segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Resenha #272 2021 (Edgar Franco Org.)


"2021" organizado por Edgar Franco, o ciberpajé, foi lançado em 2020 durante os primeiros e mais tensos meses da pandemia de COVID-19. A obra é também vencedora do Prêmio Argos 2021 na categoria antologia. A coleção é baseada num álbum de gravuras que o autor desenhou para inspirar os autores, e são belíssimas. Uma mistura de psicodelia com tecnologia que refletem o conceito de hipernormalidade do autor ao buscar uma extrapolação tão próxima, no caso um ano no futuro. Ironicamente dois anos no passado, agora.

Um exoantropólogo em um mundo pós-humano, de Edgar Smaniotto abre a antologia este conto em formato de ensaio científico, na pele de um pesquisador num futuro onde a raça humana aprendeu muito com outras formas de vida. Um conto utópico muito bem vindo cheio de alteridade. Et in Arcadia Ego, de Fábio Fernandes, faz uma releitura da alegoria do mito da caverna, num conto de exploração planetária, que poderia se passar no mesmo mundo do conto anterior.

O nascimento do Rei Poedi de Fábio Shiva se parece com o conto de seu xará, pela via da influência dos filósofos gregos antigos. Em um grande império a sucessão é uma história trágica para o rei e o príncipe. Conhecer a história de Édipo ajuda bastante a aproveitar melhor o conto. Onde as (nano)cores se arvoram de Gazy Andraus entrega um conto potente em imagens, que precisam ser formadas na cabeça do leitor para uma melhor imersão, pois não há um enredo linear, tradicional para seguir. O aplicativo, de Gian Danton, por outro lado traz um conto com enredo com uma revelação no seu desenlace. O conto alia o terror a ficção científica para nos impactar com nossa relação com a tecnologia, como se passou a dizer, a la Black Mirror

Pandemônyo em Pyndorama: alegrya, alegrya de Nelson de Oliveira voltamos a vibração imagética no estilo característico do autor, que já foi melhor digerido por já ter lido mais do autor que alia várias influências buscando a arte brasileira. Por fim Octávio Aragão com seu O Ninho no Nariz do Boneco” começa pintando o conto com traços lisérgicos, como numa pintura vista a distância que vai ganhando traços bem delineados quanto mais perto chegamos perto até um final mostrando um enredo bem amarrado.


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