segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Resenha #306 Mestre das Marés (Roberto de Souza Causo)

Mestre das Marés é uma sequência direta de Glória Sombria, e faz parte do Universo GalAxis, que o Roberto Causo vem publicando há 15 anos. Além desses dois romances, existem vários contos e que incluem a saga da assassina Shiroma. Em Mestre das Marés temos a segunda missão do capitão Jonas Peregrino dos Jaguares do 28º GARP que tem a missão principal combater os tadais, uma misteriosa presença no espaço que comanda naves robôs com o único (aparente) propósito de matar.

A historia começa quando o 28º está investigando a presença de tadais quando é chamado em uma missão de resgate de uma estação científica perto de um buraco negro chamado pelos aliados do Povo de Riv de Agu-Du'svarah ou Firedrake para os pesquisadores. A presença de um artefato com tecnologia superior a da humanidade no século 25 é o que atraiu tanto as forças da Esquadra da Latinoamerica quanto dos tadais. Por trás de um resgate relativamente simples, as peças de um jogo que envolve conhecimento estratégico, potências humanas da Terra e as raças que coabitam com os humanos na área de alcance da colonização terrestre.

O que chama a atenção é a imersão que o autor proporciona com um uso e tratamento dos jargões militares. Diferente do que nos acostumamos com os filmes americanos, não há aquele clima de piadas de quem tenta usar o humor para mascarar o fato de que podem morrer a qualquer momento. Peregrino é um oficial com uma longa carreira, que apesar de saber que pode, de fato, morrer a qualquer momento, tem uma missão longa no comando do 28º GARP e tem a mente mais preparada e enfrenta desafios correspondentes a seu preparo e experiência de vida. Em outras palavras, são militares sérios e dão o peso que uma space ópera precisa para ser levado a sério. Há muita ciência, exposta de forma prática (como um militar faria) e tem cenas de ação muito boas, mas sem operações impossíveis e inconsequentes. Alias, as consequências dos atos dos militares é um tema que foi abordado em Glória Sombria, que continua repercutindo no segundo livro, afinal há um inquérito abordando os eventos finais do primeiro livro. Em paralelo, temos a história narrada em primeira pessoa pela jornalista Camila Lopes, a quem foi encomendada uma reportagem sobre a personalidade do Capitão Peregrino, com intuito de destruir sua imagem. Linha narrativa que daria, por si uma noveleta excelente, explorando um ponto de vista externo ao protagonista. Outro paralelismo bacana é com a viagem de Dante ao inferno, pois um planeta atingido pela energia de um buraco negro, despido de sua atmosfera, é facilmente associável ao inferno. Inclusive, Peregrino relembra em vários momentos de alguns trechos da obra.

Mestre das Marés, felizmente não termina a saga de Peregrino nesta fase como capitão de sua frota de naves espaciais. O livro é um prato cheio para quem gosta de space opera e ficção científica militar, mas recomendo ler antes Glória Sombria, mas não obrigatoriamente os contos do personagem para entender melhor esta obra.

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