quarta-feira, 1 de junho de 2016

Resenha #25 - Cypherpunks: liberdade e o futuro da internet (Julian Assange)

Este o primeiro livro de não-ficção resenhado aqui no blog. Para quem lê Ficção Científica, e gosta de imaginar o futuro, esta obra pode ser interessante para propiciar essa reflexão. A proposta da resenha será a mesma dos livros de ficção: Dar uma pequena ideia do que o leitor encontrará ao abrir o livro e ler suas páginas. A opção de ler ou não é toda sua.
* * *
"Cypherpunks: liberdade e o futuro da internet" apresenta-se na forma de debate transcrito entre quatro ativistas da internet (Julian Assange, Jacob Appelbaum, Andy Müller-Maguhn e Jérèmie Zimmermann) sobre o uso da internet para cercear a liberdade. As conversas foram gravadas na embaixada equatoriana em Londres, onde Assange ainda está sem poder sair. Os outros membros da mesa, também relatam perseguições.

Os capítulos são os tópicos abordados onde os membros da mesa traçam um panorama da situação da internet. As falas são intensas e apressadas, dão o tom de alerta do livro. As análises não são densas, mas abrem possibilidades e fazem o leitor procurar por mais. Cumpre sua função. Ainda assim, são cheias de notas de rodapé explicativas que já ajudam o leitor, por ventura seja pouco intimo do mundo da alta tecnologia, a se encontrar em meio aos debates entre o pessoal entendido.

A introdução da edição brasileira, também trás três bons artigos panorâmicos, a respeito do Wikileaks. Um sobre o contexto Geral, outro direcionado a América Latina e outro sobre o Brasil. Eles fazem uma excelente contextualização dos assuntos debatidos mais adiante.

O conteúdo do livro, pode não ser novidade para os já informados sobre a guerra digital, mas é uma excelente primeira leitura sobre o assunto. A denuncia parte da própria existência dessa guerra, furiosa e "invisível". O ciberespaço está a caminho de uma franca militarização e as suas armas não são apenas vírus que desestabilizam alvos cirurgicamente, mas também na vigilância constante. Todo o ciberespaço, a internet, é o campo de batalha e todas nossas informações servem a essa guerra. A isso consideremos toda a informação pessoal que viaja pela interne, não apenas a que colocamos voluntariamente nas redes sociais. Durante o livro esses sistemas são descritos e como podem afetar diretamente o indivíduo. Além dos governos derrubados e da perseguição dos indivíduos que denunciam isso. Diante desse cenário aterrador, digno das piores distopias, os debatedores apostam na criptografia e em programas de código aberto para proteger os próprios dados e não alimentar os sistemas de vigilância. 

Como o livro é de 2012 (2013, no Brasil), algumas informações estão desatualizadas. O leitor deve levar em consideração, por exemplo, quando falam da compra pela Líbia de um sistema de vigilância por Gadaffi. Na verdade, o sistema serviu para facilitar a sua queda e morte, mas em nada muda a mensagem de alerta. 

É um livro muito bom para começar a entender que as informações que circulam não passam inocentemente pela rede e ainda serve como um excelente panorama da situação. O leitor pode tanto se chocar, como achar que é muito alarmismo, porém as reflexões que ele suscita com certeza levarão consigo.

Um comentário:

  1. Sabia da existência do livro, mas não procurei saber mais dele. Após a leitura desta resenha, estou convencido. Está na minha wishlist e talvez o compre nesta Black Friday.

    Estou muito receoso com a internet hoje em dia. Não só pela questão apontada da guerra digital. Mas também pela forma como são organizadas e estruturadas as redes sociais. Tenho notado certas coisas no Facebook, certos algoritmos, que me incomodam bastante. Não apenas por uma paranoia, mas por ser algo invasivo no sentido de me atrapalhar mesmo, ter que ficar a o todo momento ocultando sugestões, "desviando" de publicidade etc. O conteúdo mesmo, que importa, sempre é relegado ao segundo plano, saudades do Orkut, hahaha.

    ResponderExcluir