segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Resenha #350 Entrevista com o vampiro (Anne Rice)


Entrevista com o vampiro é o primeiro livro da Anne Rice e trouxe uma abordagem um tanto diferente da mitologia do vampiro, ainda que muito carregada no gótico, é também mais madura e densa na sua filosofia. Já conhecia a história pelo filme dos anos 1990, mas foi a releitura da obra na série que vai passar na Amazon que finalmente me fez começar os livros da autora. (e rever o filme mais uma vez).

Acompanhamos a história de um jornalista chamado apenas de rapaz, que começa a gravar fitas K-7 (se você le blogues, sabe o que são) uma entrevista com o misterioso Louis de Point du Lac, que alega ser um vampiro. A obra é narrada por um narrador onisciente, mas que está apenas no local onde está sendo feita a entrevista, ou seja, na prática temos um longo relato de Louis contando sua vida pela sua perspectiva e temos um narrador que pode estar mentindo o tempo todo. O jornalista o questiona o tempo todo, apesar de interromper a entrevista poucas vezes. Isso deixa o leitor mergulhado na ambientação de Nova Orleans e Paris, contudo trata-se de uma viagem ao íntimo de Louis, desde que se tornou vampiro e no seu relacionamento com Lestat, Cláudia e Armand. Os vampiros mais importantes da sua vida.

O leitor talvez achará Louis muito depressivo, mas sua (falsa?)moralidade o torna diferente dos demais vampiros e por consequência o diferencial da abordagem da autora. Gosto de como a autora coloca o tempo e a imortalidade, como fatores psicológicos tão ou mais importantes na definição do que é um vampiro que a própria necessidade de sangue ou a fraqueza a luz do sol. Essa jornada pela imortalidade e pelo tempo, para mim supera qualquer terror ou outro gênero que trespasse a obra. Ainda pretendo ler os próximos livros e conhecer mais sobre Lestat, mas creio que mais que a personalidade marcante de Lestat é a visão da autora que me fará ler as próximas obras. 


  

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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Resenha #349 Diva Galactica: A cidade púrpura e outras histórias (Diego Mendonça)


Diva Galactica: A Cidade Púrpura e Outras Histórias é um livro de contos do Diego Mendonça. Uma das revelações da literatura fantástica do Rio Grande do Sul. Apesar de já ter escrito muitos contos em diversas antologias, este foi meu primeiro contato com seus contos. A capa com uma ilustração chamativa, e a própria coleção remeter as revistas pulp dos anos 1920, faz uma promessa de histórias cheias de ação, aventura. E adianto que o livro cumpre o que promete porque, acima de tudo, diverte.

Acompanhamos Diva, a líder de uma trupe de piratas em busca de sustento desonesto, em várias histórias curtas que fecham aventuas em si, mas que no conjunto formam uma narrativa coesa. É o que se chama de romance fix-up, como por exemplo, Território Lovercraft de Matt Ruff e Shiroma: Maradora Ciborgue, do Roberto Causo, mas aqui o autor é mais focado em contar suas histórias individuais que numa grande narrativa que todos os contos formam. O resultado é que, diferente do livro de Matt Ruff, todos os contos são autossuficientes, não dependem dos outros para ser entendido. Inclusive, a voz narrativa nem sempre está com Diva, ainda que ela seja uma personagem muito marcante destacando-se em todas as histórias. Gosto do estilo sucinto, do uso da violência e do uso dos clichês da ficção científica que contribuem para a atmosfera de pulp que se torna mais variada a cada conto. A leitura fluiu muito bem e o livro poderia ter o dobro do tamanho que a leitura fluiria igualmente bem. Enfim, é isso, espero que venham mais livros deste autor, de preferência com mais histórias da Diva.

 
São histórias curtas, cheias de aventura, que não poupam a violência e sabe usar os clichês ao favor

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segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Resenha #348 Revista Mafagafo 3, Setembro. Corpo Estampado (Iris M. Fonseca)


Corpo Estampado é a noveleta da edição de Setembro/2020 da Revista Mafagafo. Se você acompanha este blogue já notou que minha ordem de leitura desta revista já abraçou o aleatório, mas um aleatório dentro do ano de 2020. Foi o primeiro ano em que a revista adotou este formato de contos muito bem produzidos em edições curtas mensais. Como baixei todas as edições de 2020 e joguei de uma vez só no meu Kindle estou lendo sem nenhuma ordem específica pois pretendo ler todos.

Este conto me chamou a atenção pelas onças pintadas na capa e ao começar a ler já confirmou minha suspeita, de que se tratava de uma história que brinca com a lenda da mulher que vira onça, lenda popular da região do pantanal e que ficou muito popular no resto do Brasil com a novela Pantanal. Contudo, as semelhanças param neste fenômeno, pois a história é outra pegada. Luiza é uma jovem mulher-onça (um metamorfo) que herdou esta habilidade das mulheres de sua família, sendo que elas se tornam suas mentoras nessa vida em que muitas vezes não é possível não se transformar. Gosto da abordagem do lado ruim de ter uma fera em si, que necessita matar, e fica irracional, como um lobisomem. A autora usa a condição de mulher-onça como uma forma de mostrar a união necessária entre mulheres independentes que precisam ser fortes para suportar as imposições de uma vida difícil, principalmente com as mulheres no interior. Um conto que explora bem a lenda e expande tanto no passado quando no futuro da protagonista. Muito bom!

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segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Resenha #347 Freakshow: Escape dos Sentidos (Raphael Fernandes/Daniel Canedo/Omar Viñole)


Freaskshow: Escape dos Sentidos é uma HQ da editora Draco de 2018 e conta a história de uma banda chamada Os Baudelaires, que passa por uma briga generalizada dos membros que culmina na saída do vocalista. O guitarrista e compositor da banda propõe que os demais membros joguem numa Escape Room para que a banda trabalhando em equipe possam encontrar o entendimento perdido com a briga. Uma ideia muito boa se Escape Room não fosse dirigido por um psicopata e o jogo não fosse pelas próprias vidas. A história é curta e acho que pedia mais páginas para saborearmos os momentos de tensão e terror que a própria história pede. Gosto da saída episódica da história e ela diverte como um bom slasher deste tipo faz.

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