segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Resenha #206 - Olhos de Centauro (Lady Sybylla)


"Olhos de Centauro" é um romance de Lady Sybylla, que escolhe um assunto espinhoso para transpor em uma space ópera: o terrorismo. A space ópera é geralmente o subgênero da FC onde as aventuras espaciais acontecem, inclusive é a forma que popularizou naves espaciais, pistolas de raio laser e raças alienígenas. Contudo, temos aqui uma abordagem mais humana realmente interessada em especular sobre como seria a colonização espacial sob os ditames atuais. A colonização de novas áreas, interesses comerciais e políticos colidindo diretamente com o bem comum.

O prólogo, mostra Indara, personagem do conto "Mais um dia glorioso em Tau Ceti" em uma missão para os terroristas e uma outra referência ao conto "Missão Infínity", evidenciando que fazem parte de um mesmo universo. O trecho com Indara já chega mostrando a autora a que veio.

Acompanhamos o tenente Markus Hogstad que é retirado de suas férias e promovido com uma missão no mínimo ousada: comandar uma ocupação militar na base de Toliman, em Alfa Centauro que passa por uma crise, sob acusação de apoio a terroristas de Próxima Centauro, que é independente. O maior perigo da missão é que a ocupação militar possa ser considerada uma afronta a Soberania Madjen, grupo terrorista que assumiu vários ataques grandiosos que já ceifaram milhões de vidas. Hogstad vai ter que lidar também com as pressões de seu próprio governo em uma delicada balança política que envolve os direitos de exploração de Alfa Centauro. Hogstad busca auxílio do seu estado-maior, convocado entre alguns colegas com que já havia servido. Contudo, nada o preparou para a teia de relações políticas em um caldeirão de tensão.

A escrita da autora mantém a sensação de que alguma coisa muito ruim vai acontecer a qualquer momento, afinal acompanhamos o general Hogstad que em poucas horas na base, antes que pudesse estabelecer defesas efetivas, tenha que lidar com uma enxurrada de contratempos logísticos e políticos. A trama tem um ápice empolgante e ousado, que revela grande parte da fina teia de acontecimentos que Hogstad sequer suspeitava. A sensação, ao fim da leitura, é de querer saber o que vai acontecer com o protagonista. Não acho que convêm contar o final, mas ainda que ele não surpreenda o leitor - como me surpreendeu - certamente vai deixar pensando sobre o pior do ser humano não importa o lado da agressão. Não sei se haveria uma sequência, mas as reflexões sobre o livro vão demorar a sair da cabeça.








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