terça-feira, 11 de junho de 2019

Resenha #97 - Planeta do Exílio (Úrsula K. Le Guin)

"Planeta do Exílio" (1966) é junto com "O Mundo de Rocannon" uma das primeiras obras publicadas pela autora e faz parte do ciclo Hainnish que contam histórias que se passam em vários planetas onde a Liga dos Mundos busca intercâmbio cultural com planetas com menos tecnologia e complexidade civilizacional. É possível notar a qualidade da escrita da autora já neste livro do seu segundo livro e, lendo os seguintes, como evoluiu nas posteriores até chegar nas obras de maior sucesso: "A Mão Esquerda da Escuridão" e "Os Despossuídos". 

A história se passe no planeta Eltanin, também chamado de Alterra, 600 anos terrestres depois que a Liga dos Mundos abandonou milhares de colonos sem restabelecer contato novamente. Os alterranos que remanesceram estão definhando lentamente em sua cidade - Landin - enquanto convivem com seus vizinhos, os Tevar. São nativos do planeta ao qual a Liga estabeleceu contato quando da sua chegada mas hoje apenas aturam os alterranos devido as condições climáticas. Existe muito preconceito entre os dois povos, mas a chegada de um inverno terrível, num planeta em que as estações do ano duram uma geração inteira, e uma invasão em massa organizada pelos hostis Gaal, obrigam aos tevaranos e alterranos lutarem lado a lado. Em meio a esse conflito, Hiff Rolery, uma neta do líder tevarano Wold e Jakob Agat, o líder dos Alterranos se apaixonam e tentam selar uma aliança entre os povos para o iminente ataque dos Gaal. Contudo, apenas Agat parece disposto a passar por cima do preconceito para isso.        

A característica mais marcante da obra é a habilidade em misturar Ficção Científica e Fantasia, assim como vimos em O Mundo de Rocannon. A obra é essencialmente Ficção Científica, pois os colonos usam tecnologia avançada ainda que limitada pelas regras da Liga dos Mundos de não sobrepujar os nativos e todo o pano de fundo da própria da Liga dos Mundos. O elemento de Fantasia fica por conta de toda a ambientação e baixa tecnologia do mundo de Eltanin que remete muito a Fantasia medieval. Úrsula consegue mesclar os dois ambientes de forma coesa e escreve tudo isso em personagens com uma boa evolução e complexidade para um livro tão curto. Nesse ponto pode não agradar muito ser curto demais e as coisas se resolverem um tanto rápido, mas levando em conta que é a segunda obra da autora (a primeira foi lançada no mesmo ano) e que as obras seguintes são melhores trabalhadas, nos mostra que Úrsula Le Guin no início de sua carreira ainda é excelente! Enfim, recomendo a obra para quem quer saber mais da Liga de Todos os Mundos, que gosta de uma boa mistura de FC e Fantasia e que quer apreciar uma boa escrita.

Segue a ordem cronológica das obras do Ciclo Hainnish, junto com o ano de publicação de cada obra:
- Os Despossuídos (The Dispossessed) – 1974;
- Floresta é o Nome do Mundo (The Word for World Is Forest) – 1976;
- O Mundo de Rocannon (Rocannon’s World) – 1966;
- Planeta do Exílio (Planet of Exile) -1966;
- A Cidade das Ilusões (City of Illusions) – 1967;
- A Mão Esquerda da Escuridão (The Left Hand of Darkness) – 1969;

- The Telling – 2000;

2 comentários:

  1. As obras da Úrsula são uma delícia de ler. Ela escreveu mundos e personagens tão interessantes e únicos.

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    1. Verdade. Ela sabe descrever lugares e pessoas como ninguém!

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