sexta-feira, 24 de junho de 2016

Resenha #29 - Solaris (Stanislaw Lem)

SEM SPOILER
Solaris de Stanislaw Lem, vai na contramão das estórias de virtuosos exploradores espaciais e conquistadores de planetas. O sonhado contato da humanidade com uma inteligência alienígena se mostra uma frustração em Solaris. Após décadas de exploração, a pergunta continua: o que é Solaris?

Estória se passa num futuro de exploração espacial onde Kris chega a estação de Solaris e descobre que seu mestre havia cometido suicidio. Os dois tripulantes remanescentes Snow (ou Snaut, dependendo da edição) e Sartorius, estão com perturbados mentalmente. Kris logo descobre que o motivo são a aparição de pessoas sabidas mortas pela estação. Logo Kris encontra Rheya (ou Harey), sua esposa que suicidara-se logo após uma separação. Contudo não são fantasmas, pois interagem com os outros tripulantes, mas também não são humanos como eles, ou seriam?

Uma imensa estranheza
O romance é curto no tamanho, mas bastante denso. Principalmente no aspecto psicológico com as aparições personificadas dos traumas de Kelvin. Mas também nas descrições dos estudos solaristas que precederam o tempo dos personagens, que são uma forma de criticar as instituições, ao que parece, como um todo. Solaris, a obra, acaba acertando em cheio no romantismo das viagens espaciais e do explorador virtuoso. No seu lugar temos uma humanidade extremamente frustrada com décadas seguidas de fracasso no tão desejado contato com o alienígena. A biblioteca inteira de estudos solaristas, que não chegam perto de uma conclusão, é uma manifestação desse sentimento. Em meio a isso é o homem que se torna um ser estranho no espaço, um verdadeiro mistério.

Considerações finais.
Solaris é um livro pesado. Mergulhar em seus mistérios pode ser tão frustrante quanto é para seus personagens e essa inquietação o torna um livro intragável para quem quer apenas uma aventura. Mas para quem prefere boas perguntas do que boas respostas é um livro recompensador. Um drama psicológico com grandes pinceladas de melancolia.

A edição lida para essa resenha é a da Circulo do Livro. Pequena e com capa dura e possui um belo ensaio (ainda que datado) do critico croata Darko Suvin.

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