segunda-feira, 4 de abril de 2022

Resenha #229 - A Cor do Infinito (Editora Cyberus)



"A Cor do Infinito" é uma pequena coletânea de contos afrofuturistas, contando com apenas três contos. A proposta é sensacional pois é sempre bom ver que o afrofuturismo ter mais publicações e autores diferentes, criando e publicando histórias. Já faz um tempo que estou acompanhando as publicações, como podem notar neste blogue, principalmente dos autores Fábio Kabral e da Lu Ain-Zaila, os mais destacados autores do subgênero.

Nesta pequena coletânea, não há o que posso acrescentar, apenas aprender com os autores que demonstram saber onde querem chegar com o texto. Contudo, no que tange a literatura em si, os contos poderiam estar melhor lapidadas, pois as narrativas estão um tanto brutas. No primeiro conto "O Rei do Congo" de Lia Rodrigues, conta a história de Joel que volta formado em Direito para o interior do Espirito Santo, visitar seus pais passa por um processo de reconexão com suas raízes. A autora capixaba traz uma narrativa envolvente e bonita. Não há muita ficção científica porém o conto é bem conectado com o fantástico fechando bem o arco do protagonista.

Em "Anseio do Rei" de Wilson Carvalho, soa confuso por foca em um momento muito curto num fluxo de consciência do protagonista Nadlu momentos antes de um ritual religioso onde encara uma dúvida sobre usar ou não drogas para desempenho. Pesquisei sobre a festa com o termo usado no conto, Dongada mas achei apenas referência a Congada, que se encaixava na descrição do conto. Não sei se é uma mesma forma de referenciar a mesma festa ou se é outra ou, ainda, se é um erro de digitação. Quando tiver a informação retifico o comentário. Por fim, "O que querem as filhas e os filhos da África?" da gaúcha Diônvera Coelho da Silva, narra uma grande quantidade de eventos, desde o encontro entre o caboverdiano Bonami e a brasileira Aduke que tem uma filha chamada Oyri e seu papel como cientista após a extinção das abelhas. A história é boa porém detalha muito o início dos pais de Oyri e atropela os acontecimentos decisivos com a filha, deixando o conto inconstante. Gostaria de ver uma versão com a segunda metade do conto mais detalhada e extensa para imergir melhor neste futuro bacana de imaginar.

A ilustração da capa de Andrew Derr é muito bonita e chama a atenção para a leitura, porém alguns detalhes da edição poderiam ter sido vistos pela editora, como por exemplo, no último conto. Quando a autor menciona grupos como "ele/ela", é algo simples que uma leitura de apoio poderia ter evitado e isso é trabalho da editora. Também senti falta de um pequeno texto de apresentação da organização do livro e inclusive uma apresentação do editor, afinal quem escolheu e juntou esses contos? Espero ver mais cuidado com os autores nas próximas edições pois são estes detalhes que fazem toda a diferença.

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