"Afrofuturismo: O Futuro é nosso. Volume 2" da Kitembo Editorial é a sequência que, tal qual o primeiro livro, reunir contos de autores negros que abordem o afrofuturismo. Ainda que não haja nenhuma obrigação dos contos serem FC, nesta edição todos são deste gênero. Basicamente tudo nesta edição está melhor que na anterior. O visual, de forma geral, está mais bonito. Além da ilustração da capa estar sensacional, também há gravuras que abrem e encerram cada um dos cinco contos. A diagramação com detalhes em tema ciber ficou muito agradável. Quanto ao conteúdo literário, temos uma coleção melhor. A decisão editorial de manter poucos contos, considero acertada. Enfim, agora vamos falar sobre os contos individualmente.
Te encontro no futuro (Kinaya) Aya é uma trabalhadora em uma cidade virtual, com estrutura fechada, onde os jovens são mandados de bem cedo para trabalharem sem contato social além do ambiente de trabalho. Então, em uma noite solitária, numa caminhada noturna Aya encontra um jovem que parece saber mais sobre o lado de fora. O conto abre bem a antologia, com um bom mistério desenvolvendo o mundo e ação para concluir o conto.
Como a gente (Junno Sena) Abidemi e Dandara são duas exploradoras espaciais em uma de muitas missões exploratórias para encontrar um novo lar para a humanidade. Eles estão acompanhadas de Migu31, um robô androide, que as intriga e assusta devido ao sua curiosidade. Gostei como o autor desenvolveu tanto as astronautas como o robô, criando a tensão necessária para validar o final. Meu conto preferido da antologia.
O último racista (Mateus Domont Fadigas) O detetive Motumbi está no encalço d'O Ariano, um perigoso terrorista que difunde discurso racista pela internet, até que é convocado para investigar a morte de um homem branco e envolvendo seus amigos de infância, Dandara, perseguida pelo Ariano e Kaio, nas investigações. Mistério bem trabalhado em tão poucas páginas e gostei como a tecnologia influi na trama de forma consistente. Muito bom!
A lua em minha palma (Sarah Aniceto) Ayo é uma demibot que devido a sua personalidade livre e inconstante não consegue encontrar sua função na sociedade e acaba fugindo na sua busca por significado. Conto muito bonito e singelo, principalmente pelo carisma da protagonista.
Aye Kekere: A cidade do futuro (Marcello Souza) A ambientação da cidade de Aye Kekere e a motivação do protagonista lembram bastante o clássico A Cidade e as Estrelas, de Arthur C. Clarke, porém com a pegada afrofuturista e um desfecho singelo e bonito.