segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Resenha #166 - Rede Vermelha Sobre o Oceano de Merda (Cláudia Dugim)


"Rede Vermelha Sobre o Oceano de Merda e outros contos" é uma coletânea de contos de Cláudia Dugim, conhecida no Clube de Leitores de Ficção Científica no Facebook, onde administra (e coloca ordem no coreto) e contribui para ser uma das poucas comunidades de Ficção Científica onde podemos conversar sem o lado mais escroto do Fandom desse nicho que tanto amamos. Essa coleção, que é de 2018, fui conhecer durante o desafio Corrida Kindle 2020 que me rendeu muitas leituras agradáveis e esta foi uma delas. São seis contos bem curtos que fecham 51 páginas no total. 

"Entre Sólidos, Gelatina" conta sobre uma detetive que desconfia do cliente em um caso e acaba chegando a três trigêmeos num ferro velho. Conto se passa no mesmo mundo de "Boca Maldita" (publicado na no livro Cyberpunk) que se passa numa Antártida distópica. Conto é competente em manter um mistério num mundo diferente e aumentou minha curiosidade sobre esse mundo compartilhado da autora. 

"Para não dizer que falei de mim" é o primeiro conto que mostra a marca desse livro que é a criatividade em pensar em mundos absurdos. O conto é todo um diálogo de uma mulher ao espelho ponderando se envia o cadáver da amante numa viagem até a lua. "Rede Vermelha sobre o Oceano de Merda" é uma viagem insólita em um planeta que se degradou ambientalmente a ponto de se tornar um amontoado de vulcões e oceanos de merda na pele de um pesquisador que fica obcecado pelas áreas mais perigosas do continente. Inspirado em três quadros de Edvard Munch (Melancolia, O Grito e Separação).

"Bebês e Gatinhos Espiralam no Trono" uma operadora de torno mecânico que morre e renasce todo dia sem memória é abordada por um movimento revolucionário enquanto cria de bebês e gatos que não lembra de onde vieram. Alegoria instigante do ser humano pós-moderno. "Bossa Nova" segue uma entidade que tem seu movimento interrompido por cinco pessoas que tem seus desejos estranhamente atendidos. Conto repleto daquele absurdo que adoro tentar desvendar. "Para Elaézer Bouffier" é baseado no francês que após lutar na 2GM replantou uma reserva florestal inteira sozinho. O conto acompanha suas reflexões sobre a vida e é um relato muito emocionante.

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