segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Resenha #302 Rio 60 graus (Fábio Fernandes)


Rio 60 graus do Fábio Fernandes é o livro 4 da coleção Dragão Mecânico da Draco, que reúne seis obras dos mais variados gêneros de alguns dos melhores autores da nossa ficção científica. Eu tenho a coleção completa, mas preferi começar por Rio 60 graus por ser cyberpunk, meu subgênero favorito, e não me arrependi. A obra é um caminhão de referências, numa escrita leve e descontraída, diálogos muito fluídos e já falei das referências? Então, elas dão um sabor especial a obra. Mas vamos falar disso enquanto falo um pouco sobre a história.

Acompanhamos Raytek, um garoto que tinha habilidades extraordinárias de hacker até fazer uma besteira no serviço e, como punição, ser injetado com algo que lhe retira as habilidades, mas recebe uma proposta de trabalho potencialmente perigosa de um empregador que promete remover o dano que sofreu. É na essência o mesmo enredo do clássico Neuromancer, mas a referência é tão intencional quanto a frase de abertura que faz um jogo de palavras com o início da obra de Gibson. (para quem não lembra: “O céu sobre o porto tinha a cor de uma televisão sintonizada num canal fora do ar"). Outras referências estão nas obras como Nova York 2140 de Kim Stanley Robinson, onde pulsos elevaram o nível do mar submergindo a Zona Leste do Rio de Janeiro e a Baía da Guanabara. As inserções da Colmeia, que lembram seu livro Os Dias da Peste. É até bacana imaginar que as obras fazem parte ora de um mundo, ora de outro, (na minha cabeça ainda não entra o copyright) mas o fato é que se trata de um mundo próprio e bem rico (ou talvez seja parte do mesmo mundo ), e o Rio de Janeiro, tão tecnológico quanto vivo. E tudo isso em pouco mais de cem páginas. O autor já manifestou seu desejo de expandir o mundo construído aqui e eu como bom fã de cyberpunk estou no aguardo.

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