terça-feira, 12 de março de 2019

Resenha #88 - Count Zero (William Gibson)

Estamos de volta a Matrix, depois de muitos livros lidos e resenhados aqui no blog desde Neuromancer, agora vamos para a sequência do clássico da trilogia do Sprawl de William Gibson "Count Zero". A história se passa nove anos depois dos acontecimentos de Neuromancer com personagens novos exceto pelo Finlandês (único personagem que aparece na trilogia). 

Temos três personagens principais que intercalam contanto suas próprias histórias até que a trama junta todos nos momentos decisivos. O primeiro é Bobby Newmark, conhecido por Count Zero/Conde Zero um rapaz que sonha em ser um cowboy do ciberespaço (que chamaríamos hoje de Hacker) e acaba se deparando com uma nova tecnologia de chips que o coloca na mira de uma conspiração; Marly Kushkova, uma especialista em arte contratada por Josef Virek, um milionário excêntrico belga, para encontrar uma caixa misteriosa capaz de criar uma nova tecnologia de chips; e Turner um mercenário a serviço da corporação Hosaka incumbido de resgatar um engenheiro de chips da empresa concorrente que deseja desertar.

A escrita de Gibson melhora sensivelmente nesta sequência, isso deve ajudar a apreciação para quem achou Neuromancer um pouco truncado, contudo o regresso ao mundo já conhecido também auxilia pois o autor não precisa retomar todos os conceitos que já havia criado na obra anterior. Acredito que Gibson usou melhor o espaço necessário para criar o mundo, já construído aqui, para cuidar melhor da trama e dos personagens. Bobby Newmark ficou ótimo, um alívio cômico que funciona e com uma função importante história. Turner tem profundidade muito maior que os brutamontes costumam ter (mas afinal estamos num livro) e Marly foi escrita de forma sensível em contraponto a Josef Virek um bilionário que vive por aparelhos e deseja ser um ser da Matrix, abandonar a humanidade (um protótipo de Bigend, o milionário belga de trilogia Blue Ant). 

A diferença maior diferença entre as duas obras é a estrutura da trama, substituindo a linear de Neuromancer por três linhas narrativas que se encontram. De forma geral, temos o mesmo efeito da obra anterior, Gibson trouxe nos anos 80 um mundo que se passa no nosso presente imaginando a o ciberespaço modificando totalmente na nossa vida e ao expor sua visão acabou contribuindo para moldar o próprio futuro que acabou se concretizando no nosso presente, obviamente não em todos os detalhes mas na essência. Um exemplo divertido é a expressão "wilson" que é um equivalente ao "noob" de hoje. 

Em Count Zero, Gibson consegue ser mais objetivo e colocar mais ação o que torna a leitura mais prazerosa. Recomendo muito a leitura e que venha Monalisa Overdrive o ultimo da trilogia!

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