terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Resenha #56 - Vingador do Futuro (Philip K. Dick)

Vamos para outra coletânea de contos de Philip K. Dick, que a exemplo de "Minority Report" também foi lançada na carona de outra adaptação de um conto ao cinema. Desta vez é "Vingador do Futuro". Aqui foi lançada como uma coletânea avulsa de contos mas na verdade trata-se da "The Little Black Box - volume 5 of the collected stories of Philip K. Dick", ou seja, é o 5º volume de uma grande coleção lançado nos EUA. Vamos analisar os contos em separado:

Vingado do Futuro (ou Podemos recordar para você por um preço razoável - We Can Remember It for You Wholesale) É o conto que dá título a coletânea e a inicia. Serviu de inspiração para o filme Vingador do Futuro, que começa apresentando Douglas Quail, um "assalariado de merda" que não tem o tamanho de Schwarzenegger mas deseja ir a Marte. Então, recorre a Rekordações para receber um implante de memória de como teria sido a viagem. Após complicações no procedimento a estória segue um rumo diferente do filme. O conto aborda o que restaria de nossa identidade se pudéssemos manipular as nossas lembranças e experiências de vida.*

A mente alienígena (The alien mind) - Conto bastante curto. Bedford é um piloto espacial de uma nava comercial prestes a atracar no planeta Meknos III. O humor cruel toma conta da narrativa do meio para o fim. Muito bom!

Revanche (Return Match) Joseph Timbane, policial de Los Angeles apreende um fliperama em um cassino ilegal de alienígenas de Io. No laboratório, a máquina mostra um sistema que a impede de perder, nem que tenha de matar o jogar para isso. Philip K. Dick já havia abordado jogos como armas de guerra não-convencional em "Jogos de Guerra" (ver resenha de Minority Report

Não julgue pela capa (Not by its cover) Sr. Handy é um rabugento dono de uma gráfica de livros e fica intrigado com o mistério dos livros que parecem ter vida própria, manifestando-se alterando conscientemente os conteúdos originais dos livros impressos. Isso sempre ocorre quando estão envolvidos na pele de Wub, um animal de Marte. As modificações se dão sempre para defender a vida após a morte. Um significado mais profundo está no texto que veio da terra envolvido na pele de um animal marciano, nos mostrando como uma cultura não pode permanecer pura e nós estamos sempre envolvendo os textos em "peles de Wub" mudando seu significado ao longo do tempo e do espaço. 

A formiga elétrica (The Electric Ant) Gerson Poole, após um acidente, descobre que é uma formiga elétrica, nome pejorativo para androide, porém ele acreditava ser um humano genuíno. É interessante notar que é o caminho inverso do Homem bicentenário de Asimov, um robô consciente de sua condição que luta alçar a condição humana. Já Gerson Poole acreditava ser humano e tem de lidar com sua nova realidade não-humana. Nesse conto, Dick adiantou muitas coisas que seriam tema de "Androides sonham com ovelhas elétricas?". Limites da humanidade e da realidade.*

A pequena caixa preta (The little Black BoxO casal Joan Hiashi e Jay Meritan conhecem uma nova religião, o Mercecismo, que gira entorno da necessidade de empatia como principal valor. Os governos, tanto capitalistas como os comunistas começam a perseguir os adeptos e caçam seu profeta, Wilbur Mercer**. Neste conto temos a visão de religião do autor como um valor perigoso para o Estado. O aparelho que os merceritas usam para contactar seu profeta em rede é o objeto que dá nome ao conto. Este conto se conecta com um romance clássico do autor: "Androides sonham com ovelhas elétricas?". 

* = Estes contos já foram lidos, também, em outra coletânea (Minority Report) resenhada no blog. Então a analise é repetida.
** = Foi daqui que tive a ideia do nome do blog.

Nenhum comentário:

Postar um comentário