"Visões, Confissões e o Desterro" é o romance de estreia de Luciano Prado, autor gaúcho que conheci na Odisseia de Literatura Fantástica de 2024, onde ele fez uma fala sobre o lançamento. O livro é uma especulação em um futuro próximo, em que a Pandemia de COVID-19 foi muito mais mortal. O suficiente para fragilizar a sociedade como conhecemos e fazer emergir facções poderosas que evidenciam a decadência que se instalou com a pandemia. Nesse cenário, acompanhamos Gama Fred, um porto-alegrense que mora na área central de POA onde os moradores da redondeza se organizaram com um mínimo de civilidade no Conselho de Guimarães, uma comuna de sobreviventes.
O livro é uma jornada do protagonista atrás de suprimentos em uma área perigosa, mas o que mais aguardamos são os encontros com os NeoErectus, um grupo que domina a Zona Norte de Porto Alegre com uma doutrina violenta e bizarra, baseada em masculinismo e infantilismo. Gosto bastante dos dilemas sobre matar, e como isso é diferente de quando é você que tem que fazer a sangue frio e não só assistindo pelas redes. Por extensão, o como uma sociedade pode decair rapidamente, ainda que de forma desigual, tanto por povoações que tentam manter uma ordem parecida com a anterior, quanto outros pontos onde coisas absurdas e bizarras podem surgir. Gosto das conversas baseadas em filmes, entre Ricardo e Gama Fred, pois ficaram bem naturais. Contudo, não gostei de algumas viradas no final do livro, por melhor que estivessem explicadas, achei rocambolescas demais. Porém a cena final ficou bacana. Espero que o autor volte a escrever pois achei o livro bastante equilibrado, talvez equilibrado até demais, mas definitivamente bem escrito. 
