quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Resenha #37 – A Rosa dos Ventos (Ursula K. Le Guin)

[SEM SPOILERS]
A Rosa dos ventos (The compass rose) é uma coleção de contos de Ursula K. Le Guin que saiu em 1982 pela Europa-América, editora de Portugal. Ela combina contos de Fantasia, Ficção Científica e  ficção não-fantásticos em situações cotidianas, mas sem perder o tom intimista e profundo nas estórias.


Os contos são agrupados e nominados com pontos cardeais (Nadir, Norte, Leste, Zênite, Norte e Sul) mas não ajudam a saber quando a estória será uma FC passada num planeta distante, uma pacata casa de família no Oregon ou um encontro entre um unicórnio e uma jovem indiana. Isso pode decepcionar quem busca ver a Úrsula Le Guin da Fantasia e/ou da FC pois estes gêneros não aparecem tanto.
A edição em português lusitano (só chega ao Brasil de paraquedas mesmo) pode prejudicar a imersão em algumas estórias para quem não está acostumado. Mesmo procurando no dicionário sinônimos para algumas palavras, alguns contos simplesmente me escaparam a compreensão. 

Como faço com os livros de contos, vou selecionar os cinco que mais gostei e quem leu pode comentar outro que gostou e ficou de fora.

SQ – Uma secretária relata sua experiência trabalhando na ONU. Um conto com bom enredo que mantêm um certo suspense até o final. Me pergunto se a autora já leu “O alienista” do Machado de Assis.

O diário da rosa – A estória se passa num futuro próximo onde os pacientes psiquiátricos são analisados com um pscicoscópio, um aparelho que expõe a psique humana em gráficos analisáveis. A estória é contada nos registros de uma doutora.

O olhar a mudar – Num futuro onde a Terra colonizou mais vários planetas de vinte planetas, em uma delas, que orbita a estrela laranja NSC-641, acompanhamos Mirian uma enfermeira da pequena e recente colônia. Ela cuida dos não adaptados ao planeta, mesmo com os comprimidos que ajudam o metabolismo dos colonos as proteínas produzidas no planeta. Os doentes, incapazes de acompanhar o ritmo do trabalho dos colonos, são artistas e é por conta da arte de Genady que tudo vai mudar. Considero o melhor conto do livro.

Os caminhos do desejo – Um grupo de etnógrafos da Terra, aparentemente indianos, Ramchandra, Tamara e Bob, estão numa lua do planeta Uper do sistema Yadir convivendo com os Ndiff uma sociedade muito simples, organizados quase como uma manada, mas que na sua língua é estranhamente parecida com o Inglês. É ótimo ver  real e o irreal na narrativa de Le Guin. (O conto que parece fazer parte do ciclo Rainnish) Foi indicado ao prêmio Nebula como melhor Noveleta.

Sur – O conto é uma carta com lembranças de uma mulher de em uma expedição ao Polo Sul, na Antártida que fez com mais oito mulheres entre os anos de 1909-10. O conto fecha muito bem o livro e mostra que as estórias de Le Guin valem mais pelo caminho percorrido que pelo final.

Para além dos meus cinco preferidos farei também uma menção a dois contos: “Autor das sementes de acácia e outros extractos da revista da associação de terolinguistas” e “Algumas abordagens ao problema da falta de tempo”, que aparecem como pequenos artigos cem linguagem científica que fazem uma sátiras ao modo como a ciência vê o mundo.

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