terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Resenha #113 - As Fontes do Paraíso (Arthur C. Clarke)


"As Fontes do Paraíso" é uma das obras de Arthur C. Clarke em que ele se mostra mais otimista em relação ao futuro em relação a outras de suas obras clássicas, pois é mostrada uma tecnologia muito avançada, em um futuro relativamente próximo.

A história segue o engenheiro Vannefar Morgan em sua obra mais ousada e grandiosa: um elevador orbital, uma forma de ligar a Terra e o espaço de forma rápida, levando mais cargas/passageiros que os custosos foguetes. O primeiro problema para a realização da obra gira entorno da montanha escolhida para a torre base do elevador. Lá fica o templo budista de Kalidassa, um imperador da antiga Taprobana - equivalente a Sri Lanka e a história de sua construção e intrigas palacianas é contada nos primeiros capítulos.

A história é narrada do ponto de vista de Morgan, principalmente, mas também do jovem imperador Kalidasa, de um diplomata da ONU aposentado e de uma jornalista ambiciosa. Os capítulos são curtos mas as descrições técnicas da tecnologia usada no elevador é muito apurada e bastante baseada na realidade e em teorias existentes. Inclusive um posfácio do autor detalha mais tais fontes. O otimismo do autor em imaginar que em tão pouco tempo a humanidade estaria agregada o suficiente para uma obra deste porte ou para a colonização espacial, como vemos em Marte. 

Clarke atribui em parte esse avanço civilizacional a um evento sem precedentes: o contado com uma inteligência alienígena superdesenvolvida, chamado apenas de Sideronauta, que travou um contato breve mas devastador para as religiões no mundo. Menos para os solitários monges que ocupam a montanha ideal para a obra. O livro conta com capítulos curtos que ajudam a amenizar o ritmo lento da obra. Os debates sobre religião tomam conta da primeira metade da obra enquanto na segunda metade a tecnologia do elevador fica mais em evidência, e é onde o livro é mais interessante. Pessoalmente, acho o debate religioso um pouco inocente, mas de forma nenhuma inútil. A obra é recomendada, contudo, os outros clássicos do autor são bem melhores.

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