segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Resenha #213 - Cyberlogia (Tauã Lima Verdan Rangel Org.)


"Cyberlogia" é uma antologia de contos Cyberpunk. Foi uma boa surpresa em alguns pontos e em outros tem a média comum de antologias. Os pontos fortes são a introdução, que mostra um bom conhecimento sobre o que é o cyberpunk, mesmo sem mencionar as referências e autores consagrados. Os contos bons são muito bons, porém são contos muito curtos. 15 contos em 100 páginas. Alguns contos não se encaixam bem no cyberpunk, e eu esperava um cuidado maior na escolha, uma vez que o livro é curto e a introdução demonstrou conhecimento do tema. 

A Sete Palmos do Chão (Ana Gabriela Pacheco) A divisão social nesse mundo é entre os pobres que moram na superfície e a elite que vive em prédios flutuantes. Acompanhamos uma rebelde que acorda após um atentado a uma fábrica e logo se vê perseguida pela polícia. O conto surpreende no final, por uma resolução aparentemente cansada mas que por alguns detalhes pouco explicados consegue fazer diferente. 

O Roubo de Naguile (Ana Rosa) A humanidade está ameaçada por ter perdido o controle de sua reprodução. Tem mais aproximações com Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, que com o cyberpunk em si, porém é um bom conto.

Éramos Mais Felizes Antes (Clara Formatti) Acompanhamos Maia, que trabalha em um hospital em um futuro de extenso uso de próteses para repor partes orgânicas, quando após um acidente com sua esposa, descobre que ela voltou muito diferente do que ela conhecia. O conto tem uma ideia boa, mas tem uma resolução muito expositiva.

Atualização Mental (Enzo S. Macedo) Júlia é convencida pelos amigos a fazer uma atualização mental, para suprimir sentimentos. Acompanhamos os motivos e as consequências de sua decisão. É um paralelo as fugas diárias que fazemos hoje para nossos problemas. 

A Programação (Fábio Cachamorra) Acompanhamos um Sintético, criado pela IURD (Indústrias Unidas pelo Reino de Deus) em uma analogia muito bem feita entre a ideologia religiosa e a corporativa e a forma como descobrimos é bem explorada.

Cidade Baixa (Fábio Muller) Um mercenário que vive na área privilegiada cai na Cidade Baixa, onde acompanhamos como é a vida lá e a luta do protagonista para sobreviver. Conto digno da ação que promove.

Peças de Reposição (Humberto Lima) Uma linda ruiva dos níveis superiores (dos privilegiados) decide passear pelos níveis inferiores (ultra violentos). Um crime e a vingança, regada a tecnologia robótica. É uma ação clichê como o conto anterior, porém mais esteticamente divertido.

Metallo (Igor Moraes) Mais um conto de robôs, ao estilo Asimov, brincando com as três leis da robótica, que um conto cyberpunk, mas um bom conto de robôs a Asimov, brincando com as três leis da robótica.

Boneca Cibernética (Léon Edson) Um investigador encontra o corpo de uma jovem morta tragicamente, então começa uma torrente de revelações que deixam o conto muito frenético e cheio de ação. Uma pena que o final tenha cara de episódio piloto, ou capítulo, do que um conto fechado.

"Chaos-2120" (M. Consanni) Conto distopico futurista com poucos elementos cyberpunks, mas ainda sim vale a pena forma de escrita na primeira pessoa em forma de relato.

Os Irmãos (Maurício Coelho) Conto típico do cyberpunk, em que dois irmãos pegam um trabalho perigoso, que é mais perigoso que imaginaram. Aqui foi bem ambientado no Pará, o que deu o elemento de nossa relação com a tecnologia.

Drone (Nick Scabello) Acompanhamos Amanda que está fazendo uma incursão em uma área restrita protegida por um drone. Um duelo com a tecnologia, muito bacana de acompanhar. Parece uma cena isolada de um livro, mas consegue ser eficiente como peça isolada, o desfecho traz o motivo para aquele confronto, mas é um conto que vale pelo desenvolvimento. 

Visão (Rodrigo Ortiz Vinholo) Narra em primeira pessoa, um homem que passa a ter visões de uma mulher. O autor consegue montar um suspense sobre o que se trata tudo isso, como se fosse um conto de terror mas que tem um desfecho completamente calcado na tecnologia e condizente com o cyberpunk. Meu conto favorito do livro! 

No Boulevard das Sombras (Tauã Lima Verdan Rangel) Temos a história de uma prostituta que involuntariamente se envolve em uma conspiração envolvendo corporações e espionagem industrial. O conto perde bastante parágrafos em descrições de cenário no início e acaba deixando pouco para detalhar mais o final deixando muito enigmático.

Cabeça Vazia (Wilson Carvalho) Conto sobre robôs que tem mais aproximação com os antigos contos de robôs do Asimov que com o cyberpunk contestador dos anos 80, mas ainda sim, um bom conto sobre robôs.

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