[SEM SPOILERS]
Santa Clara Poltergeist (1990) é uma obra de referência do Cyberpunk nacional mas diferente dos romances estadunidenses, o sexo e a brutalidade crus se entrelaçam na típica aventura de um hacker desenhada na prosa cantada do autor.
A estória gira entorno de uma Copacabana (Bairro do Rio de Janeiro) futurista acometida por uma falha magnética que paira nos céus do Rio, causando todo tipo de efeito na cidade. São casos de pirocinese, telepatia e uma enxurrada de cientistas estrangeiros que vem estudar o fenômeno. Nesse cenário sujo e caótico que Mateus, um NEI - Negão Eletrônico Informático, uma mistura de Hacker com eletricista - de São Paulo, vai até o Rio buscar a cura para os apagões elétricos no seu cérebro. A promessa de cura está em Santa Clara Poltergeist, alterego de Verinha Blumenau, que descobriu ser capaz de curar qualquer enfermidade com seu sangue após um acidente com uma bicicleta enferrujada com ferro instável.
A forma é de um livro curto onde a estória e os personagens são menos importantes que a cidade, a verdadeira protagonista do livro. O autor usa Mateus, Verinha Blumenau e outros tantos personagens apenas para pintar um quadro do Rio de Janeiro através de uma prosa carregada de adjetivos que costumam virar substantivos. Tudo isso regado a sexo e brutalidade explícitos, mas nada gratuito, pois tem a função narrativa de mostrar os limites do homem e da máquina, como todo bom romance cyberpunk. O ritmo é veloz como o mundo que retrata. Tudo é, também, jogado de forma bastante crua. Quem não aprecia as palavras "cu", "pau" e "boceta" aparecendo em quase todas as páginas, não vai gostar deste livro, pois tudo isso salta as páginas sem avisos nem cerimônias em meio a orgias sem fim.
Santa Clara Poltergeist proporciona uma versão bem brasileira de cyberpunk. Deixa de lado o individualismo e mergulha a todos na comunhão da loucura urbana via erótico, mesclando indivíduos numa massa de erotismo e violência. Exige um leitor disposto a deixar seus pudores de lado para aproveitar a leitura.
A edição lida para esta resenha é a da Editora Eco de 1990. Está repleta de gravuras e de motivos nas beiradas das páginas que colocam o leitor no clima do livro. Mas a diagramação de algumas palavras contém uns espaços que travam a leitura mais que os adjetivos do autor.
Bônus: a música Santa Clara Poltergeist de Fausto Fawcett.
Bônus: a música Santa Clara Poltergeist de Fausto Fawcett.
Quando mais Jovem eu costumava enxergar a literatura brasileira assim; livros cheios de palavras pejorativas, porno xaxado literário... Este livro parece que invoca estes meus antigos pensamentos.
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