"A curva do sonho" foi lançado em 1971, por Ursula Le Guin mais conhecida pelos romances do ciclo Hainnish, A mão esquerda da escuridão e os Despossuídos, além da série de fantasia: O Feiticeiro de Terramar. Aqui temos uma obra típica da New Wave da ficção científica, onde se busca novos horizontes de especulação, para além das ciências duras (Física, Química e Biologia) da época de ouro (1930-50), nas ciências humanas e de elementos religiosos/místicos.
A história segue George Orr que vive atormentado com seu poder de alterar o tecido da realidade através dos sonhos. Devido a incapacidade de controlar os sonhos e por sua personalidade passiva, Orr busca alívio em drogas supressoras de sonhos quando passa a frequentar o consultório do médico psiquiatra Dr. Haber, de forma compulsória pelo uso dessas drogas. Uma vez que o Dr. Haber descobre que os poderes de Orr são efetivos, começa a usar George para manipular a realidade a sua vontade e sua crescente sede de poder.
A personalidade passiva de Orr acaba cedendo a ambição quase psicopata de Haber, travando debates interessantes enquanto fazem alterações e cenários em uma história que poderia ter saído de um livro do Philip K. Dick, mas a escrita refinada e imersiva de Le Guin torna impossível confundir com o estilo seco e direto de Dick, que foram maravilhosos ao seu modo. Outra coisa bacana é a advogada Heather Lelache, que levanta questões raciais na trama e tem um envolvimento romântico com George. Quem já leu outros livros da autora, sabe que seus livros valem mais pela jornada que por qualquer final surpreendente, mesmo assim, sem uma reviravolta ela consegue entregar um romance sucinto, profundo e com um final muito bonito. Vale muito a leitura!
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