segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Resenha #317 O homem que não queria matar (José C. Peu)

O homem que não queria matar é o livro de estréia do JC Peu, que é o host do canal Te Conto Ficção Científica e foi um grande acerto dele. Temos um livro que se inspira nos clássicos da distopia com um olhar afrofuturista, conectado ao Brasil como poucas obras conseguiram fazer até agora. Acompanhamos Alberto que é um Comissário, eufemismo para um assassino que serve a empresa/governo que extermina os membros pouco produtivos da sociedade. Estamos em um futuro onde a área do Rio de Janeiro tornou-se o polo produtor e exportador de bananas para todo o planeta. Sabemos pouco sobre como é o resto do mundo, assim como o protagonista, que narra em primeira pessoa suas descobertas oriundas de sua dúvida com relação ao mundo que vive. Alberto é o único negro entre os comissários, em uma sociedade que extermina a população negra considerada improdutiva. Seus superiores, os Conselheiros, decidem que uma nova faixa da sociedade como novo alvo para o extermínio. Momento esse que é o ponto de virada para Alberto.

O ponto forte do livro é para a condução da história pelo autor. Não há uma história fora comum nas distopias, pois assim como o bombeiro Montag, de Farenheit 451, Alberto também se rebela mas acompanhar esse processo não foi uma viagem fácil. A escrita fluída do Peu, nos obriga a virar páginas enlouquecidamente mas as cenas fortes cobram um peso em nosso coração. É um livro forte que penetra e devasta, pela simplicidade com que nos expõe as partes mais sensíveis e cruéis da nossa sociedade. Temos o óbvio gritando e perfurando a carne dos desavisados, sobre a violência. Uma chacoalhada necessária. 

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