segunda-feira, 8 de julho de 2024

Resenha #343 O Andrarilho das Sombras (Eduardo Kasse)


O Andarilho das Sombras é minha primeira incursão na obra de Eduardo Kasse e foi o meu "projeto tijolão" de 2024. Apesar da grossura do livro ele não chega a 400 páginas e a leitura foi muito suave, apesar da cenas de violência, pois o protagonista é extremamente carismático e segura praticamente sozinho a narrativa, por mais bacanas que sejam os coadjuvantes.

A história conta sobre Harold Stonecross, um vampiro que ressurge de uma hibernação forçada e volta a sua rotina de criatura da noite. Aqui o vampiro não é uma criatura reclusa num castelo que pega desprevenidos que invadem seu espaço, mas um predator que caça suas vítimas pela necessidade de sua condição. Não sem passar muitas vezes lamentando a sua condição, não apenas desfrutando do prazer da caça e do sabor do sangue. Tanto é que a narrativa se divide e se alterna entre momentos dessa nova fase de Harold como criatura da noite, caçando e conhecendo pessoas, amando e matando; com a vida antes da transformação, desde quando é abandonado pela família, mas tem a sorte de conhecer pessoas que o criam e convivem bem com ele, ensinando sobre as coisas do mundo.

A condução da obra é com uma sucessão de episódios que sucedem e não compõe nenhuma trama intrincada. O tom é parecido com o de Louis de Entrevista com o Vampiro, mas com menos melancolia. Harold é melancólico mas busca esconder suas dores com o prazer frívolo e passageiro de sua necessidade por sangue. Me chama a atenção também, como Kasse cosnegue transmitir a sensação de muito tempo passando, pois sentimos que Harold vive muitas vidas. Outro elemento é o sobrenatural para além da própria existência do vampiro, que aparece na cultura nórdica ainda presente na Inglaterra de Harold, sendo cultuados como deuses antigos devido a expansão do cristianismo. Deixando os detalhes de lado, eu recomendo muito o livro pois a escrita é muito envolvente e as situações muito intrigantes, mas o carisma de Harold segura todo o livro e não seria diferente se o protagonista não fosse bom.

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