segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Resenha #259 Juca Pirama (Enéias Tavares)


"Juca Pirama" Enéias Tavares é outra obra de seu universo Steampunk, iniciada em Lições de Anatomia do Temível Dr. Louison. Desta vez a aventura se passa em São Paulo, ou melhor São Paulo dos Transeuntes Apressados e tem um ritmo bem diferente das suas outras obras. Como dito no prefácio, a intenção era de uma obra que funcionasse também no audiovisual e assim temos uma obra ágil na escrita, ainda que emule o modo de falar do séc. XVIII, e tem um enredo mais simples.

Desta vez não temos um personagem clássico da literatura brasileira adaptado ao universo Steampunk, mas as referências e o paralelismo do herói Juca Pirama do poema clássico, com este personagem novo funciona muito bem. Ao início de cada capítulo temos um trecho importante do poema abrindo o capítulo. Conhecemos Juca Pirama, um anti-herói brasileiro, um jovem malando que tenta se virar com o que tem, com as habilidades das ruas, marginalizado por essência, dotado de uma vontade de viver imensa. Temos um personagem carismático que se viu envolvido em uma trama de assassinados e sede de poder. As reviravoltas podem até ser revolvidas pelo leitor mais atento mas aqui a aventura é o elemento mais apurado. Sempre fui crítico do Steampunk que aprecia a estética pela estética e esquece o elemento transgressor que faz o "punk" fazer sentido. Nosso protagonista, tanto deste livro como do poema clássico de Gonçalves Dias, são dignos da herança de rebeldia do precursor do subgênero, A Máquina Diferencial.

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