segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Resenha #253 Ubuntu 2048 (Raphael Silva)



"Ubuntu 2048" (2020) é um thriller cyberpunk afrofuturista lançada pela Kitembo, editora voltada a publicar autores negros no Brasil. A obra é voltada ao publico adolescente e é eficiente em divertir e deslumbrar o leitor, com o carisma dos nossos heróis. A filosofia Ubuntu permeia o conto todo sem parecer didática demais e acrescenta a relação de solidariedade e amizade entre os protagonistas, Tsehai e Kinaya.

A história se passa num futuro caótico, repleto de desastres naturais e provocados pelo homem. Apesar da tecnologia ainda ser uma última barreira contra a extinção da humanidade, o seu fim parece inevitável. Os habitantes da cidade de Salvadora não tem permissão para sair da cidade mesmo que seus habitantes sejam obrigados a coletar Méritos para não serem aposentados (como em Blade Runner, um nome suave para assassinato). É aqui que Teshai (ou Tsehai) se vê obrigado a pegar um serviço perigoso para coletar Méritos, para tirar sua cabeça da lista de pessoas a serem aposentados. Sabemos que esse serviço vai colocar Tsehai em mais confusão e no caminho da androide procurada Kinaya. O livro acompanha a jornada de dois marcados para a morte, cheio de ação e carisma dos personagens. Inicialmente temos sequencias de perseguição mas logo o tema das inteligências artificiais toma conta do livro e conhecemos mais da dinâmica deste mundo onde estabelece o objetivo final do protagonista.

É preciso advertir o leitor que é um livro YA (Young Adult) e os personagens adolescentes podem não ser tão interessantes para velhos rabugentos como eu, que ainda assim gostei da construção leve dos protagonistas e da inserção da linda filosofia Ubuntu na história. Infelizmente a parte física da edição tem alguns erros muito difíceis de ignorar. O nome Tsehai estar grafado Teshai na contra capa e a inserção de separação entre os parágrafos e por fim a repetição de um capítulo inteiro, causam um desconforto ao ler a obra. Felizmente a leitura é muito fluída e tudo é muito ágil, o que ameniza os defeitos da edição. Como o mais importante é a história e a experiência da leitura, recomendo Ubuntu 2048!
 

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