terça-feira, 5 de julho de 2016

Resenha #31 - Metrô 2033 (Dmitry Glukhovsky)

[SEM SPOILERS]
Metro 2033 é mais conhecido por sua adaptação aos games, mas a origem é este livro escrito pelo jornalista russo Dmitry Glukhovsky. Trata-se de uma distopia que aglutina vários elementos de apelo ao publico jovem (mundo pós-apocalíptico, "zumbis", seres paranormais) num rico mundo multicultural espremido num microcosmo do metrô de Moscou. Diferente do jogo que é um FPS claustrofóbico, o foco da narrativa do livro é a jornada do protagonista e como ele muda a cada pessoa e local que conhece.

A estória se passa em Moscou, duas décadas após uma guerra nuclear, que obrigou os poucos sobreviventes a se abrigarem no metrô da cidade. O ar contaminado por radiação e criaturas oriundas da catástrofe impedem o ser humano de retornar a superfície. Nesse mundo seguimos a jornada de Artyom. Um jovem que sempre viveu nesse mundo claustrofóbico na periférica estação VNDKh ameaçada pelas criaturas da superfície. Um caçador chamado Hunter pede que Artyom siga até um estação, controlada pela Pólis, enviar um relato da ameaça.

A forma: Nessa viagem-jornada-odisseia é que consiste basicamente todo o livro. Como um jovem camponês que vai para a cidade grande, Artyom desbrava esse mundo onde cada estação é como uma cidade e algumas delas se juntaram como países ao longo do tempo, com sua curiosidade, ingenuidade, medo e anseios muito bem trabalhados pelo autor. O narrador onisciente na verdade segue apenas Artyom, ouvindo apenas seus pensamentos, seguindo-o inclusive nos seus sonhos.

Microcosmo no Metrô
Tão bem trabalhado como Artyom, é o mundo do metrô. As divisões políticas entre estações capitalistas, comunistas, nazi-fascistas e a Pólis é construída sem pressa. Também estão lá estações controladas por crime organizado, entre outras estranhezas encontradas no caminho. Os nomes delas, no geral, são de difícil pronuncia, mas que são imensamente facilitadas com o mapa que vem na contracapa da edição brasileira - ainda que algumas estações estejam escritas de forma diferente. 

Além das divisões políticas, Artyom encontra com todo tipo de habitantes do metrô com as mais diferentes visões de mundo em que se questiona sempre o motivo de estarem todos ali. Isso ocupa muito mais páginas que os momentos claustrofóbicos que tem a função narrativa de alimentar as dúvidas de Artyom. 

Artyom é um personagem bem construído ao longo do livro, assim como o mundo onde vive. Existem excelentes cenas de ação, mas se a expectativa for por grandes doses disso (como encontra-se no jogo) o leitor se decepcionará, porém se o leitor conseguir mergulhar na parte filosófica da viagem, vai conseguir aproveitar até o final.

A edição lida para a resenha é a da Planeta do Brasil. Com 416 páginas, com uma capa bem fiel ao original russo. Vem com um mapa da estação que ajuda muito para acompanhar a leitura.
p.s. Existe um sítio muito interessante sobre as sequências da obra (Metrô 2034, Metrô 2035 e várias obras paralelas) que infelizmente não tem previsão para retornar ao Brasil. http://www.metro2034.org/

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