segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Resenha #299 Piritas Siderais (Guilherme Kujawski)


Piritas Siderais, (1994) do Guilherme Kujawski é uma das obras precursoras do tupinipunk, que é a aproximação do cyberpunk para o Brasil. Digo aproximação, pois o cyberpunk brasileiro tem preocupações diferentes do americano. No caso de Piritas Siderais é vemos uma preocupação com a com a linguagem e com a subversão do próprio gênero, para transportar o leitor para um futuro próximo embebido de tecnologia com uma interpretação da espiritualidade.

O Brasil de piritas siderais é despido de sua casca cristã, assumindo seu interior iorubá. As cidades são regidas por orixás e o mundo é estacionado numa necessidade de reconstrução. A obra é curta, mas sua linguagem exige do leitor, principalmente no primeiro terço, onde os mundo e Zé Seixas e Terêncio Vale, (os protagonsitas) são apresentados. Uma vez imerso, a história bastante simples avança e conhecemos os vilões da obra, Maria Gonçalves e Berzelius Baldwin que lhes oferecem um trabalho que sabemos que vai dar merda. O que não deixa de ser um padrão de histórias cyberpunks. Personagens financeiramente na merda que aceitam trabalhos ruins que os colocam em situações muito ruins. Contudo, aqui o objetivo é satirizar ao extremo. Os personagens são engraçados, ridículos e as situações também. A linguagem é difícil, pois é experimental e compensa o leitor com uma história simples, pois permite o leitor se jogar no quebra-cabeça linguístico, sem tropeçar em um quebra-cabeça no enredo.

Minha recomendação é ler o livro com a mente aberta. Espere humor, aproveite cada frase pelo que ela inspira e siga lendo sem se preocupar com o tempo. São 136 páginas que passaram rápido e vão ficar na sua cabeça por algum tempo. Vai deixar confuso o leitor acostumado a leituras mais lineares, então é bom separar esta leitura para quando você estiver na vibe de algo diferente. Caso contrário deixe para depois. Eu fiz isso e valeu a pena.

Vou deixar o linque de outra resenha, de quem entende mais que eu sobre o livro, o Luiz Brás com uma versão em pdf da obra para quem quiser ler também!

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