segunda-feira, 17 de abril de 2023

Resenha #281 Jardins Suspensos (Victor Allenspatch)


"Jardins Suspensos" é o primeiro livro da série Dente-de-Leão de Victor Allenspatch. Victor é um autor que trabalha de forma independente e esse novo trabalho é fruto do isolamento da pandemia, afinal são cinco livros, escritos e lançados no fim do ano passado. Não há uma abordagem direta sobre a pandemia mas é impossivel não perceber o isolamento e solidão dos personagens mesmo vendo eles percorrerem a cidade do Rio de Janeiro, mas aqui o isolamento é condicionado pelo uso da tecnologia. 

Acompanhamos Yara e Pedro, que vivem no Brasil do futuro onde grande parte dos problemas sociais estão resolvidos. Há impressoras que imprimem quase tudo que precisamos, mas uma crise de desempregados por causa dessa mesma tecnologia ameaça uma crise em toda a América do Sul (agora um único país). Yara e Pedro são dois dos últimos brasileiros com emprego e se veem sem rumo, em meio a crise que se instaura. Começamos com longos capítulos imergidos no mundo de cada um dos protagonistas separadamente, mas a medida que o mundo como conhecem desaba, os trechos individuais se intercalam cada vez mais até o derradeiro encontro, após quase se esbarrarem várias vezes.

A tecnologia que parece ter resolvido todos os problemas, mas o isolamento parece cada vez maior e a tecnologia de lentes não consegue mais encobrir. Pedro e Yara são jovens que se sentem completamente deslocados e sem propósito. Yara consegue se contectar a natureza e encontra conforto se distanciando de toda a convulsão social que se espalha nos grandes centros, mas Pedro acaba entrando para um grupo de revolucionários bastante típico de histórias Young Adult, onde um pequeno grupo de jovens tem chances reais de "derrubar o sistema", seja lá o que isso signifique. Esta foi a parte mias difícil de me conectar com a história, pois realmente não gostei, mas o drama pessoal de Pedro foi mais recompensador de acompanhar. Sem contar mais sob o risco de spoiler, a história de Yara e Pedro não termina neste livro. Neste ponto também esperava um fechamento de ciclo mais consistente, mesmo para um primeiro volume. Contudo, a escrita é tão boa quanto os outros escritos do autor e o crescimento pessoal dos personagens encontram uma curva satisfatória. Agora é acompanhar o próximo volume, Estaleiro Voltaire.

 

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