segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Resenha #307 Oceano dos Mil Deuses (J. M. Beraldo)

Oceano dos Mil Deuses do J. M. Beraldo foi o fim (até então) de uma jornada pelo mundo da Série Reinos Eternos que ele criou. Quero falar sobre este livro, mas é impossível seguir sem mencionar essa série de três romances que nos submerge em três continentes diferentes (Império de Diamante, Último Refúgio e Sombras e Ecos). Uma viagem cultural abordando a questão de refugiados, escaramuças políticas e religiosas, e ação de qualidade. Me surpreendi com o autor como contista, nem sempre bons romancistas dominam o conto. O que me puxou pela obra foi voltar a série mesmo que numa publicação curta. Só tinha lido os romances e achei que ele se saiu melhor no conto, mesmo adorando os romances (estamos nivelando pelo alto aqui)

Os contos exploram algumas passagens que se passam entre os romances da série, fornecendo algumas respostas para algumas lacunas, mas antes de mais nada, principalmente nos divertindo com boas histórias, passadas em pontos não explorados no mundo criado pelo autor. Aliás, este mundo é de uma riqueza e diversidade exuberantes. Dá gosto explorar e conhecer os locais com suas manifestações religiosas e politicas, carregadas de mágica e violência, mas sem ficar pesado. Há um humor bem dosado e bem vindo em meio a estranheza que as culturas desses povos geram, tanto em nós quanto nos personagens.

Sobre os contos, dos cinco, três são protagonizados por Kasim. No primeiro, A Voz de G'ganch, ele é contratado para levar dois homens a uma ilha onde vive uma tribo que fornece misteriosas e caríssimas frutas, mas que enfrenta uma diminuição repentina no fornecimento do produto. Obviamente, há um mistério muito bacana de se acompanhar sobre o que se passa realmente nessa ilha. No segundo, Barracuda e a máquina misteriosa, acompanhamos a capitã Kayra que lidera com frieza e crueldade o barco Barracuda Negra e vê uma oportunidade de enriquecimento quando se depara com uma máquina complexa e engenhosa. O final foi cruel e de tirar um riso do rosto, pela forma como foi contado. No terceiro conto, De sonhos e pesadelos, voltamos com Kasim que faz escolta a um barco, mas os planos quanto a missão mudam quando o barco é invadido por um cardume de criaturas peixe carnívoros que exigem um quarto dos passageiros como pedágio e apenas Kasim tem experiência prévia com esta raça em Último Refúgio.

Em O Escolhido, Kasim faz dupla com Anton e recebe a missão de assassinar um alvo que comanda um culto, porém o homem que havia matado era um impostor. Ugarte, o contratante, designa um novo alvo mas os assassinos temem que foram enganados. Conto com muita ação e sanguinolência, com um desfecho muito satisfatório. Por fim, Taniwha se passa na Ilha de Ibukun onde uma jovem cientista de Niparsha, (cidade que aparece no livro em inglês do autor) é resgatada por um enviado de sua terra natal junto de um certo mercenário de Myambe. Eles embarcam numa jornada em que o humanismo e o ceticismo de Aghata são colocados em dúvida pela fé de um garoto prestes a morrer.

Os contos são bem divertidos. Leria um livro de 1000 páginas, com essa pegada, sem me cansar. Porém, infelizmente ele só tem 100. E não sei quando o autor vai retornar a esse universo, mas quando acontecer estarei pronto para uma nova aventura. Considero esse livro uma nova possibilidade de começar a ler a série, pois acho que se o leitor não quiser começar com "Império de Diamante" pode começar com este livro pequeno mas muito gostoso de ler, sem prejuízo ao entendimento dos livros da série!

Nenhum comentário:

Postar um comentário