segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Resenha #315 Tropas Estelares (Robert Heinlein)

Robert Heinlein é um dos autores clássicos da Ficção Científica. Isso significa que você é obrigado a lê-lo? Não sou ninguém para arrumar a sua lista de leitura até porque mesmo já tendo lido muita coisa, nunca havia lido nada deste autor. Então comecei com um clássico. Já havia visto o filme (de 1997,) e já sabia, por análises de outros, que o diretor do filme (Paul Verhoeven) fez uma paródia do livro, mantendo a base do enredo mas exagerando e ridicularizando a ideologia militarista do livro. Lido o livro, agora vejo como a ideia do diretor envelheceu mal nesse sentido, de ridicularizar a extrema direita e o militarismo, pois a idiotização e os idiotas nunca foram tão parecidos quando na época em que o filme foi concebido.

Mas estamos aqui para falar do livro. Acompanhamos um longo relato de Juan Rico, um jovem que ingressa para a Infantaria Móvel, a menos longeva tropa da humanidade e com o treinamento mais duro. Acompanhamos a vida militar desde o alistamento, passando pelo treinamento de recruta, a incursão na Infantaria Móvel e a guerra contra uma raça insetóide que ameaça a humanidade. Um modelo que seria usado por muitos livros e filmes. Histórias sobre guerras costumam ser libelos críticos contra a estupidez da guerra (Nada de novo no front) ou propaganda para o militarismo (Falcão Negro em Perigo), não havia um livro tão complexo sobre guerras no futuro. Rico "perde" muito tempo de seu relato falando sobre a organização militar, a medida que sobe de patente e sobre pensamentos e reflexões que o motivam a continuar em frente. Não se trata de continuar apenas porque seu companheiro precisa de você, mas de uma verdadeira lavagem cerebral que Rico é submetido por um regime autoritário. As lições econômicas sobre valor, principalmente em contraposição a concepção de valor em Marx são, no mínimo, cretinas e a doutrinação militar simplesmente o impedem de conhecer outra vida e ter o mínimo de acesso a outras opiniões.

Obviamente, que para o leitor não ter nenhuma sombra de dúvida de que a guerra é justa, veio a calhar que os inimigos sejam uma raça de seres insetoides, com estrutura de formigueiro. Inicialmente conhecem os operários (extremamente numerosos, descartáveis, mas inofensivos) e os guerreiros (mortais mas igualmente descartáveis), com poucas unidades que realmente comandam a coletividade. As táticas dos insetos não se importam de perder milhares de unidades para abater um único soldado humano. Uma alusão convenientemente simplista da coletividade do socialismo. Obviamente não há porque ter pena dos insetos, pois eles não gritam nem choram quando são varridos da superfície de um planeta ou são alvos de uma saraivada de tiros. 

Todavia, temos uma obra que construiu todo um imaginário sobre guerras espaciais: exoesqueletos, batalhas bem detalhadas e space marines. Não acho um livro essencial, mas uma vez que se saiba o que esperar dele, será uma excelente leitura pois o autor conduz a narrativa muito bem. Não acho que o livro tenha traços de ironia, como já ouvi falar, ou se tem está completamente esmagado nas entrelinhas.

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