segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Resenha #246 Afrofuturismo: O futuro é nosso. Vol 1 (Aisameque Nguengue, Alexandre Diniz, Anderson Lima e Israel Neto)


"Afrofuturismo. O futuro é nosso. Volume 1" é uma antologia da Kitembo Editorial. Uma editora dedicada publicar autores negros com histórias afrofuturistas, em formato impresso. Este primeiro volume foi organizado por Aisameque Nguengue, Alexandre Diniz, Anderson Lima e Israel Neto, reunindo cinco contos em um formato pequeno, curto porém muito bonito, caprichando nas ilustrações, na qualidade da diagramação e, no principal, os contos. Achei sempre interessante a opção de publicar menos contos ao invés de colocar o máximo possível apenas para fazer volume. O resultado é uma antologia curta mas muito gostosa de ler.

O livro abre com um texto de apresentação escrito por Eugênio Lima e trás uma reflexão bem embasada e apaixonada sobre o afrofuturismo, fazendo a expectativa sobre o livro aumentar bastante. Temos ainda um prefácio de Lu Ain-Zaila, pioneira na literatura afrofuturista no Brasil. A ilustração da capa e as internas são de Fabrício Flor e Lucimara Penaforte.

Black Looping: a (re)volta do presente (Felipe Augusto) abre a antologia com o conto de maior fôlego. Somos apresentados a Zwi que vive clandestinamente em Nova Ethiopia, mesmo local onde o General Arimbé e o Dr. Mbembe debatem sobre o futuro do país. Então Maria, comenta que seu filme favorito é Nova Ethiopia e entramos de fato na história do conto. Maria vive num futuro onde é comum viagens assistidas no tempo. Prestes a fazer sua primeira viagem rumo a Bahia do nosso tempo, Sueli, a mãe da menina decide acompanhá-la e é nos preparativos da viagem que temos as revelações do conto. Particularmente eu gostei delas porque remetem a um mundo aventuresco que podia ser mais explorado.

A peixeira e a esfinge (Alec Silva) autor que também integra o movimento Sertãopunk traz um conto que se encaixa em ambos os movimentos. Acompanhamos um assassino contratado por um traficante de arte dos povos africanos e da diáspora, para matar uma esfinge que queria proteger os artefatos. O desdobramento é o típico do cyberpunk, mas foi muito bem feito e isso é o que importa em um bom conto.

O caderno de Evee (Alisson Matheus) não costumo gostar de contos muito descritivos, mas este me surpreendeu. A narrativa e ambientação, muito imersiva e passa a sensação dos contos clássicos de passagem do tempo. Evee é uma mulher sobrevivente de uma das colônias, criadas numa reorganização pós-apocalíptica e em nova crise, ambiental e social. Vou deixar um detalhe sobre a personagem para que vocês descubram, pois o autor foi muito sutil. Mesmo sendo um conto, sobre uma personagem contemplativa, ainda guarda uma surpresa no final.

A guerreira Nabliahh: Conquistando a galáxia Mater Constructer (Fernando Gonzaga) conto curto sobre Nabliahh, a líder guerreira de um império galáctico que está nos momentos finais de uma investida a um antigo inimigo. Tem imagens muito bem construídas e interessantes, mas senti falta de um enredo mais elaborado.

Tempestade (Ana Meira) conto sobre uma habitante da cidade de Berten que é abordada por uma misteriosa mulher que a atrai e faz revelações sobre sua origem. Prosa carregada de poesia e alegorias bem construídas. Encerrou bem a antologia!

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