terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Resenha #117 - A Invasão Divina (Philip K. Dick)


"A Invasão Divina" (1981) é a segunda obra da trilogia VALIS de Philip K. Dick, onde ele aplica na forma de ficção os conceitos em VALIS, usando personagens que encarnassem sua forma de enxergar o divino numa ficção científica muito fora do comum.

A história segue Emmanuel, um menino de dez anos que frequenta uma escola especial onde conhece Zina. Uma menina mais velha que guia Emmanuel em sua jornada para sua verdadeira essência. Ele é deus reencarnado para uma batalha do bem contra o mal. Ele foi trazido a Terra por Herb Asher, do distante planeta de metano CY30-CY30B, quando ajudou Rybys a conseguir tratamento para um câncer terminal, enquanto estava grávida de Emmanuel ainda virgem. 

Asher também está em uma jornada própria, após sua chegada a Terra, sofre um atentado no qual Rybys morre e Emmanuel posto em uma escola interna e passa dez anos em estado criogênico. Congelado, mas consciênte Asher reviveu o seu tempo, diversas vezes, nos domos CY30-CY30B de com Rybys desde que é forçado por Elias Tate a ajudá-la até o atentado.

Emmanuel e Zina, representam a divindade conforme a exegese de Horsolver Fat em VALIS enquanto a Asher é obviamente o próprio autor vivendo em camadas de realidade sem saber se existe uma que não seja um simulacro, sofrendo de visões e buscando salvação em sua musa inspiradora. Dick volta a usar de mais literatura e discrição para expor sua exegese usando personagens ao invés de apenas trazer conceitos, como fez em VALIS, o que fez sua visão ficar precisa mas não teve o peso emocional da história da ruína de Horselover Fat. Assim como seu predecessor, continua sendo uma obra que necessita de um conhecimento prévio de teologia, sendo que aqui Dick usa mais a Tora judaica que a Bíblia cristã. Recomendo a obra para leitores avançados em Philip K. Dick ou, ao menos, para quem já leu VALIS para não ficar de fora das referências.  

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