sexta-feira, 6 de maio de 2016

Resenha #23 - Segunda Fundação (Isaac Asimov)

[SEM SPOILERS]
Esta resenha corresponde ao terceiro livro da trilogia clássica que foi publicada completa pela editora Hemus e separada pela editora Aleph. As duas primeiras partes foram resenhadas aqui e aqui.
Segunda Fundação conclui a trilogia clássica, acrescentando camadas de revelações, e focando no "Plano Seldon" que falava de uma segunda Fundação no outro extremo da galáxia.
A história
Mulo, o mutante que conquistou quase toda a galáxia, tem a obsessão de enfrentar e derrotar a Segunda Fundação. Temos também mais uma passagem de tempo relevante e uma última e "conclusiva" parte, que satisfaz muitas curiosidades sobre a Segunda Fundação que haviam sido despertadas até então.
A psicohistória e o sonho de Auguste Comte
O plano Seldon, depois de consolidado como uma realidade nas primeiras obras, é debatido e contestado neste volume. Tendo na figura de Mulo o agente que tolhe o livre-arbítrio, o plano Seldon, imaginada como uma matemática capaz de calcular, para prever, a dinâmica humana de grandes grupos populacionais. Essa encontra muitos paralelos (e não inspirações) na "física social" do positivismo de Comte. Esta imaginava que a sociedade deveria alcançar um estado de evolução onde a religião e a irracionalidade não seriam mais necessárias, porém até lá, uma religião seria criada propositalmente para conduzir a esse fim. 
A "religião da humanidade" é bastante parecida com a religião criada pela Fundação no primeiro volume. Contudo o positivismo foi abandonado tanto como ideológica, como politica e religião, mas na especulação cientifica e social de Azimov com a psicohistória, ela evoluiu nos estágios, ditos, irracionais.
A racionalidade tendo forma no plano Seldon, ironicamente profético e cientifico, encontra um debate muito interessante nesta conclusão da trilogia.
Lições de história que governam cada vez mais os vivos
Uma das características mais marcantes desta obra é como as histórias vividas por outros personagens e as lições históricas são sempre revividas pelos personagens e influenciando ativamente as partes seguintes da história. Outro paralelo com o pensamento de Comte, os personagens vivem como em uma de suas máximas: "Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos." Na narrativa de Azimov as verdades estabelecidas são recontadas, tratadas como lenda ou fato, e principalmente pautando a vida das gerações desta grande história.
Sobre a edição lida para a resenha: Fundação (Trilogia) de Isaac Asimov. Trata-se da primeira edição pela Hemus, publicada numa época em que até uma trilogia não precisava de três livros publicados separadamente.

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