segunda-feira, 28 de maio de 2018

Resenha #71 - O Incrível Congresso de Futurologia (Stanislaw Lem)

O Incrível Congresso de Futurologia (1971), é uma Ficção Cientifica escrita pelo escritor polonês Stanislaw Lem, conhecido pela obra Solaris (já resenhada neste blog). Diferente do tom de mistério e solidão de Solaris, nesta obra Lem é extremamente irônico ao retratar a burrice da burocracia e a incapacidade de comunicação e compreensão entre as pessoas. 

A história segue Ljon Tichy, um estudioso que esta para participar do Congresso de Futurologia numa nação da América Central quando uma rebelião no país é deflagrada e Tichy acaba ferido e depois sendo congelado. Acordando mais de um século depois, nos anos 2080, Tichy se vê obrigado a lidar com um novo mundo, cheio de termos novos. Aqui temos uma dimensão da incapacidade de comunicar-se. O mundo tornou-se uma farmacocracia, onde todos se beneficiam do uso de substâncias químicas psíquicas para uma infinidade de usos: ler livros, aprender atividades, informar-se e entreter-se com ilusões sólidas. Contudo Tichy acha que alguma coisa está errada o que o motiva a escrever um relato e é nesta forma que a obra se apresenta. Não há capítulos e as únicas divisões são as partes datadas pelo próprio personagem em um diário, já que outras temos partes soltas de diálogos e grandes parágrafos de explicações.

Apesar da obra ser curta, a falta de divisões e o texto ser muito descritivo, impedem da obra fluir como poderia. Os parágrafos são densos, como já é estilo de Lem, e o peso nas descrições atrapalham a leitura. A obra tem um tom mais leve e satírico no início, com as piadas sobre a Guerra Fria, com as instituições e como elas rapidamente conseguem perder sentido, vão tornando-se densas entre o meio até a revelação final.

A obra tem uma adaptação cinematográfica baseada (Congresso Futurista - 2013), que traz personagens diferentes vivendo em um mundo parecido. O filme se favorece de uma historia mais dinâmica e mais dramática, divergindo da ironia em quase todo o filme. O mundo das drogas estão lá ainda que sem o peso das reflexões apuradas de Lem apresenta no livro. Ambas as obras estão recomendadas, mas principalmente ler o livro antes do filme.

Um comentário:

  1. Legal! eu li este livro e a tradução brasuca está boa. A leitura é boa e depois é só assistir o filme homônimo e entender parte do enredo, mas nunca será a mesma a releitura de ambos...

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