segunda-feira, 8 de abril de 2024

Resenha #330 Bill, Herói Galáctico (Harry Harryson)


Meses atrás, havia chegado a vez de ler Tropas Estelares, do Robert Heinlein e por mais que eu tenha gostado da história, da forma epistolar, como lembranças de um combatente e das cenas de ação, a ideologia que move o governo da Terra, orbitando na vida militar, é um completo conjunto de besteiras que se leva a sério demais. Não me desceu a suposta interpretação de que Heinlein não acreditava naquilo e na verdade tratava-se de uma sátira. Principalmente porque uma verdadeira sátira foi escrita anos depois por Harry Harrison. Esta obra se chama Bill, Herói Galáctico.

Na história, acompanha Bill, um agricultor que vive num planeta distante do centro do Império e sonha se tornar Técnico em Fertilizantes, mas uma convocação coloca Bill no epicentro de uma guerra contra uma raça alienígena, chamados de Chinger. Desde então começa o suplício de Bill para poder terminar seu tempo de serviço e voltar a seu mundo. Porém, o sistema sempre dá um jeito de engolir todos os sonhos e intenções de Bill e ele é levado para cada vez mais longe de casa. Bill em seus primeiros dias de serviço salva a nave ao destruir uma nave inimiga e é convidado ao planeta central do Império (equivalente a Trantor de Fundação) receber uma honraria do imperador, mas tudo sai do controle e Bill é tragado por conspirações, enganos e desenganos.

A linguagem do autor e a cadeia de cada acontecimento é baseada no absurdo da guerra e da burocracia. Temas muito fortes tanto em 1958 quanto em 1965, lançamento de Tropas Estelares e de Bill, Herói Galáctico. É importante ler como uma série de esquetes, cheias de ironia e humor ácido. Bill é alistado após ser bombardeado com drogas hipnóticas e exposto a imagens de um uniforme de gala que nunca vestirá. Deixa mãe e um irmão que ainda é criança, sem ter como se sustentarem. Bill perde o braço e recebe apenas uma medalha e descaso do governo. Mas há passagens engraçadas que podem tirar um riso de quem conseguir entrar no clima do livro. Acho importante saber o contexto, principalmente se você leu Tropas Estelares e já pescou que o filme é muito mais perto de Bill que de Juan Rico. Desta forma vai gostar tanto do livro como eu.

Um comentário:

  1. Também gosto muito dessa obra. Li na tradução da Argonauta (n. 353). Não sabia que tinha essa versão brasileira!

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