler como uma série de esquetes, cheias de ironia e humor ácido. Bill é alistado após ser bombardeado com drogas hipnóticas e exposto a imagens de um uniforme de gala que nunca vestirá. Deixa mãe e um irmão que ainda é criança, sem ter como se sustentarem. Bill perde o braço e recebe apenas uma medalha e descaso do governo. Mas há passagens engraçadas que podem tirar um riso de quem conseguir entrar no clima do livro. Acho importante saber o contexto, principalmente se você leu Tropas Estelares e já pescou que o filme é muito mais perto de Bill que de Juan Rico. Desta forma vai gostar tanto do livro como eu.
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segunda-feira, 1 de abril de 2024

Resenha #329 Croniquetas do Atendente (Mauro Scheuer Messina)


[Resenha publicada após o dia 1º de Abril para que não hajam acusações de esteja falsamente tomando partido na contenda entre o livreiro e o professor LD.]

Croniquetas do Atendente é um livro de crônicas com histórias que se passam numa livraria conhecida do Centro Histórico de Porto Alegre, a Ladeira Livros. O autor é nada menos que o dono desta livraria. Não há como fugir da localidade peculiar onde se passam as histórias e o autor não tenta fazer algo universal sobre algo tão particular. Quem conhece a livraria, conhece seu dono e os frequentadores mais conhecidos. Contudo, mesmo sem tal pretensão, Mauro acaba abordando assuntos universais e até espinhosos, como seu posicionamento político a esquerda, com leveza, ironia e bom humor.

As artes de Paulinho Aguiar são um show a parte, pois seu traço transmite a leveza do projeto e o ambiente aconchegante da livraria. Obviamente, por ser um frequentador da livraria, minha resenha é contaminada pelo envolvimento com o lugar. Atualmente não ando tanto pela região do Centro Histórico de Porto Alegre, mas sempre que passo pela região, não me furto de fazer uma visita de médico por lá. Além disso, o grosso dos leitores é frequentador da livraria e/ou foi da Banca do Mauro que ficava no Campus de História da UFRGS. Sendo assim, posso apenas imaginar como deve ser para um leitor que não faz ideia de quem seja o Mauro, como seria ler esse livro. Num exercício de imaginação, diria que é como conhecer um personagem que vai se construindo na frente do leitor a cada pequena crônica e fazem um conjunto muito completo daquele ambiente. Se o leitor deste humilde blogue resolver se arriscar, vai encontrar uma leitura leve mesmo nos momentos mais pesados e vai passar as páginas com um sorriso de canto de boca com as tiradas do Mauro. Como já conheço um pouco o livreiro, digo apenas que estou no aguardo da sequência e de uma versão escrita pelo Profº LD. 

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