segunda-feira, 12 de junho de 2023

Resenha #289 Periféricos (Wiliam Gibson)


"Periféricos" é a volta de William Gibson a ficção científica depois da trilogia Blue Ant, que se passava no presente, abordando as tecnologias informacionais que se concretizaram desde suas visões no inicio dos anos 1980, mas agora um dos pais do Cyberpunk e do Steampunk retorna a falar sobre o futuro outra vez, e novamente em uma trilogia. 

Acompanhamos Flynne Fischer, uma jovem que vive no interior do Texas, que trabalha duro para comprar remédios caros para a mãe. Seu irmão Burton, é um veterano de guerra, que faz bicos em jogos profissionais na rede e tudo começa quando Flynne assume os controles de Burton, para um serviço que prometia pagar bem. Ela usa um novo acessório totalmente imersivo e logo presencia um assassinato. Depois ela é abordada por Wilf Netherton que a informa que o que ela viu não era um jogo, mas algo bem real e do futuro. Então Flynne e sua família e amigos são perseguidos por assassinos pagos por um financiador anônimo mas são ajudados por Wilf e os familiares de Daedra West, a mulher assassinada.

Neste mundo a viagem no tempo acontece apenas na forma de dados e as pessoas acessam através de periféricos que emulam a presença de Flynne na Londres do futuro e de Wilf nos EUA do passado. A interferência maior porém é do dinheiro que passa a fluir aos rios na pequena cidade de Flynne. Uma alegoria muito fina e bem feita da interferência dos grandes centros econômicos em países pobres, sem a necessidade desses milionários se deslocar para lá, lembrando que Wilf é apenas representante informal dos caras da grana.

Quando ao desenrolar dos acontecimentos, temos um livro mais divertido que a maioria dos livros do autor. Sua escrita mantém sua característica de jogar o leitor no mundo, sem avisar de suas estranhezas para depois inserir falas explicando tudo. Funciona comigo, como leitor, ainda que ache que a obra pudesse ter mais cenas de ação, mas as reflexões e os mistérios que apenas desbravar esse mundo gera durante a leitura já valem a obra e espero que Gibson tenha deixado o melhor para as outras obras, pois apesar de tudo se resolver aqui para Flynne e Wilf, ainda há muitos mistérios sobre como tudo realmente funciona. Recomendo para viajantes habituais a mente de Gibson, pois apesar de ser mais leve ainda não é uma leitura de praia, como acho que deveria ser. 

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